Capítulo 22

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No dia seguinte, eu acordei sem energia alguma pra nada, fui trabalhar, mas a Grant não apareceu durante o dia inteiro, então o artigo da Andrea que ainda precisava de sua aprovação, continuou em espera.

Também não achei tão ruim, só de lembrar da Grant vinha a imagem dela com a Lena na minha cabeça, então vê-la pessoalmente com certeza não ajudaria em nada.

Além disso, meu celular estava cheio de mensagens do Barry me pedindo desculpas. Mas, nenhuma da Lena. Se antes ela já evitava falar comigo, nem dava pra imaginar como seria agora.

Fingir que problemas não existem nunca foi o meu perfil. Mas o que eu deveria fazer? Eu não queria conversar com nenhum dos dois, eu estava cansada, triste, e decepcionada demais pra perdoar alguém. O que eu queria mesmo era socar qualquer coisa pra ver se aqueles sentimentos amenizavam.

O mais triste era que eu já estava há meses apaixonada pela Lena, eu desejava fortemente cada toque, cada beijo... mas agora, era como se tudo aquilo tivesse entrado numa zona de amortecimento. Parecia que todos aqueles sentimentos haviam sido brutalmente arrancados de mim. Era como se agora eu estivesse sozinha e vulnerável no lugar mais perigoso do planeta. Mas eu não queria isso, eu não queria aquela posição.

No outro dia antes do almoço, marquei pra ir treinar Muay Thai porque era um horário tranquilo e sem muita gente. Eu sempre ia treinar pela manhã logo cedo ou à noite com o Barry, então a probabilidade de eu me esbarrar com ele e com suas desculpas esfarrapadas seria praticamente nula.

Entrei no vestiário do clube, já sentindo a adrenalina começando a pulsar em minhas veias. Rapidamente troquei a roupa de trabalho por um conjunto de top e calça legging esportiva, ambos em um tom vibrante de azul. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e ajustei as faixas nas mãos que eu usava antes de colocar as luvas.

Antes de sair do vestiário eu me olhei no espelho e me assustei um pouco, eu não parecia alguém pronta pra entrar num ringue. Eu parecia alguém que já tinha saído dele na pior das derrotas. Meu semblante era triste, as olheiras profundas, a postura péssima... nada como deveria ser.

Joguei uma água no rosto me obrigando a sair daquele estado e me alonguei sentindo a rigidez de alguns tendões incomodar. 

Entrei na sala de luta um pouco mais determinada, mas isso durou apenas segundos, eu não queria encontrar com o Barry, mas nem passou pela minha cabeça como seria um pesadelo encontrar os dois juntos. O Barry e a Lena.

Ajustei minha vista pra ver se era aquilo mesmo que eu estava vendo. E automaticamente a pergunta saiu:

-Lena?

-Ei. Oi, Kara. -ela disse com aquele sorriso irritantemente lindo, mas não retribuí.

Dei as costas aos dois pra voltar pra o meu lugar, mas ela continuou falando, então parei novamente.

-Então... Eu sei que a gente precisa conversar. Me desculpa. Mas eu sou péssima nisso.

-Deu pra perceber perfeitamente, Lena. Só não entendi o que você tá fazendo aqui.

-E-eu... eu encontrei o Barry na rua hoje mais cedo e ele deu a ideia de me matricular aqui com vocês.

-Olá! -ele disse envergonhado, mas eu também nem respondi.

Eu vinha evitando sentir raiva porque é um sentimento péssimo que sempre me deixa muito mal, mas não tinha como sentir outra coisa ali.

Eles provavelmente pensam que sou muito idiota pra achar que aquela inusitada amizade dos dois iria me deixar menos decepcionada com eles.

Unexpected LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora