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Filipa 🧚‍♀️

: TRIM TRIM TRIM TRIM! - Escuto o toque irritante do meu despertador e me forço o acordar, coçando meus olhos pego meu celular e vejo o horário da tela. 5:40, sabendo que não posso ter meus tão sonhados cinco minutos a mais para dormir levanto da cama indo direto para o banheiro tomar meu banho.

Por hoje ser sexta é dia de lavar e finalizar minha tão amada juba, amo meu cabelo cacheado e cheio, mas ao mesmo tempo confesso que tenho uma preguiça enorme de o finalizar de vez em quando por causa do trabalho que o mesmo da.

Escovo os dentes e tiro meu pijama indo direto para o box, onde ligo o chuveiro e espero um pouco atingir a temperatura que eu quero, nem tão frio nem tão quente.

Vou tomando meu banho de forma tranquila e relaxante enquanto lavo meus cachos o desembaraçando para facilitar quando for finalizar. Ao passar as mãos pelo meu corpo acabo refletindo sobre todo o processo que tive que passar para hoje me olhar no espelho e gostar do que vejo, me sentir eu mesma.

Cresci em uma família muito carinhosa e muito respeitosa, por isso fico feliz em hoje ser aceita de forma tão leve como sou, uma mulher trans. Desde pequena nunca me identifiquei com o mundo masculino, e sendo gêmea de um homem minha família nunca deve ter imaginado que após toda a preparação para a vinda de dois meninos depois de ter uma filha menina, minha irmã mais velha Letícia, que iria ocorrer todo o processo trabalhoso que foi na minha infância segundo meus pais.

Os mesmo sempre falam que desde bem pequena gostava de ter o cabelo grande para fazer penteados, pintar unha, brincar mais com a minha irmã de coisas mais femininas ao invés de ser como meu irmão que é totalmente diferente de mim, não só de aparência mais de personalidade.

Gabriel sempre foi meu melhor amigo, até hoje é, então na fase da adolescência em que eu tinha problema de aceitar o fato de ser um menino, ou sofrer na escola sendo zoado pela minha aparência, já que nunca tive características masculinas muito fortes, meu rosto é fino e meu cabelos sempre foram grandes e segundo minha mãe eu era muito mais vaidoso e afeminado do que minha irmã, oque me gerou diversos traumas na escola por ser chamado de menininha, viadinho e coisas do tipo. Ele sempre esteve lá para me apoiar, defender diversas vezes porque além de tudo ele é muito, muito mais forte que eu, acho que minha características mais visível é minha magreza, apesar de comer bem tenho um corpo bem magricela, porém me orgulho muito de ter uma bundinha de pombo que me da uma valorizada, sem me deixar tão semelhante a uma porta.

Depois dos meus dezesseis anos conversei com os meus pais sobre eu não ser apenas "gay" como já tinha me assumido, mas sim me identificar como uma mulher trans, o que já era conversando com a minha psicóloga, que por acaso ainda permanece me acompanhando atualmente, porque apesar de mais madura ainda existe traumas que essa época me causou que ainda não foram totalmente superados, além das feridas abertas que meu antigo relacionamento tóxico me causou.

Depois de conversar com meus pais e receber o apoio e carinho me senti mais leve pois sabia que não iria enfrentar essa luta sozinha. Comecei com um acompanhamento médico por conta dos hormônios injetáveis, o que minha médica se surpreendeu na época por não ser muito necessário, apenas alguns indispensáveis, já que não havia muita coisa na minha aparência que eu gostaria de mudar ou seria necessário.

Mas apenas após meus dezoito anos fiz minha cirurgia de transgenitalização e um tempinho depois coloquei silicone, o que eu me arrependo de não ter colocado mais e hoje ter apenas pequenos limões em vez de um mamão pelo menos.

Paro de pensar no passado quando percebo que já lavei meu cabelo todo, fazendo tudo naquele modo automático quando você tá pensando em algo mas continua fazendo alguma coisa, parecendo que ligou o modo robô. Rio da minha própria idiotice saindo do box e me secando.

Por Favor Me Ame Onde histórias criam vida. Descubra agora