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O ESPAÇO ENTRE AS CORRIDAS DA CHINA E JAPÃO era de 10 dias. Mesmo assim, o tempo parecia ter sido resumido em dez horas. Diana mal havia chegado em Paris para uma conferência de investidores quando precisou voltar para a Ásia, ela estava exausta de muitas horas em aviões e fuso-horário confusos. Max estava mais acostumado.

Ambos só foram vistos trocando farpas no segundo treino livre, quando o holandês argumentou que a garota havia atrapalhado a sua volta mais rápida. Diana estava puta de raiva com isso, e disse na entrevista que se Max quisesse passar, ele poderia muito fazer isso, e que estava colocando tanta pressão nela pois o carro da Red Bull não era mais a primeira força do campeonato. Quando Verstappen conseguiu a pole no dia posterior, evidenciou que o carro estava muito bom, e que quaisquer boatos de irregularidade eram apenas “dor de cotovelo” e que Maragno poderia tentar fazer melhor na corrida.

O caos foi instaurado com aquilo, e estremeceu qualquer trégua que eles tiveram no fatídico dia do jatinho. Agora, só restava um questionamento silencioso que reverberou não só pela mídia esportiva, mas também no paddock: Max Verstappen estaria se sentindo ameaçado por uma novata?

Isso seria respondido em Suzuka. 

Diana ganhara um quadro de cerejeira na sexta-feira. Ela sorriu e disse para a fã que foi o melhor presente que recebeu até agora, e fez questão de tirar várias fotos com a mulher. O social media da Ferrari estava frenético, e várias câmeras capturaram o momento.

Nada era orgânico ou feito simplesmente por uma razão genuína. Tudo se voltava para o quanto aquilo ali seria rentável para a imagem do piloto, o quão engajado nas redes sociais, o melhor ângulo, o sorriso mais próximo da autenticidade.

Ela odiava tudo isso. Mas era o seu mundo. Não que não gostasse da atenção dos fãs nem do quanto eles torciam por ela, mas sempre perguntou-se sobre o apelo frenético. No media day, a brasileira usou uma roupa em homenagem à princesa Peach, do jogo da Nintendo, o macacão rosa fazia parte de uma coleção fashion comemorativa da Dior. 

Max achou graça naquilo. Não que ele olhasse com frequência em direção à loira. Longe disso.

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O ato de venncer já não era mais um desafio para Max Verstappen em sua Red Bull. Ele era sangue e fogo, ruína e ascensão ao mesmo tempo. Imortal e pecador.

No lugar mais alto do pódio, todo mundo esperava ver o holandês de vinte e sete anos, que completaria vinte e oito em cinco meses. Às vezes era impossível esquecer que, no auge da vida, o homem alto e forte era um jovem adulto. 

Com seu rosto forte e anguloso, ele não era o mais bonito piloto. Não chegava nem perto. Seu nariz era muito torto e grande demais, a boca carnuda não era tão reta assim, e os olhos eram azuis demais. Ou pelo menos era o que achavam.

Os olhos celestes com o tom mais puro de oceano carregavam ódio e rancor, mas muita energia e sagacidade. Max não era uma pessoa ruim, apenas com momentos ruins. 

Ele mandaria qualquer um ir se foder na maior tranquilidade. Quem diabos iria questionar o talento nato de sua geração, a maior revelação em muito tempo? Colocar amarras nele não surtiria efeito algum. 

Poderiam tentar, expressando regras e medidas que na opinião dele não faziam sentido, e sinceramente nem ligava também. Talvez fosse a idade, ou a compreensão de que a mediocridade não teria o levado até o mais alto escalão do automobilismo.

Ele era amado e respeitado. Odiado e julgado.

Na mesma intensidade que era ovacionado na Holanda, Max também escutava vaias e palavras desdenhosas há muito tempo. Já subira em pódio sendo completamente desrespeitado. Saindo ou entrando no paddock, em seu carro, nos bares e restaurantes. 

DIRTY DIANA.「 max verstappen 」 Onde histórias criam vida. Descubra agora