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Era o segundo dia que Andrea estava desacordada, sem nenhum sinal de melhora, sem qualquer mudança nos ritmados bipes robóticos que Miranda ouvia dia e noite. As últimas horas tinham sido uma tortura silenciosa ao lado de sua amada, mas ela não tinha intenção de partir sem antes ver aqueles olhos castanhos fitando-a novamente.
Miranda havia ligado para sua primeira assistente, ordenando que enviasse seus materiais de trabalho para que a editora não ficasse completamente ociosa naquele hospital. Além disso, ela se ausentava apenas o tempo necessário para cuidar de suas filhas.
— Peça à babá das crianças para vir para cá também. — Murmurou durante a ligação com a ruiva.
— Claro, Miranda.
— E não se esqueça de enviar os esboços que pedi para o Nigel providenciar.
— Já os enviei. — Um pequeno sorriso se formou nos lábios de Miranda. A ruiva também era uma excelente assistente, embora toda a atenção de Miranda estivesse monopolizada por Andrea. — Miranda? — A voz de Emily soou hesitante.
— Sim?
— Gostaria de pedir sua permissão para acompanhar Andrea. — O timbre de sua voz estava afobado. — Estou preocupada com minha amiga, preciso vê-la.
Miranda suspirou. Não sentia vontade de dividir aquele momento com ninguém. Nenhuma outra pessoa deveria ter o direito de ver sua garota tão frágil e machucada. Contudo, sabia que estava sendo egoísta.
— Venha hoje à noite com a babá das crianças. Avise Nigel sobre sua ausência e adiante tudo o que puder antes de vir.
— Obrigada, Miranda.
— Andrea vai ficar bem, Emily.
Emily suspirou do outro lado da linha, quase como se tentasse conter as lágrimas.
— Ela vai. — Confirmou.
Miranda desligou a ligação, voltando seu olhar para o corpo desacordado de sua amada. Jamais encontrava falhas naquela garota, não importa o quanto procurasse, mas certamente não apreciava a magreza exagerada, a ponto de ver os detalhes de alguns ossos sobre o colo, nem a palidez enferma. Não eram defeitos, nem de perto, mas eram certamente incômodos.
— Na última vez que Andrea teve uma overdose, ela ficou em coma alcoólico por quase duas semanas. — Ele falou suavemente, quase como se estivesse confessando um segredo. Miranda não se exaltou ao ouvi-lo; apenas continuou acariciando Andrea e acenou com a cabeça, indicando que estava ouvindo. — Em algum momento, pensei que ela não acordaria mais. Lembro de me sentir desesperado, mas nada... nada se compara ao que estou sentindo agora.
Ele atravessou a porta e se sentou no sofá próximo a cama.
— Por quê? — perguntou Miranda, sem desviar os olhos de Andrea.
— Porque fui eu quem a colocou nesta cama. — Lorenzo confessou, a voz tingida de culpa. Miranda torceu a boca, não exatamente surpresa com a revelação. — Ela não dirige há anos, Miranda. Eu a pressionei tanto que ela fugiu no meu carro.
Miranda respirou fundo, lutando contra a raiva que borbulhava dentro dela. Ela sabia que culpar Lorenzo não resolveria nada, mas ouvir que ele tinha um papel direto no acidente de Andrea era quase insuportável.
— Isso não importa por agora. — Disse ela, finalmente virando-se para olhar Lorenzo. Seus olhos eram frios, mas sua voz mantinha uma calma forçada. — O que importa é que ela se recupere.
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The Secret
RomanceAndrea, em meio a sua vida monótona, possuía uma série de pequenos segredos que eram somente seus. Com a pequena exceção de sua paixão por Miranda, que era de conhecimento de toda New York. ° Mirandy | Romance °