Chapter Four.

330 51 3
                                    

O barulho da chave girando na porta fez Zoe saltar de cima do sofá e esconder seus seios e sua intimidade com a almofada. A mulher ao seu lado fez exatamente a mesma coisa, no entanto, Billie ainda assim foi capaz de ver algo antes do total cobrimento dos corpos.

- Zoe, de novo? - Billie reclamou chateada.

- Eu pensei que não viria mais, já viu que horas são? Quase oito da manhã. Achei que finalmente tivesse aceitado sair com a Kate e que dormiria com ela lá.

- O quê? - Billie perguntou inconformada. - Eu nem vi aquela garota. Onde estão os garotos, afinal?

- Owen já foi para a faculdade e o Kai foi fumar maconha com alguma garota que eu não lembro o nome. - Billie assentiu e coçou os olhos.

- Certo. Podem continuar então, vou subir, tomar banho e dormir umas duas horas. - Ela disse, indo rumo às escadas de madeira envernizada.

- Onde estava, afinal, se não estava com Kate? - Jade perguntou não se aguentando de curiosidade.

- Aconteceu algo bizarro ontem e por alguma razão uma garota que estava em coma havia quatorze anos respondeu à minha voz.

- Quatorze anos? Ela está bem? Fala ou anda? Tudo isso de tempo não era para ter comprometido seu cérebro? - Zoe perguntou surpresa.

- Como chegou a encontrar um caso assim? Pensei que fosse da fisioterapia. - Jade concluiu.

- E sou. - Billie respondeu. - E sobre as perguntas de Zoe.. Bem, ela fala normalmente, o resto ainda não sabemos. Ela deve passar por uma bateria de exames exaustivos, coitada. - Billie disse em um suspiro. - De qualquer forma, vou sair uns trinta minutos mais cedo para visitá-la - Disse, dando de ombros. - Bom sexo para vocês.

- Obrigada. - Disseram em uníssono e Billie subiu as escadas correndo.

Tomou um banho não tão demorado, pois sentia suas pálpebras pesarem, no entanto, quando finalmente se deitou em sua cama seus olhos não se fecharam. Seu cérebro não permitia; ele ficava enviando imagens do sorriso de Isabel e lembranças do elogio sobre os olhos de Billie. Ela não fez muita coisa após aquele elogio, pois o médico insistiu para que ela saísse da sala junto com Eliza, pois precisava realizar uma série de exames. Antes de sair, Eliza ouviu o "mamãe?" E caiu em um choro intenso antes de abraçar sua filha e prometer voltar logo.

Billie se remexeu na cama e fechou seus olhos forçadamente, porém aquele sorriso voltou a invadir seus pensamentos. Billie bufou irritada e se cobriu, mas, segundos antes de dormir, a delicada voz de Isabel voltou a pronunciar: "Os seus olhos também são lindos." Esse era o maldito problema em nunca receber elogios de mulheres tão lindas: Quando recebia não era tão fácil de esquecer. Tentou evitar, mas um sorrisinho bobo enfeitou seus lábios antes de finalmente pregar os olhos.

[...]

O corpo da garota estava quebrado; ela não deveria sequer ter dormido, pensou, pois se sentia muito pior. Nos olhos havia pingado colírio, já que ardiam intensamente. Seus pés correram o mais depressa possível para dar tempo de visitar Isabel.

Assim que chegou na porta a qual ansiava, deixou três batidas suaves na mesma, que logo foi aberta por Eliza. A mulher avançou em Billie assim que a viu, envolvendo suas mãos ao redor do pescoço da garota e a abraçando forte.

- Eu jamais serei capaz de agradecer o suficiente, querida. - Eliza disse emocionada, fazendo Billie sorrir.

- Não me agradeça, senhora Eliza, eu não fiz nada. Foi tudo mérito único e exclusivamente de Isabel. - Billie disse sentindo a mulher lhe soltar e enxugar uma lágrima solitária. - Como ela está?

- Perfeita. - A mulher disse dando espaço para Billie entrar no quarto. - O médico disse que ela terá que ficar uns dias em observação e terá que passar por fisioterapia, pois ela está há muito tempo em desuso dos músculos e dos ossos. - Eliza explicou, vendo Billie sorrir e acenar para Isabel, que sorriu de volta. - O cérebro dela também é acostumado a carregar um corpo de seis anos, então ele mesmo pregará peças nela até entender que seu corpo já é adulto.

- Mamãe.. - Isabel chamou, fazendo a mulher se calar e pôr atenção em sua filha. - Ela voltou mesmo. - Isabel disse sorrindo e se ajeitando mais na cama.

- Sim, querida. Eu disse que ela voltaria. - Eliza disse rindo de uma forma calorosa.

- Olá, Isabel. Sabe quem eu sou? - Billie perguntou, se aproximando da cama e, consequentemente, de Isabel.

- A moça dos olhos azuis. - Billie enrubesceu ante ao elogio. - Eu gosto de azul.

- Bem, eu te trouxe caramelos, mas eu conversei com seu médico antes de entrar aqui e, infelizmente, ele disse que você terá que passar por uma dieta rigorosa por alguns dias, sinto muito. - Isabel fez uma careta antes de olhar seriamente para Billie.

- Nem escondido? - Ela sussurrou após tampar a boca com uma das mãos para a sua mãe não ver, fazendo Billie rir a plenos pulmões.

- Não seja assim, mocinha. Não é legal trapacear nas regras quando se trata de nossa saúde, tudo bem? - Billie disse e Isabel assentiu um pouco contrariada.

- Billie, posso aproveitar que está aqui para ir ao banheiro? - Eliza perguntou, vendo a moça assentir. Pobre Eliza, deve estar exausta, pensou Billie. Se ela não tivesse que ir para suas aulas práticas ela ficaria com Isabel para a mulher tirar algumas horas para descansar.

- Mamãe disse que eu não sou neném. Que agora eu já tenho vinte anos. - Isabel disse fitando com atenção as expressões de Billie.

- Ela disse isso?

- Disse também, que eu sempre serei o neném dela, mas me explicou o que aconteceu. - Isabel disse. - Parece o desenho do jacaré que queria comer o Pica-Pau.

- Ah, sim? - Billie perguntou rindo. Ela adorava aquele desenho em sua infância.

- Sim, só que invés de dormir por todo o inverno eu dormi por vários. - Billie assentiu, orgulhosa por Isabel ter entendido.

- E suponho que sua fome esteja igual ao do jacaré, hum? - Billie perguntou rindo ao ouvir o estômago de Isabel roncar. A maior acenou um pouco envergonhada e Billie sorriu. - Já está quase na hora de sua refeição. Vai comer tudo?

- Siiimm. - Isabel disse animada e Billie riu.

- Voltei, crianças. - Eliza disse, sorrindo abertamente. Rápida! Pensou Billie. A garota se permitiu fitá-la: Ainda aparentava cansada, porém aquela grande tristeza e falta de brilho em seus olhos já não existiam.

- Eu adoraria ficar mais, mas o dever me chama. - Billie disse entortando a boca e Isabel cruzou os braços.

- Ah não! - Protestou emburrada.

- Billie tem coisas para fazer, meu amor. Lembra-se do que conversamos? - Isabel assentiu ainda emburrada.

- No meu intervalo eu prometo passar aqui, tudo bem?

- Falta muito para isso? - Isabel perguntou.

- Umas quatro horas. - Billie informou.

- Mamãe, quanto é isso? - Eliza entortou a boca, como explicaria isso?

- São o mesmo que dois filmes da Disney, mais ou menos. - Billie se apressou em dizer.

- Jura que vem?

- Juro. - Billie respondeu.

- De dedinho? - Isabel questionou, esticando seu dedo mindinho. Billie a olhou e sorriu genuinamente.

- De dedinho.

-

Em um piscar de olhos. - Billie Eilish x S/N.Onde histórias criam vida. Descubra agora