Capítulo|12

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O BREVE  PASSEIO das três garotas acabou se tornando numa inesperada viagem. Elas fizeram uma parada rápida em um posto de gasolina que ficava a alguns quilômetros da escola. Por insistência de Becca, precisavam devolver o carro bem abastecido, enquanto Mia estava faminta, como um gremlin antes da meia-noite, e queria comprar um lanche na loja de conveniência.

— Me conta mais sobre você, Leona — pediu Mia, enquanto a conversa fluía sobre garotos e relacionamentos. Elas discutiam a natureza egoísta dos homens, algo com o qual Becca concordava. — Você já namorou alguma vez? Tem algum namorado? — perguntou, distraída, enquanto olhava os preços nas prateleiras.

Leona congelou. De repente, o foco estava nela. Seu cérebro entrou em pane, como um computador que decidiu reiniciar na hora errada. Ela sempre foi naturalmente reservada, e agora estava como um gato em uma loja de vidros, sem saber onde se esconder. Mas as colegas pareciam realmente interessadas, e essa era a sua chance de brilhar! Ou de se enterrar.

— Então, qual é o nome dele? — Mia empurrou levemente o ombro dela, com um olhar curioso e um sorriso travesso.

Ih, rapaz!

Leona queria tanto saber o nome dele também. A verdade é que ela nunca teve namorado e nem sequer saiu com um garoto na vida — era como tentar lembrar o nome de um famoso que nunca ouviu falar. Mas, para se sentir parte do grupo, a ideia de inventar um romance parecia tão irresistível quanto um pedaço de pizza no meio da dieta. Afinal, quem não queria ter uma história de amor, mesmo que fosse mais fictícia que um conto de fadas?

— Charles — Ela respondeu, tentando parecer tão convincente quanto uma atriz de novela das oito.

— Quêm? — Becca, que estava a poucos passos na seção de biscoitos, virou o rosto, como se tivesse ouvido o nome de uma celebridade em uma fofoca bombástica.

Prontos! Leona sentiu um frio na espinha. Estava mentindo, e seu corpo estava dando sinais evidentes disso.

— Ela disse Charles. — Mia afirmou, lançando um sorriso ladino. — Parece que você anda bem apaixonadinha por ele, né? — Brincou. Leona ofereceu um sorriso tímido,que mais parecia uma tentativa de espantar um urso.

Sério, paixão? Essa palavra não fazia parte do seu vocabulário; era como pedir para ela explicar a teoria da relatividade. A ideia de um romance real parecia tão distante quanto uma viagem a Marte.

— Onde ele mora? — Becca pareceu genuinamente interessada.

Leona pensou rápido e respondeu:

— Virgínia. — Ela torcia para que ninguém percebesse a mentira escandalosa; afinal, Charles só existia na sua cabeça, e mesmo lá ele estava de férias.

— Uau, garota você é bem brava pra aguentar um relacionamento à distância. — Mia exclamou.

— É, talvez um pouco. — Leona desejava  que a Terra se abrisse e a engolisse ali mesmo.

— Sério,é messagens pra cá e pra lá,  "me ligue quando estiver livre" , "ai saudade de você",  "quando você vem e outro montes  de blábláblá. Como você aguenta? — Mia a encarou, com um olhar que pedia a receita do sucesso.

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