Assim que o sinal da escola tocou, saí correndo para casa. Mal podia esperar para chegar e conseguir entrar na sala de bate-papo. Já fazia um tempo que estava conversando com Everton. Ele parecia ser um cara incrível e me entendia em todos os níveis. Estávamos marcando de nos encontrar, mas eu ainda precisava pedir dinheiro para minha mãe de uma forma que ela não desconfiasse para o que seria."Cheguei, mãe. Vou precisar de dinheiro para comprar cartolina, tinta e uns outros materiais para um trabalho da escola. Você pode comprar ou eu dou o dinheiro para Rebeca e ela compra, assim a senhora não precisará ir atrás dos materiais."
"Eu queria que você tirasse notas melhores do que você me pede dinheiro. Não sei para que pago essas coisas para você. Seu trabalho nunca tira um dez e você sempre diz que está estudando. Qual é a sua dificuldade em colocar informação nessa sua cabeça?"
"Eu tento estudar, mas quan..."
"Pega o dinheiro logo antes que eu mude de ideia."
"Obrigado!"
Minha mãe nunca deixava eu me explicar. Tudo para ela era mera desculpa. Eu já estava tão acostumado com aquele discurso que nem me importei dessa vez. Só precisava do dinheiro mesmo.
Acabei indo correndo para o quarto para ligar o computador. Precisava falar para Everton que consegui o dinheiro e que poderíamos nos encontrar mais tarde.
"Oi, consegui o dinheiro. Vou conseguir te encontrar. Me fala que horas e onde."
"Maravilha, eu já ia me oferecer para te dar o dinheiro. Por mim, não teria problema. Pode me encontrar no metrô umas duas horas?"
"Vou dar um jeito e te encontro. Vou me arrumar."
Após sair do banho, liguei para a casa da Rebeca com pressa. Precisava que ela me cobrisse caso minha mãe decidisse ligar procurando por mim. O telefone continuava a tocar enquanto eu pensava no que esperar do meu encontro com meu "amigo" virtual. Finalmente, após vários toques, Rebeca atendeu.
"Amiga, se minha mãe perguntar algo, diz a ela que eu vou com você comprar material para o trabalho da escola."
"Que material, Bernardo? Nem temos trabalho para fazer."
"Reh, só faz isso por mim, por favor."
"Só se você me falar o que você vai fazer que sua mãe não pode saber."
Acabei contando quase toda a história para Rebeca, explicando os detalhes do meu plano e onde seria o encontro por segurança.
Estava agora no metrô, aguardando Everton. Um turbilhão de emoções passava pela minha cabeça enquanto observava ao redor, constantemente verificando se algum conhecido poderia me avistar naquela situação.
"Bernardo...?"
Um cara muito mais velho do que eu me chamou. Eu olhei tentando identificar de onde eu o conhecia e como ele sabia meu nome.
"Me chamou?"
"Sim, eu sou o Everton."
O cara tinha o dobro da minha idade e não se parecia absolutamente nada com as fotos que ele havia enviado. Eu simplesmente travei e comecei a gaguejar, pensando em como eu iria sair dali. Pensei em correr, mas fiquei com medo de chamar a atenção de muita gente e alguém chamar a polícia. Só imaginava minha mãe chegando ali e eu tendo que explicar para ela que fui encontrar um homem.
Eu ainda estava sem reação e agora com medo de toda aquela situação.
"Vamos sair daqui, está muito barulho e tem muita gente", ele disse segurando meu braço.
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O Desconhecido ao Meu Lado
RomanceO Desconhecido ao Meu Lado é mais do que uma biografia literária; é um convite para explorar o inexplorado, para abraçar o desconhecido com curiosidade e coragem. É através dessa jornada que descobrimos não apenas os outros, mas também a nós mesmos...