Capítulo 4

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Segunda-feira sempre foi um dia corrido para mim. Costumo listar todas as minhas obrigações do dia em uma folha para não esquecer de nenhum compromisso importante. Às 8 horas, tinha um compromisso marcado com o dentista. Às 10 horas, precisava passar no shopping para pegar o livro que havia reservado. Às 11 horas, era o momento de ir à empresa entregar alguns documentos pendentes. Às 13 horas, o curso de inglês estava agendado para fechar a matrícula, e às 16 horas, uma visita ao cartório era essencial.

Para piorar a situação, meu corpo estava cansado e debilitado pela ressaca do dia anterior. Toda vez que fechava os olhos, as lembranças de Lucas surgiam vividamente em minha mente. A festa, seus cuidados, a confusão com o intruso no bar, e, por fim, acabamos juntos na mesma cama, dormindo sem roupas. Nada havia acontecido além disso, mas os sentimentos que aquilo despertou em mim eram complexos e intensos.

Ao me levantar da cama naquela manhã, senti o peso da noite anterior sobre meus ombros. Não conseguia tirar Lucas da minha cabeça. Seus olhos preocupados, seu toque gentil enquanto cuidava de mim, tudo isso ecoava em minha mente enquanto eu me preparava para encarar mais um dia agitado.

No caminho para o dentista, as ruas movimentadas pareciam um borrão enquanto minha mente revisitava os momentos que compartilhamos. Suas palavras tranquilizadoras, sua presença reconfortante, tudo aquilo mexia comigo de uma forma que eu ainda não conseguia entender completamente.

Cheguei ao consultório do dentista e tentei me concentrar nas instruções do profissional de saúde, mas meu pensamento continuava voltado para Lucas. A voz do dentista era um zumbido distante, enquanto eu tentava racionalizar o que estava acontecendo comigo.

Depois da consulta, fui ao shopping para pegar o livro que havia reservado. Enquanto esperava na fila da livraria, peguei meu celular e olhei distraído para as mensagens, meio esperando uma notificação de Lucas. Nada. Ele não havia entrado em contato desde aquela noite.

Os compromissos seguintes passaram como um borrão. Entreguei os documentos na empresa, fechei a matrícula no curso de inglês, e fiz o que precisava no cartório. Em cada um desses lugares, me peguei olhando em volta, esperando vê-lo de alguma forma, como se ele pudesse aparecer a qualquer momento.

À medida que o dia avançava, meu corpo cansado e minha mente inquieta lutavam para encontrar um equilíbrio entre as responsabilidades diárias e a confusão emocional que Lucas havia desencadeado em mim. Cada momento livre era preenchido com pensamentos sobre ele, sobre o que aquele encontro significava e para onde poderia nos levar.

Agora, enquanto me sento no final do dia, refletindo sobre tudo o que aconteceu, percebo que não posso escapar da verdade: Lucas mexeu comigo de uma maneira que nunca experimentei antes.  Ainda não havia encontrado Rebeca em casa para conversar sobre a noite anterior. Nós dividíamos um apartamento no centro da cidade de São Paulo. 

Escolhemos esse apartamento por ser de fácil acesso a qualquer parte da cidade, o que fazia muito sentido para Rebeca, já que ela cursava Design de Moda e precisava estar integrada à vida urbana movimentada. Para mim, que passava por um momento difícil na vida morando sozinho, equilibrando pratos e contas, a proposta de dividirmos o aluguel foi um alívio imenso. Eu estava esgotando minhas opções e recursos para manter um teto sobre minha cabeça, e quando Rebeca sugeriu a ideia, quase comecei a chorar de alívio.

Desde que começamos a compartilhar o apartamento, a vida ficou um pouco mais leve. Rebeca trouxe uma energia positiva para o ambiente e se tornou não apenas minha colega de apartamento, mas também uma amiga próxima. Ela entendia minhas dificuldades e sempre estava disposta a ajudar e apoiar no que fosse preciso.

Enquanto eu refletia sobre tudo isso, percebi que precisava conversar com Rebeca sobre Lucas e sobre como ele havia mexido comigo. Ela sempre foi uma ótima ouvinte e tinha um jeito de dar conselhos que faziam sentido para mim. Sabia que poderia contar com ela para me ajudar a navegar pelas complexidades dessa nova situação em minha vida. Resolvi mandar uma mensagem para Rebeca avisando que gostaria de conversar quando ela chegasse em casa.

O Desconhecido ao Meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora