Capítulo 7

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Escolhi meu melhor sorriso para abrir a porta e receber Lucas. Ele estava impecável, com uma jaqueta jeans preta sobre uma camisa cinza e calças skinny preta. Seu estilo era casual, mas ao mesmo tempo sofisticado, e eu me senti um pouco arrependido por ter optado por uma roupa tão simples. Convidei-o para entrar, guiando-o pela sala enquanto apresentava os cômodos como um guia turístico. Nosso apartamento, mesmo que ainda novo para nós, já tinha adquirido a atmosfera de lar. Rebeca era a mestra da decoração, e eu deixava minha opinião apenas para casos de peças decorativas peculiares ou bagunça. Nossos gostos se alinhavam: tons claros e acolhedores, móveis escuros e iluminação suave criavam o ambiente perfeito para nós dois, nosso sagrado espaço.

Sentei-me ao lado de Lucas no sofá, mas o desequilíbrio nos aproximou mais do que eu havia planejado, criando uma proximidade que intensificava a tensão entre nós. Estávamos tão perto que qualquer movimento involuntário resultaria em contato físico inevitável. Uma aura de tensão, ansiedade e desejo começava a se formar, embora ainda não tivéssemos trocado palavras significativas. Era como se ondas de eletricidade percorressem o espaço entre nós. Decidi quebrar o silêncio.

"Estive pensando em você esses dias", murmurei, meus olhos encontrando os dele em busca de uma resposta.

"Eu também pensei em você, mais do que deveria admitir", ele respondeu suavemente, seus olhos brilhando com sinceridade.

A confissão de Lucas provocou uma adrenalina tão intensa que me impeliu a agir sem pensar. Antes que ele pudesse continuar, inclinei-me e o beijei. O toque inicial de nossos lábios foi suave, mas cheio de significado, cada movimento revelando a maciez e a familiaridade que havia sido esperada por tanto tempo. Lucas pareceu surpreso no início, mas logo correspondeu com ternura, seus lábios se movendo em harmonia com os meus.

Nossas mãos se encontraram naturalmente, como se tivessem encontrado seu lugar de direito depois de uma longa jornada. Aquele momento parecia transcender o tempo, o espaço ao nosso redor desaparecendo enquanto nos entregávamos ao desejo que havia sido reprimido por tempo demais. Entre os beijos, nossas respirações se misturavam, criando um ritmo único que parecia nos guiar em direção a algo mais profundo.

Nossa bolha foi estourada abruptamente com o som forte de uma porta se fechando. Enquanto me desvencilhava dos braços de Lucas, meu olhar foi em direção à porta e pude ver Rebeca, com uma expressão furiosa. Comecei a me explicar, mas ela não quis ouvir. Lucas tentou se apresentar com naturalidade, mas Rebeca continuava ríspida, criando um desconforto palpável na sala. Eu só conseguia observar Lucas pegando sua jaqueta, se despedindo e indo em direção à porta, enquanto eu ainda tentava processar toda aquela cena. "O que houve de errado?" Rebeca não costumava agir assim com as pessoas, mas desta vez ela parecia ter ido um pouco longe demais...

Assim que Lucas fechou a porta, comecei a me desculpar com Rebeca. Apesar de morarmos juntos, não havíamos estabelecido regras sobre trazer pessoas para casa, e várias vezes ela havia trazido seus "ficantes" sem que eu me importasse.

"Rebeca, o que foi isso?"

"Bernardo, desde quando você conhece o Lucas?"

"Olha, isso é uma longa história e posso te contar em outro momento. Mas você pode me explicar qual foi esse comportamento com ele? E desde quando você sabe o nome dele?"

"Bernardo, você nunca me falou dele, e obviamente eu sei o nome porque ele é o dono do bar onde sempre vamos."

"Dono? Lucas não me disse que era dono do bar", pensei, surpreso. Apesar de termos passado aquela noite juntos, não me lembrava dele mencionando esse detalhe. Fiz uma nota mental para perguntar a Lucas sobre isso mais tarde, embora não fizesse muita diferença para mim se ele fosse dono ou não.

O Desconhecido ao Meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora