Capítulo 5

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Meu segundo dia na empresa foi um verdadeiro desafio. Além das tarefas habituais de tirar xerox de documentos, fui solicitado pelos advogados para imprimir arquivos diretamente do servidor. No entanto, ao acessar a pasta, deparei-me com uma verdadeira montanha de subpastas e arquivos — era uma verdadeira confusão de diretórios e documentos.

Para alguns colegas, pedi um passo a passo sobre como localizar os arquivos nos sistemas. Alguns foram compreensivos e me ajudaram pacientemente, reconhecendo que eu ainda estava aprendendo. No entanto, outros simplesmente gesticulavam com frustração e respondiam de maneira seca: "Deixa que eu pego".

Essa situação me mostrou o quão complexo pode ser o ambiente de trabalho e como as pessoas reagem de maneiras diferentes diante de um novato como eu. Passei o meu dia de um lado para o outro, entregando arquivos, pegando mais arquivos, servindo café para os advogados e até mesmo indo buscar algumas encomendas na recepção. A sensação era de estar sempre em movimento, tentando acompanhar o ritmo frenético do escritório de advocacia.

Um dos advogados, que também era diretor, parecia realmente me odiar. Desde o meu primeiro dia, suas expectativas eram altas e eu tentava me empenhar ao máximo para corresponder. No entanto, tudo que eu fazia parecia não estar à altura do que ele esperava. Cada tarefa que eu realizava era alvo de críticas ásperas e expressões de desaprovação por parte dele. Sentia-me constantemente sob pressão e observação intensa sempre que ele estava por perto.

Até o momento, eu não havia feito nenhum amigo ou colega de trabalho na empresa. Parecia que todos estavam em um patamar superior ao meu, e eu passava tão despercebido quanto os e-mails de propaganda que se acumulavam na caixa de entrada. Minha tentativa de me integrar era como remar contra a correnteza, enfrentando a indiferença e a falta de conexão com as pessoas ao meu redor.

No final do expediente, o diretor me fez uma última solicitação: buscar um livro na biblioteca. Curiosamente, ele era um dos poucos que ainda consultava livros físicos, o que facilitava para mim, pois a biblioteca estava devidamente catalogada. Assim que eu voltei para a sala dele e entreguei o livro, ele perguntou:


"Qual é o seu nome, filho?"

"Bernardo, Dr."

"Faz tempo que você está aqui no escritório?"

"Comecei ontem, Dr."

"Como está sendo para você trabalhar aqui?"

"Tenho gostado muito! Percebo que é de muita importância e responsabilidade tudo que se trabalha aqui".

"Sabe, meu filho, quando eu comecei a trabalhar aqui, eu era como você, até um pouco mais atrapalhado. Um dos fundadores parecia me odiar. Observei você indo de um canto para o outro hoje, mas não parecia tão perdido quanto os outros que já passaram por aqui".

Ouvi atentamente as palavras do diretor, sentindo um misto de alívio e encorajamento por receber um feedback positivo de alguém tão experiente na empresa.

Por fim, ele me desejou boa noite e eu segui o caminho de volta para casa. O peso do dia cansativo começava a se dissipar à medida que eu caminhava pelas ruas movimentadas de volta ao meu apartamento no centro da cidade. Cada passo era um alívio, sabendo que tinha sobrevivido ao segundo dia naquele ambiente desafiador.

Cheguei em casa e encontrei Rebeca na cozinha, preparando algo para o jantar. Ela virou-se para mim com um sorriso gentil, como se pudesse sentir toda a tensão do dia refletida em meu rosto.

"Como foi o dia, Bernardo?", perguntou ela, colocando uma panela no fogão.

"Intenso, para dizer o mínimo", respondi, tirando a gravata com um suspiro de alívio. "Passei o dia correndo de um lado para o outro, aprendendo na marra como tudo funciona."

O Desconhecido ao Meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora