Capítulo 23

82 13 55
                                    


-Você tá delirando? Põe esse elevador pra funcionar agora! -a falsa Lena exigiu quase trincando os dentes.

Peguei a mão daquela mulher que antes estava com o cigarro entre os dedos e cheirei.

-Nicotina. Lena é alérgica. Ela jamais fumaria isso. Por que você tá fingindo ser ela?

-Eu não tô fingindo ser a Lena, Kara. Nunca gostei dessa brincadeira.

-Você me conhece? -perguntei sentindo mais uma vez o meu corpo gelar.

Aquilo era um péssimo sinal.

-Sério, eu não acredito que minha irmã me odeia tanto a ponto de nunca ter falado de mim pra você.

-Irmã? -repeti.

-E você acha o quê? Que eu sou uma clone dela? Uma sósia? Nós somos irmãs.

De repente aquele lugar parecia ainda mais minúsculo e meus pulmões se esforçaram pra conseguir oxigênio.

-Você não vai falar nada? -ela perguntou me trazendo de volta.

-Qual o seu nome? -foi a única coisa que saiu.

-Saskia. Saskia Luthor. A gente se conheceu na festa da Andrea.

-Ai meu Deus. Foi você quem eu beijei! -exclamei, deixando o desespero transparecer na minha voz.

-Prazer. -Saskia sorriu como se algo ali fosse divertido pra ela.

-Você tá de brincadeira, né? A gente tava se pegando naquela sala e você não disse nada!

-Eu não sabia que você tava me confundindo com a minha irmã. Como eu ia saber?

-Meu Deus. Você me fez achar que a Lena tava se drogando.

-Quanto a isso não precisa se preocupar, sua princesa perfeita não usa pó. Ela é tão sem graça que deve ser alérgica a isso também.

-Puta merda! Como eu não percebi a diferença? Isso é... é horrível. -disse sentindo uma angústia forte no meu peito.

-Não parecia tão horrível assim quando você tava tirando minha roupa. -Saskia tinha um sorriso convencido e ergueu uma sobrancelha enquanto falava.

Senti uma lágrima escorrer no meu rosto de ódio e vergonha. E um tapa muito bem dado foi deixado no rosto dela.

-Tá maluca?! -ela gritou segurando o maxilar e depois puxou minha outra mão à força do botão fazendo o elevador voltar a funcionar.

-Lena não sabe que eu tô na cidade. -Saskia falou ainda mexendo no maxilar, mas nem tive a intenção de responder.

O elevador parou em algum andar que não prestei atenção, e várias pessoas olhavam nós duas quando a porta abriu. Eu chorando e ela com uma marca vermelha no rosto.

Sai correndo daquele lugar passando pelas pessoas e não me atrevi nem a olhar pra trás. Eu me sentia tão humilhada, com tanta vergonha de mim mesma, da minha ingenuidade, da minha falta de tato em não perceber que não era a Lena.

Eu queria sumir daquele lugar, daquela cidade, talvez chorar por várias horas seguidas e dormir sem nenhuma perspectiva de acordar tão cedo.

Levei tempo pra ficha cair do que realmente tinha acontecido. Minhas emoções oscilaram drasticamente de raiva, pra tristeza, frustração, vergonha... mas aí lembrei da única pessoa que importava naquilo tudo, Lena.

Lembrei de sua história ao telefone e resolvi procurá-la. Eu simplesmente desliguei na cara dela depois de um desabafo tão duro.

Como eu já estava na rua sem rumo algum por não saber o que fazer, fui até a CBS e pedi pra falar com a Lena. Não me espantou nem um pouco quando me informaram que ela não me deu permissão pra entrar, mas disse que desceria pra falar comigo.

Unexpected LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora