Capítulo 1

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Eu só conseguia sentir as pontadas em minha têmpora, evidenciando a forte dor de cabeça que eu estava sentindo. Então, abri os olhos e não reconheci o teto. Mal dava para ver o que estava à minha volta e demorou alguns segundos para eu perceber o peso de uma perna atravessada sobre mim. Onde eu estava?

O ambiente estava escuro e desconhecido, os contornos difíceis de distinguir na penumbra. Tentei me mover com cautela, evitando despertar quem quer que estivesse ao meu lado. Uma sensação de desconforto crescente se misturava à minha confusão. Como eu havia chegado ali? E quem estava comigo?

As perguntas ecoavam em minha mente, sem respostas imediatas à vista. O ar estava carregado de um silêncio pesado, interrompido apenas pelo som abafado de minha própria respiração acelerada. Minhas mãos buscaram freneticamente por pistas, qualquer indício que pudesse me orientar. Era como se eu tivesse acordado em um enigma, com cada detalhe ao meu redor parecendo uma peça fora do lugar.

Eu enfiei os meus braços por debaixo da coberta, e apenas constatei o óbvio: estávamos sem roupa. Isso significava que possivelmente havíamos transado, mas será que eu me protegi? Será que fizemos algo ou apenas dormimos bêbados e sem roupa? Tentei me remexer um pouco mais, na esperança de acordar quem quer que estivesse ao meu lado.

A pele quente e macia contra a minha indicava uma proximidade íntima que, agora, parecia desconcertante e cheia de consequências incertas. Meus pensamentos giravam em círculos, tentando reconstruir os eventos da noite anterior. Fragmentos de memórias surgiam como flashes: risos, um barulho distante de música, uma rua movimentada e rostos desconhecidos.

Agora, no entanto, estava ali, na cama, ao lado de alguém cujo nome eu não sabia. O medo e a ansiedade começaram a se misturar à confusão, formando um nó apertado em meu peito. Respirei fundo, tentando encontrar coragem para enfrentar o que quer que estivesse por vir.

Após algumas tentativas frustradas de acordar quem quer que estivesse ao meu lado, desisti e mergulhei em um esforço mental para reconstruir os eventos da noite anterior. Cada lampejo de memória era como uma peça de quebra-cabeça que eu tentava encaixar para entender como havia chegado àquela situação.

Enquanto remexia nas lembranças embaçadas, um desejo secreto ecoava em minha mente: "Tomara que ele seja muito gato e um puta de um gostoso." Era uma espécie de consolo irônico, uma maneira de suavizar a estranheza e a incerteza daquela manhã desconfortável.

Aos poucos, fragmentos de conversas animadas, risos compartilhados e brindes desfocados começaram a se alinhar. Lembrei-me de um bar movimentado, música alta e o toque de um copo contra o meu, celebrando algo que agora parecia tão distante. A imagem de um rosto bonito se formou lentamente em minha mente, acompanhada por uma sensação vaga de familiaridade e curiosidade.

Enquanto eu tentava colocar tudo em ordem, uma voz rouca e sonolenta rompeu o silêncio. "Você está acordado?", perguntou a pessoa ao meu lado, sua voz carregada de sono e algo mais que eu não conseguia decifrar.

Eu timidamente respondi, minha voz saindo mais rouca do que eu esperava. Rapidamente, tentei ajustá-la para parecer menos áspera. "Acordei há pouco tempo", respondi ainda hesitante por não reconhecer a voz que me chamava pelo nome. "Poderia ter me acordado, você deve estar com fome, não é, Bernardo?"

Como assim ele sabia o meu nome? Na penumbra, não conseguia distinguir seu rosto, o que aumentava meu desconforto. Ele continuava a falar com uma gentileza que só intensificava minha confusão. Não era algo que eu fizesse com frequência, aliás, era a primeira vez que me encontrava nessa situação de acordar na casa de um estranho, sem lembrança de como, quando ou por quê havia chegado ali.

O Desconhecido ao Meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora