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COMO UMA SOMBRA que se dissipa sob o sol do meio-dia, toda mentira desaparece quando confrontada com a implacável luz da verdade.
Leona, Becca e Mia não imaginaram que teriam que enfrentar o Detetive Miller novamente. Naquela manhã, ao receberem a notificação para comparecer à delegacia acompanhadas de seus responsáveis, a incredulidade tomou conta delas.
Mia não conseguia pensar em mais nada.
Estavam ferradas.
Muito ferradas.
A sala de interrogatório era tudo, menos um lugar confortável. As paredes, em tons escuros, pareciam se aproximar, e a única mesa no centro parecia um tribunal silencioso, esperando por um veredicto. Um candeeiro pendurado no teto lançava uma luz fraca, mal iluminando o ambiente e criando sombras inquietantes.
Aquele lugar a fazia tremer. Mia mal conseguia acreditar que estava sentada na mesma cadeira que tantas pessoas que haviam cometido crimes. E não, não era um eufemismo; era a realidade crua e assustadora. A ideia de estar ali, naquele espaço pesado com histórias de ilegalidade, a deixava ainda mais nervosa.
A garota de cabelos azuis já havia roído todas as unhas dos dedos — e isso definitivamente não era seu hábito. Sentada na cadeira, que parecia mais um banco de tortura de um filme de suspense, ela se contorcia como se estivesse tentando escapar de um ataque de nervos.
Carambas, onde estava o Detetive Miller?
Ela estava sozinha naquela sala há mais de meia hora. O detetive a deixara lá após fazer algumas perguntas, e agora, Mia se via presa em um turbilhão de pensamentos. Questionava-se incansavelmente se havia revelado algo que pudesse incriminá-las no suposto desaparecimento do carro do idiota do Dustin.
— Droga! — Bufou irritada.
— Deve controlar a língua enquanto estiver dentro desta sala, senhorita Watson. — O Detetive Miller a repreendeu ao abrir a porta. — Entrem. — Becca e Leona entraram logo em seguida.
As três trocaram olhares cúmplices. Becca tentou se comunicar com Mia apenas com o olhar, mas a mensagem era tão confusa que até Netflix teria dificuldades em montar uma legenda.
— Meninas, por favor, sentem-se. — O detetive gesticulou com firmeza. Becca e Leona se acomodaram ao lado de Mia, uma de cada lado.
— O que você falou? — A Loira sussurrou, com um ar de preocupação.
— O quê? Você acha que eu fiz algo errado? — Mia sussurou de volta, Becca não muito convecida,a fulminou com um olhar,
Mia deu de ombros e Leona só encarou as duas sem intender assunto.
— Bom, mocinhas... — A voz do detetive roubou a atenção delas. — Parece que vocês decidiram jogar duro, não é?
— Como assim, jogar duro? — Becca franziu a testa.
— Confesso que estou impressionado. Ver garotas adolescentes agindo como profissionais... — Ele balançou a cabeça, um sorriso irônico se formando em seus lábios.
— Senhor Policial, já disse que não roubamos nada! — Mia protestou, sua frustração transparecendo. Já tinha tentado todas as histórias possíveis para convencê-lo de sua inocência.
— Não acho que esse vídeo contradiga o que vocês me disseram. — Ele então abriu um laptop que ninguém havia notado antes e virou a tela em direção a elas. Com um clique, o vídeo começou a rodar.
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Trio
Teen FictionLeona, Becca e Mia, três adolescentes com vidas aparentemente opostas , se tornam amigas quando menos esperam. Leona, uma garota tímida e introvertida, enfrenta uma mudança drástica ao se mudar para Portland após a morte da mãe. Em uma nova escola...