13 | amanhã é apenas o começo.

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Meta de 150 comentários e o capítulo 14 será postado até segunda-feira! Boa leitura 🤪

ALERTA DE GATILHO: Menção à violência sexual próximo ao fim do capítulo. Por favor, pule se for sensível, embora o trecho não seja explícito. Cuidem-se, por favor.


Ei, trenzinho! Espere por mim!
Estive cego, mas agora vejo
Você deixou um assento para mim?
Isso é um trecho da imaginação?

Ei, trenzinho! Espere por mim!
Eu estava acorrentado, mas agora estou livre
Estou pendurado ali, não consegue ver
Neste processo de eliminação

Ei, trenzinho! Estamos todos embarcando
O trem que vai para o reino
Estamos felizes, mãe, estamos nos divertindo
Está além da minha expectativa mais selvagem

Ei, trenzinho! Estamos todos embarcando
O trem que vai para o reino
Estamos felizes, mãe, estamos nos divertindo
E o trem ainda nem deixou a estação

O CHILDREN | Nick Cave & The Bad Seeds

A moldura branca queimava a palma da minha mão, mas não pude evitar

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A moldura branca queimava a palma da minha mão, mas não pude evitar.

Sonhei com John outra vez. E, como já havia percebido, as memórias não eram mais fortes o suficiente, independente do meu esforço para mantê-las. Seus traços são confusos atrás dos meus olhos, e mesmo que eu olhe para a foto em minhas mãos o dia inteiro até deitar minha cabeça em meu travesseiro, não conseguirei fixar os traços em minha mente. Eu sabia que era ele. Eu sentia. Mas não conseguia realmente vê-lo para saciar a dor que dizer adeus não curou.

Olhar para sua escultura no cemitério, a que eu mesma fiz, e dizer que era capaz de me despedir para seguir em frente foi bom, mas não o suficiente. Ter sentimentos por alguém decente, que valia a pena, não era o suficiente. Nada nunca parecia o suficiente, e isso estava me matando lentamente.

Pisquei, contemplando a fotografia emoldurada.

Eu, Alyssa Young, apoiada contra seu peito. Ele, Leon St. John, com o braço ao redor dos meus ombros e um daqueles sorrisos brilhantes que me iluminavam por dentro; que me fazia pensar que éramos capazes de tudo nos fugazes momentos em que fomos reais. Em meu rosto, havia o fantasma de um sorriso relutante. Apostava que, no momento em que ele abaixou meu celular, um sorriso de verdade surgiu em meu rosto. O cabelo loiro, vibrante, brilhava no sol que refletia na sacada de seu antigo apartamento. Os olhos dourados, naquele ângulo, pareciam quase líquidos, translúcidos.

Os de Lili eram assim na maior parte do tempo. Imaginava que era porque ela estava frequentemente feliz, como seu pai estava nessa foto.

Respirando fundo, coloquei a foto na caixa de papelão aos meus pés. Dentro dela estavam todos os diários que escrevi ao longo dos anos, minha forma de manter as memórias vivas e contar a um fantasma o que acontecia na minha vida desde que ele me deixou. Eu não tinha nenhuma fotografia do tempo em que estive grávida de Lili, e as primeiras fotos que comecei a tirar da garotinha, foi quando ela já estava prestes a comemorar seu primeiro ano de vida. As memórias dos primeiros meses da vida dela existiam só na minha memória, e foi uma válvula de escape me redimir com os diários.

Amnésia (vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora