17 | as promessas dos vinte anos.

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Eu deveria saber
Que eu partiria sozinha
Isso só mostra
Que você só sangra o sangue que você deve
Nós éramos um par
Mas eu te vi lá
Foi demais para suportar
Você era a minha vida, mas ela está longe de ser justa
Eu fui idiota por te amar?
Fui descuidada em ajudar?
Estava óbvio para todos os outros?

Que eu caí na mentira
Você nunca esteve ao meu lado
Me engana uma vez, me engana duas vezes
Você é a morte ou o paraíso?
(...)

Eu deixei queimar
Você não é mais a minha preocupação
Faces do meu passado retornam
Ainda há outra lição a aprender

NO TIME TO DIE | Billie Eilish

Era como ser uma criança novamente

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Era como ser uma criança novamente.

Ter dez anos em um domingo ensolarado e estar soprando bolhas enquanto corria pelo jardim da minha casa geminada de infância. O sol aquecia minha bele, aninhando a brisa morna na temperatura ideal para soprar meus cabelos ao vento, mas o não o suficiente para bagunçá-los ou esfriar meu corpo. As bolhas se perderiam em um rastro de risos, porque meu irmão estaria me perseguindo pelo gramado. E quando ele me alcançava, eu gritava, risadas escapando torrencialmente de lábios inocentes e puros. Eu olhava para cima, onde nossos pais nos observavam da varanda, sorrindo.

O sol. As borboletas. O vento. A liberdade. A paz. O lugar onde eu pertencia.

O sol em minhas veias, que saiu detrás das nuvens quando eu vi Leon Reed St. John pela primeira vez. As borboletas que se enroscavam em meus ossos toda vez que seu olhar estava sobre mim como se eu fosse alguém... Não, como se eu fosse tudo. O vento nem sempre foi calmo nesta vez, ameaçando rasgar minha pele toda vez que eu negava a ele o amor que tanto desejava. A confiança que tanto pedia àquela garota, dez anos mais velha do que a que corria pelos jardins, com bolhas de sabão e risadas. Mas, então, a liberdade de aceitar aquela tempestade com os meios e escolhas certas para enfrentá-la quando não pude mais afastar meu coração daquela linha tão firmemente costurada ao meu redor. A paz daqueles dias de novembro e dezembro onde voltei para o jardim da casa dos meus pais, lembrando-me do que costumava sentir com seus sorrisos e abraços.

Lembrando-me da minha infância, lembrando-me da última vez que me senti em casa.

Eu coloquei minhas mãos em seus ombros, sentindo o movimento de sua respiração acelerada. O mundo parou. Segundos congelados que jamais me tirariam desse momento, eternizando-nos em um limbo que ninguém entenderia. Entre nossas respirações ofegantes e o cheiro de sangue, minhas veias se enchiam com a presença dele, ocupando os lugares frios e apagados que sua ausência deixou. Onde quer que estivéssemos, eu nunca poderia afastar minhas mãos dele novamente. Eu nunca sobreviveria a essa perda novamente. Não sobrevivi à primeira. Seu coração, tão acelerado. Tanto tempo. Enquanto as memórias eram recarregadas com a realidade de que St. John estava em minhas mãos, a vida pareceu acender bem diante dos meus olhos, descendo por cada recanto em meu corpo.

Amnésia (vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora