Capítulo 9

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Não faço a mínima ideia de como cheguei em casa ontem. Eu tenho vagas lembranças de que estava na festa com Milla, enquanto bebia loucamente Absinto, falei com Yago e depois nada lembro.

A ressaca pós bebida está me matando. Minha cabeça lateja e é como se o álcool ainda percorresse as minhas veias. Calço os chinelos e coloco a mão na cabeça, sentindo a mesma a ponto de explodir. Desço as escadas e procuro nas gavetas algum remédio que possa aplacar esta intensa dor, encontro um Advil e engulo com um copo de água.

Olho para o relógio na parede e quase cuspo a minha água.

14:25.

Nunca dormi tanto na minha vida!

Regresso para o meu quarto e começo a me despir, eu preciso de um banho e me livrar dessa aparência horrível que estou agora. Abro o chuveiro e deixo a água gelada percorrer o meu corpo. É como se pouco a pouco, o cansaço e a dor fossem desaparecendo e eu agradeço a isso. Passar o dia inteiro mal por causa de uma ressaca é horrível! De que adianta beber se as lembranças são passageiras? Ao acordar no outro dia, os problemas voltam e ainda te trazem dor de cabeça.

Desligo o chuveiro me sentindo um nível acima e minha aparência, melhor.

Inspiro fundo.

Preciso voltar a viver.

Não quero nem imaginar a reação da minha mãe quando pôr os olhos em mim. Ela jamais me viu bêbeda em toda a minha vida e consequentemente, eu deveria ter um castigo, eu só não faço ideia do que ele possa ser. Apesar de tudo, eu sempre fui ou tentei ser uma ótima filha. Eu poderia estar roubando ou matando, mas não, eu simplesmente fui a uma festa para curtir a vida e esquecer os meus problemas.

Isso é culpa do Yago, eu poderia estar muito melhor se ele não tivesse feito aquilo comigo. Ainda me sinto péssima por ter me envolvido com ele, mais ainda por termos dormido.

Caminho de um lado para o outro pensando no que devo fazer agora, desço as escadas e decido comer algo.

Batman late para mim com a língua de fora e aceno um "olá" para ele.

Meu bruch* é um sanduíche e suco de abacaxi, já o de Batman é ração com pedaços de carne, que é seu petisco favorito.

Nós nos sentamos na cadeira ao redor da mesa e ele me encara como quem perguntasse: "você está bem?"

— Não Batman... minha cabeça dói, mas eu me sinto melhor. Obrigada — mordo meu pão. — Entenda que eu precisava me divertir. Apesar de tudo, foi bom...

Ele em encara com a língua de fora.

— Não me pergunte o que eu fiz, eu não lembro. Mas... e você? O que você fez de bom?

Ele come a ração no seu prato.

— Parece ter se divertido.

A porta da entrada principal se abre. E meus pais e Bernardo entram com as compras nas mãos.

Minha família é tão linda, por que justo eu tenho que estragar esta imagem?

— Bella! — minha mãe exclama.

Eu estremeço.

— Sim...

Ela entra na cozinha e me encara por trás dos óculos escuros.

— Você tá de pé, que bom...

Eu não consigo distinguir se ela está brava ou simplesmente passando por cima do conflito que eu mesma criei.

— Sinto muito — me encolho na cadeira.

Minha mãe cruza os braços me encarando.

— Nunca mais faça isso!

Antes de você. Vol 1 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora