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março de 2025

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março de 2025

NÃO SABIA COMO FAZER AQUILO. Ela pensava assim sobre uma simples tarefa: luvas. Sua primeira corrida na temporada de 2025 estava prestes a acontecer, na Austrália. Diana tinha sérios problemas com ansiedade há muito tempo e no auge dos seus 19 anos não conseguia admitir que era do tipo forte. Seus braços e pernas tremiam violentamente, a boca ressecada em uma velocidade absurda, os dedos não conseguiam executar a mínima tarefa que era colocar a balaclava. 

Precisou respirar fundo. Até isso parecia doloroso, tão brutal quanto uma batida, o incômodo parecia ser muito mais esmagador. Sentia-se patética; fraca. No ano anterior havia tingido os cabelos apenas para afirmar a si mesma que estava mudada. Ainda tentava descobrir se era uma mudança negativa ou positiva. Que piada, ela pensou. 

A entrevista coletiva havia sido relativamente boa. A FIA decidiu voltar com o modelo antigo, onde todos os pilotos ficavam em um palanque alto. Claro que havia uma euforia e expectativa relacionada a ela. Diana sempre assistiu às entrevistas quando era um pouco mais jovem. Agora, participava delas. 

Afundava cada vez mais nas próprias mentiras. Seu reflexo era tão raso quanto um pires, a profundidade de uma piscina infantil. Talvez fosse infantil também, gastando uns bons euros no cabelo. 

Ela havia completado todos os treinos livres no top 5, e a classificação foi relativamente boa: P4. Esse número parecia alcançá-la desde o Grande Prêmio de Miami, no ano passado. Antes, era somente uma garotinha que, por ironia do destino, teve uma oportunidade para participar no lugar do queridinho da Ferrari. Uma menina da academia junior da escuderia italiana. Agora, tinha em posse um contrato multianual na equipe, uma verdadeira profissional — ou ao menos era o que se esperava dela.

Diana não era boba, apesar da pouca idade. Ela tinha ciência da responsabilidade que carregava consigo. O que gostaria que ninguém soubesse era sobre a sua reputação ambígua. Diana tinha a não tão cobiçada fama de ser “suja” na pista, suas corridas eram vistas como perigosas ao longo da última temporada na F2. Era implacável, seus rivais não tinham a menor chance de ganhar. Bem ou mal, a brasileira conquistou a atenção da Ferrari tanto quanto Lewis Hamilton, e garantiu no mesmo ano o seu contato. Conquistou também o bicampeonato para a Prema Racing. Mesmo sendo mulher em um ambiente tão machista, roubou o lugar de Oliver, que teve como prêmio de consolação um contrato na Haas. Uma pena para ele, felicidade para ela. 

Max Verstappen foi declarado campeão do ano de 2024. Somando quatro títulos consecutivos. Apesar disso, a Ferrari levou o campeonato de construtores. 

Diana não sabia o que enfrentaria na sua primeira corrida. A reação da imprensa era mista. Tornou-se princesa do Brasil na primeira notícia oficial que saiu sobre o seu contrato. Era vista como megera e ladra pela mídia monegasca, pois ocupava o assento que antes pertencia ao príncipe de Mônaco. Alguns, no meio do fogo cruzado, optaram pela imparcialidade. Mas era cruel ter tanto machismo destilado na terna idade.

DIRTY DIANA.「 max verstappen 」 Onde histórias criam vida. Descubra agora