Capítulo 16

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Quando acordei no outro dia, eu estava sozinha dentro da barraca, o cheiro da Lena ainda estava em mim e eu respirei fundo antes de sair dali. Minha mente repassava tudo após o beijo e parava fixamente na forma como ela me abraçou pra dormir.

Aquilo tudo era um quebra-cabeça incompleto e eu não sabia mais por onde continuar.

-Ei, o café da manhã tá pronto. Vamos? -ouvi a voz da Lena me chamar enquanto eu me espreguiçava na frente da barraca.

Virei para olhá-la e ela estava usando um shorts marrom e uma blusinha de alça branca, seus cabelos estavam soltos e ondulados e ela parecia ainda mais linda naquela hora da manhã. O verde esmeralda de seus olhos eram os mais claros que já vi e sua heterocromia muito mais nítida.

-Okay. -respondi.

Lena me fitou por eu ainda continuar parada igual uma estátua em sua frente, mas meu cérebro repassava tudo milhares de vezes e eu não conseguia pensar em nada construtivo.

-Se quiser, eu te espero trocar de roupa. -ela falou.

Olhei pra mim mesma reparando o pijama no meu corpo e corri pra me trocar. Eu não consegui falar nada ou lhe dar alguma resposta, então só entrei e troquei de roupa.

Depois da minha rotina matinal, vesti algo leve como a Lena estava usando, soltei meus cabelos e apoiei algumas mechas atrás da orelha. Cheguei no salão onde tinha uma mesa com várias comidas e começamos a nos servir em silêncio.

Eu não estava evitando a Lena. Juro que não. Eu só não conseguia falar nada.

Nós duas nos sentamos à mesa e eu comecei a beliscar algumas coisas. Lena encarou sua comida, olhava pra pessoa que tava organizando o salão e depois me olhava.

Comecei a perceber que ela estava um pouco desconfortável então resolvi perguntar.

-Voce tá bem?

-Hmm. Você topa levar essas comidas lá pra fora? Tipo um piquenique?

-Agora?

Ela sinalizou que sim com a cabeça e eu concordei.

Separamos várias comidas diferentes, pedimos uma toalha emprestada e fomos pra baixo de uma árvore um pouco depois do espaço do acampamento.

O vento e a sombra eram refrescantes e o ar puro acompanhado do canto dos pássaros parecia um sonho de tão bom. A grama recém cortada exalava um aroma forte, mas não era ruim. Só era diferente de qualquer lugar de um centro urbano.

Sem perceber que eu estava imersa naquelas sensações, ouvi a voz da Lena me despertando e me trazendo de volta.

-Kara, eu... eu te chamei aqui porque quero conversar com você sem outras pessoas ouvindo.

-Sobre o que você quer conversar?

-Sobre as minhas reações ontem. Eu sei que te deixei confusa. Mas é muito difícil pra mim falar sobre isso. Eu juro que não queria te envolver em nenhum drama, nem te encher com os meus problemas, mas, eu também não queria que você saísse daqui sem saber que eu sou muito apaixonada por você.

Deixei um riso involuntário escapar, mas de forma alguma era um deboche ou algo parecido. Era puro desespero.

-O que foi? Você não acredita em mim? -ela perguntou.

-Essa não é a questão, Lena. É que eu sei que essa frase que eu tanto quis ouvir vai vir acompanhada de um enorme "mas". Você literalmente chorou quando a gente se beijou, como se eu te fizesse mal...

-Você não me faz mal, Kara. Muito longe disso. A questão é que... eu saí de um relacionamento não tem muito tempo.

-Não tem muito tempo... quanto exatamente? -minha curiosidade era inegável.

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