Eu ponderei profundamente minhas emoções enquanto abraçava Lucas. Após nos despedirmos do pessoal no bar, fomos para o apartamento dele, que estava preparado de uma maneira extremamente confortável e íntima. O ambiente criado por Lucas proporcionava um clima especial de cumplicidade, afeto e carinho entre nós. Eu podia ver a malícia em seu olhar, um sorriso com um leve tom de perversidade que, estranhamente, não me deixava rígido ao seu toque, mas me inquietava intensamente pelos pensamentos que me assolavam. Era como se eu pressentisse que ultrapassar aquele limite que eu mesmo impus traria consequências indesejadas.Dormir envolvido em seu abraço me fazia sentir incrivelmente seguro. Com mais de um metro e oitenta de altura, Lucas parecia me aninhar e me proteger completamente com seu corpo. Era reconfortante sentir seu peso sobre mim, como se ele estivesse me protegendo de todo o perigo, mas aquela madrugada sobrecarregou os meus pensamentos e em muitos momentos eu acordava assustado e me aninhava ainda mais nos braços de Lucas.
Compartilhar um dos meus traumas com Lucas fez com que uma parte de mim se sentisse aliviada. No entanto, outra parte começou a questionar se aquele tinha sido o momento certo para revelar tanto sobre mim. A verdade é que, sempre que Lucas me olhava com aquele olhar malicioso e voraz, meu coração disparava. Eu sabia que podia confiar nele, mas ainda não estava completamente seguro de mim mesmo para dar o próximo passo.
Aquele manhã começou tensa, mas com o passar das horas ao lado de Lucas, comecei a me sentir mais leve. Percebia o olhar analítico dele sobre mim, como se eu estivesse descalço em um lugar cheio de cacos de vidro. Gentilmente, eu sorria e tentava expressar que estava tudo bem. Lucas me levou para o trabalho; havia poucas coisas a serem feitas naquele dia, mas ainda assim precisava estar lá.
Assim que entrei no andar, me deparei com o diretor do escritório, que parecia me odiar desde que comecei a trabalhar naquele lugar. Sempre monossilábico, vigilante e grosseiro comigo, recusava todos os meus cafés. Quando me pedia algo, era olhando profundamente nos meus olhos, como se estivesse vendo através de mim. Mal sabia o seu nome, e jamais perguntaria a alguém. Não queria mostrar preocupação, então apenas executava minhas tarefas.
Estávamos sozinhos no escritório. Fui direto para a cafeteira passar um café, e me perguntava se ofereceria ou não para ele. Apesar de sempre recusar, eu não queria parecer insolente. Assim que estava preparando os processos da máquina para preparar o café, senti a presença dele ao meu lado. O clima ficou seco e pesado.
A presença dele me intimidava, e agora eu estava ali com ele, como se fosse um desconhecido ao meu lado. Virei-me calmamente e, com voz insegura, ofereci café.
Ele olhou para mim com aquele mesmo olhar penetrante, e por um momento, pensei que recusaria novamente. Mas para minha surpresa, ele aceitou. Sua expressão não mudou, mas algo no ambiente pareceu relaxar um pouco. Enquanto eu servia o café, senti um misto de alívio e curiosidade sobre o que ele pensava de mim o que justificaria tanta grosseria vinda da parte dele. Terminamos o café em silêncio, e ele se afastou sem dizer uma palavra, deixando-me com a sensação de que algo importante havia acontecido naquele breve momento de interação.
Continuei com minhas tarefas, tentando não me deixar abalar pela presença imponente do diretor. Lucas sempre dizia para não deixar que os outros afetassem meu estado de espírito, mas era difícil não sentir a pressão constante daquele olhar avaliador sobre mim.
Enquanto passava pelas mesas recolhendo pastas etiquetadas para arquivar, cheguei à mesa do diretor, mas antes que eu pudesse pegar a pasta, ele a puxou em sua direção, não me dando tempo para uma reação rápida. Tentei sustentar meu olhar para ele, mas redirecionei assim que notei que ele já estava me olhando como um investigador tentando decodificar minha expressão corporal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Desconhecido ao Meu Lado
RomanceO Desconhecido ao Meu Lado é mais do que uma biografia literária; é um convite para explorar o inexplorado, para abraçar o desconhecido com curiosidade e coragem. É através dessa jornada que descobrimos não apenas os outros, mas também a nós mesmos...