Capítulo 4 - Avanço & Obstrução

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Eu não compreendi o que estava acontecendo quando despertei com a voz levemente aborrecida de minha chefe me chamando, e honestamente minha compreensão não melhorou quando ela se curvou para ficar na mesma altura em que eu estava sentada, de forma patética o meu cérebro simplesmente se recusava a funcionar corretamente com Miranda tão próxima ao meu rosto, mas nada nesse pânico inicial sequer se comparava com o caos que ficou minha mente quando senti seus lábios contra os meus.

Miranda estava me beijando!

E embora eu desconhecesse a razão por trás daquele ato, não pude conter meus impulsos de retribuir e apressá-la a aprofundar nosso beijo como uma espécie de adolescente cheia de hormônios. Eu sempre desconfiei de que Miranda seria extremamente habilidosa, mas nada que minha imaginação tenha concebido poderia ser comparado a maestria com que sua língua dançava junto a minha, eu sentia que meu corpo derreteria a qualquer momento, e esse sentimento aumentou ao que ela delicadamente tomou meu rosto em suas mãos e acariciou minha bochecha.

Entender o que estava acontecendo de repente se tornou a menor das minhas preocupações. Miranda estava me beijando enquanto acariciava meu rosto. Não havia nada mais que meu coração pudesse desejar naquele momento.

— Mesmo quando te beijo — ouvi sua voz dizer assim que nos separamos, seu timbre estava deliciosamente rouco e seu rosto permanecia próximo ao meu — sua mente continua irritantemente barulhenta.

Eu corei e senti uma pontada em meu peito quando vi um sorriso se formar nos lábios dela. Não o sorriso falso que ela dirigia aos outros, mas um que reconheci como realmente sincero e belíssimo. Miranda é belíssima.

— Eu estou tentando lutar contra minha parte que quer te encher de perguntas. — Eu já ouvi muitas músicas em minha vida, algumas ruins, outras boas, outras se equiparavam as mais belas obras de arte, mas nenhuma sequer chegava perto da melodia que era a risada de Miranda, ainda que fosse um riso contido e extremamente elegante.

— Eu tenho certeza de que está. — Ela mais uma vez acariciou minha bochecha de forma tenra e endireitou sua postura. — Vou chamar Roy para nos deixar em casa, já está tarde e eu não posso permitir que saia pelas ruas atrás de um taxi nesse horário.

Miranda não parecia disposta a discutir aquele assunto, então apenas acenei em concordância. De qualquer maneira, eu estava tão letárgica devido ao beijo e ao sono que não pude sequer elaborar qualquer contestação a ela me levar em casa.

Roy felizmente não demorou a chegar com o carro, mas assim que ele se posicionou para abrir a porta senti seu olhar curioso sobre a mão de Miranda que estava pousada em minha cintura de forma estranhamente carinhosa e possessiva. Apesar de sua visível curiosidade, o homem foi cortês ao se limitar a abrir a porta para nós duas e nada comentar a respeito. Eu respondi seu boa noite com um sorriso antes de entrar no carro e fiquei feliz ao vê-lo retribuir, eu sempre gostei bastante de Roy.

No que entramos no carro a primeira providência de Miranda foi levantar a divisória para que tivéssemos privacidade, mas eu me sentia tão tímida que apenas continuei encarando minhas mãos enquanto brincava com o tecido de meu vestido.

— Você está adorável, mas precisamos conversar logo, consigo ver a fumaça saindo de sua cabeça. — Eu não pude deixar de me encantar vendo que mesmo com palavras doces e até brincalhonas, ela ainda mantinha seu tom sussurrado que transbordava um eterno desinteresse pelos problemas de nós, meros mortais.

— Eu não imaginava que me visse dessa forma... — Minha voz saiu extremamente baixa, mas era isso ou gaguejar feito uma idiota. Felizmente para mim, a audição da Priestly era simplesmente impecável.

Apesar disso, só percebi que ela escutou o que eu disse pelo leve bico que se formou em seus lábios, não soube interpretar o que aquela expressão significava, mas por um instante temi que tivesse a desagradado com algo que falei.

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