Chapter Two.

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As fortes e geladas rajadas de vento fizeram Billie encolher todo o seu corpo; em pleno final de outono o frio castigava quase severamente. A garota estava guardando seu crachá em sua bolsa quando suas chaves caíram no chão. Imagine ter que tocar no metal, agora molhado, em pleno nove graus celsius? Sereno devido à hora: Pouco mais das onze da noite. Billie fez o que agora ou mais tarde teria que fazer e acabou pegando a chave do chão. A garota voltou a se levantar, todavia, algo não a deixou se mover. Ela fechou os olhos ao cair em percepção de que deveria ter ido visitar a senhora Eliza e Isabel.

Seus passos foram desajeitados e apressados para dentro do hospital e logo ela estava no elevador rumo ao quarto da garota. Por sorte não precisou ter que gravar outros números de quartos aquele dia, se não, com certeza teria problemas em se lembrar do número do quarto de Isabel. Assim que chegou ao piso em que deveria descer, ela rumou para o quarto. Deu três batidas na porta e logo a mesma foi aberta.

- Olá. - Ela disse docemente.

- Muito tarde? Se quiser eu posso voltar amanhã e..

-Não se preocupe, criança. Entre. - Eliza disse, vendo Billie (agora não uniformizada) entrar. A garota deixou a bolsa no canto da sala e se aproximou de Isabel.

- Olá, Isa. Como está? - Billie disse, vendo Eliza voltar a se sentar em sua cadeira. - Vejo que pentearam seus cabelos. Está linda!

- Ninguém a visitava e, bem, ela sempre gostou de ficar arrumada para as visitas. Dei uma leve ajeitada. - Eliza disse sorrindo fraco e Billie se agradeceu mentalmente por ter lembrado de visita-lá. A mulher teria se chateado caso o cérebro de Billie resolvesse falhar em lembrá-la de algo novamente.

- Oh! - Billie disse. A maior analisou a expressão da mãe de Isabel. Aquela mulher carregava consigo uma dor tão profunda que transparecia no brilho de seus olhos. - Viu só, Isa? Sua mãe ainda se lembra de seus gostos. - Eliza riu baixinho e assentiu.

- Você é muito especial, Billie. - A mais velha disse, causando um sorriso no rosto da maior.

- Obrigada, senhora. - Ela disse sentindo-se lisonjeada. - Isa, vou contar para você e sua mãe sobre o meu chefe, quer escutar? - Billie perguntou sorrindo. - Ele brigou muito comigo por ter entrado aqui mais cedo. Ele realmente não deve gostar de mim. - Falou rindo.

- Oh, querida. Enganos acontecem. Por que ele brigaria com você?

- Por importunar a paz de uma família. Eu deveria ter ido à outro quarto. Levei bastante xingo, mas sabe, Isa? Gostei de conhecer vocês duas. - A porta foi aberta de supetão, roubando a atenção do momento para o doutor que entrava na sala.

- Boa noite, moças. Como estamos aqui? - o homem que aparentava seus quarenta e poucos anos era ligeiramente grisalho, mas incrivelmente lindo e simpático. - Temos visita nova para você, Isabel? - O homem disse em um tom alegre e empolgado.

- Billie é nossa nova amiga, Doutor Erick. - Eliza disse sorrindo, se afastando para dar lugar ao médico, que retirava sua pequena lanterna do bolso de seu jaleco.

- Vamos lá. - Ele disse, abrindo um dos olhos de Isabel e jogando luz neles. Billie pôde ver que os olhos eram verdes também, uma tonalidade incrível, para ser honesta.

- Você não se incomoda com isso, Isa? Se alguém jogasse luz nos meus olhos eu choraria de raiva. - Billie disse rindo. - Sou meio explosiva na TPM.

- Como disse que se chamava? - O médico perguntou, se virando para Billie.

- Bem, eu não disse. Eliza que me apresentou. Sou Billie.

- Certo, Billie..

- Já sei. Pedirá silêncio. Desculpe! - Ela disse rindo um pouco envergonhada.

- Muito pelo contrário. Continue falando. - Billie arqueou uma sobrancelha.

- Bem, eu não entendi, mas tudo bem. Sou fácil em falar coisas aleatórias do nada. Isso me faz parecer louca? - Ela perguntou, vendo Eliza rir.

- Não, querida. - A mulher respondeu gentilmente.

- Billie, ande até a porta, por favor. - O homem pediu e a garota assentiu confusa. - Vá falando. - Que espécie de louco aquele médico era? Billie resolveu acatar seu pedido mesmo assim.

- Eu não posso ficar falando sozinha doutor. O senhor me pede para falar, mas é complicado e isso compromete a minha imagem na frente de Isabel.

- Repita o nome dela. - O homem pediu com veemência.

- Está tudo bem, doutor? - Eliza perguntou preocupada.

O homem jamais fizera algo assim em todos os anos que estivera ali. Ele era apenas um interno quando foi apresentado ao caso e permaneceu ali até os dias atuais ao lado daquela família.

- Sim, só preciso que Billie repita o nome da Isabel.

- Claro. Isabel, eu não sei o porque o doutor quer que eu repita seu nome, mas gosto de "Isabel". É um bonito nome e por isso repito sem problemas.

O homem soltou uma risada animada e apagou a lanterna, olhando para Eliza visivelmente comovido. Ele havia se apegado à garota e dizia naqueles quatorze anos Isabel lhe ensinava sobre perseverança todos os dias.

- Senhora Eliza, podemos trocar uma palavra? - Ele perguntou e a mulher olhou confusa e assustada para ele.

- Eu prefiro que Billie esteja comigo. - Ela confessou. - Você sabe que eu não tenho.. Mais ninguém, doutor. - Os olhos negros do homem se direcionaram para Billie antes de ele assentir.

- Tudo bem. - Ele disse. - Senhora Eliza, de alguma maneira a sua filha parece responder quando ouve. As pupilas se dilatam e se movem, porém..

- Oh meu Deus. - Eliza disse levando sua mão à própria boca. - Ela nos ouve? Oh meu Deus. Minha filha.. - A mulher começou a chorar e o doutor respirou fundo.

- Preciso que se acalme, senhora. Ainda tem mais. - Ele disse, vendo-a limpar algumas lágrimas e voltar a fitá-lo. Eliza sentiu um aperto cálido em sua mão, virando-se apenas para ver que era de Billie.

- Prossiga, doutor.

- Bem, o mais estranho de tudo é que, bem.. Isabel só responde à voz de Billie. Eu falei e nada, a senhora falou e nada, Billie falou e seus olhos a seguiram. Quando Billie proferiu o nome dela era como se seus olhos quisessem se aproximar dela.

- Está dizendo.. - Eliza foi cortada pelo doutor.

- A voz de Billie é o estímulo que procuramos todos esses anos para Isabel, Eliza. - Billie piscou lentamente, tentando processar o que acabara de escutar. Como raios seu dia se tornou tão louco?

-
Eu espero que estejam gostando.

Em um piscar de olhos. - Billie Eilish x S/N.Onde histórias criam vida. Descubra agora