Capítulo 10

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No outro dia pela manhã acordei com todos os meus músculos doloridos. Pensei várias vezes em desmarcar a corrida com o Barry, mas eu sabia que evitar aquelas dores era pior. E ir trabalhar daquele jeito seria horrível, a corrida pelo menos aqueceria meu corpo.

Barry passou na frente da minha casa pontualmente às 7h. Caminhamos até uma praça mais próxima e fizemos vários exercícios de alongamento.

Eu conseguia sentir cada um dos meus músculos rígidos do treino anterior, mas tentei distrair pensando em outra coisa.

-Cadê a sua namorada? Ela não gosta de correr? -perguntei lembrando que ele nunca fala da Iris.

-Ela gosta, mas... nós não estamos muito bem. Ela pediu um tempo.

-Wow. Sinto muito. Me desculpa ter perguntado.

-Não, imagina. Tá tudo bem. Eu tô me esforçando pra mudar isso. Nós dois estamos juntos desde a adolescência. Eu gosto de pensar que é só uma crise.

-Nossa, é bastante tempo mesmo. Eu não sabia. Vocês eram amigos de infância? -até tentei não entrar muito no assunto, mas a minha curiosidade era maior.

-Isso. -Barry respondeu dando um longo suspiro antes de continuar. -Nossos pais eram quase irmãos, eles trabalhavam juntos e nós nos conhecemos assim. Quando eu perdi os meus pais eu fui morar com eles, e passei muito tempo com vergonha de me declarar pra Iris. Eu tinha medo que o Joe achasse que eu tava desrespeitando ele ou a filha dele dentro da própria casa. Então assim que eu fiz dezoito anos eu consegui um emprego, aluguei uma casa e pedi oficialmente a Iris em namoro. O Joe disse que já sabia que a gente namorava escondido, mas que sempre entendeu minhas intenções. E que estava feliz por nós dois.

-Ele parece ser um ótimo sogro. -fui sincera.

-Com certeza. Ele é meu sogro e pai ao mesmo tempo. -Barry sorriu com carinho.

-E como ele tá com esse "tempo" de vocês?

-Ele meio que não sabe ainda. Mas o Joe é esperto. Com certeza ele percebeu que não estamos muito bem.

-Entendi. Às vezes eu fico pensando. Se meu pai fosse vivo, ele também seria um ótimo sogro. Ele iria amar a Kelly e eu... enfim. -finalizei desistindo do assunto, mas Barry era tão curioso quanto eu.

-O que? Você o que? -ele perguntou.

-Nada não. Deixa pra lá.

-Sério que você não vai me contar a fofoca completa? Eu te contei toda a minha história. E eu sei guardar segredos. Juro.

-Tá bom... é só que... -dei uma pausa antes de falar aquilo em voz alta pela primeira vez e depois só desabafei. -As vezes eu fico pensando que seria muito bom apresentar a Lena pra ele, sabe... como namorada.

-A sua amiga? Você gosta dela?

-Gosto. Mas é tudo tão recente. A gente tá se conhecendo ainda. Mas eu não paro de pensar na minha vida com ela. Parece que agora qualquer coisa sem ela vai perder a graça.

-Eu sei exatamente do que você tá falando. É desesperador.

Barry mostrou um sorriso tão forçado e triste que meu coração apertou. Ele é ótimo em disfarçar a dor, porque ele tava sofrendo e ninguém percebia.

-Eu realmente espero que tudo se resolva, tá?! -disse com sinceridade tocando seu braço. -Vocês dois tem uma história linda. Eu não sei o que tá acontecendo entre vocês, mas conversem, conversar sempre ajuda.

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