Capítulo 26

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-Filha? Tá tudo bem? Você se machucou? -Lillian perguntou vendo a quantidade de vidro no chão e com certeza não estava entendo nada.

-Eu tô bem, mãe. -Lena respondeu também encarando os estilhaços e pediu desculpas pela bagunça.

-E por que parece que você viu um fantasma? -Lex questionou encarando a irmã e o Sr. Luthor não disse nada, mas obviamente esperava uma resposta.

-Conta pra eles, Lena. Isso já tá fora do seu controle.

-Contar o que? -Lillian insistiu.

Lena me olhou ainda incerta se falaria ou não, mas eu lhe incentivei e não saí de seu lado nem por um segundo.

Ela contou a história até com um pouco mais de detalhes do que eu sabia e foi um momento muito difícil. Lena parecia ter vergonha de cada frase que falava, seus pais pareciam assustados, Lex ficou imóvel e Saskia completamente inquieta.

Nós duas estávamos em pé e eu acariciava as costas da Lena enquanto ela falava. Minha vontade era protegê-la de qualquer coisa, e eu estava ali pra isso.

Eu não tirei os olhos da Lena até que ouvi a primeira pergunta.

-Ele já conseguiu comprar? -Saskia perguntou.

-Não, ainda não. Graças a burocracia. A família do Jack tem várias emissoras de TV em Bollywood, foi assim que a gente se conheceu, em uma das minhas viagens pra lá, mas enfim, comprar mais ações agora seria considerado monopólio. Primeiro eles precisam vender alguma coisa antes de ter mais. Bendita lei dos Estados Unidos. Mas é só questão de tempo até ele conseguir.

-Eu só não entendi porque você ainda não fez nada pra parar esse homem. -Saskia dizia cruzando os braços e encarando a irmã.

-Fazer o que? Conversar não adianta em nada. E todas as mensagens que ele me manda é sempre se vitimizando, dizendo o quanto ele lutou por nós dois sozinho. Eu não posso fazer nada com isso. Se já é difícil pra mulheres que conseguem provar o abuso, imagina pra mim? Que só tenho essas mensagens inúteis. Vocês mesmos sabem como é difícil pra uma mulher vencer uma causa desse tipo. Quantas vocês já conseguiram na carreira de vocês?

Depois de um terrível silêncio, Lex respondeu:

-Duas.

-E as vítimas estavam vivas? -Lena questionou.

Outro terrível silêncio se formou, mas dessa vez nem ele mesmo respondeu.

-Droga. -Lillian disse levando suas mãos ao rosto e seu marido balançava a cabeça em negativo.

-Eu preciso pensar, eu preciso esfriar a cabeça... desculpa. -ele disse deixando a sala.

Lena segurou fortemente o choro e depois de seus irmãos também deixarem a sala, sua mãe disse:

-A gente vai dar um jeito nisso, ok? Não existe a menor possibilidade desse homem vencer essa.

A resposta da Lena foi apenas assentir, mas um alívio me alcançou, e não só pela Lillian oferecer ajuda, mas principalmente pela Lena aceitar.

Ela olhou novamente aquela notícia no seu celular, mas não aguentou nem 10 segundos. Lena respirou fundo bloqueando a tela e guardou em seu bolso.

Nós duas ficamos sozinha e Lena automaticamente passou a mão no rosto pra secar as lágrimas como se precisasse escondê-las de mim.

Na realidade, ela ainda estava absorvendo o fato de que tinha contado tudo pra família, e aquilo com certeza fazia tudo ser ainda mais real. Ela estava visivelmente cansada.

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