Capítulo 11 - Despeito & Desdém

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Emily piscou algumas vezes, sentindo-se completamente desacreditada com o som que seu telefone emitia às 03:34 da manhã.

Não, não era uma situação exatamente incomum quando se trabalhava com Miranda, mas ultimamente suas ligações da madrugada eram sempre dirigidas a Andrea e a ruiva não pôde deixar de sentir uma irritação tomar conta do seu corpo enquanto tateava a cabeceira atrás do aparelho barulhento.

— Eu estraguei tudo. — Infelizmente aquele timbre choroso de Andrea era o suficiente para arrancar o perdão de Charlton.

— Eu estou indo. — E após ouvir um murmúrio em concordância, a ruiva desligou o telefone e suspirou.

Com muito pesar e lentidão em seus movimentos, Emily se levantou da cama e entrou em seu closet para não só separar as roupas de trabalho para o outro dia, mas como vestir algo melhor que uma camisola para ir ao apartamento de Andrea.

— Aonde você vai? São três da madrugada. — Serena estava tão sonolenta que mal conseguia demonstrar sua irritação com a mulher que havia a deixado só na cama.

— Tenho que ver como Andrea está.

— Meu amor, você pode vê-la amanhã. — Franziu o cenho, incapaz de entender a pressa da ruiva. Ela se apoiou na porta do closet e sorriu minimamente ao ver o bonito conjunto que Emily escolheu. 

— Eu sinto muito, mas é urgente. — A loira a fitou por mais alguns instantes em silêncio.

— Espero que saiba as consequências das suas escolhas, Charlton. — Serena voltou para a cama, com um semblante nitidamente enraivecido.

Emily a olhou, suspirou e então se dirigiu até a porta de seu apartamento amaldiçoando Andrea e seu maldito vício.

[...]

Quando ela abriu aquela porta de madeira velha que tanto abominava, torcendo o rosto ao ouvir aquele rangido irritante, se deparou com a morena sentada em seu sofá, soluçando enquanto abraçava uma garrafa de whisky.

Emily achou lamentável, mas preferiu não compartilhar sua opinião.

— Me conte o que aconteceu. — Pediu  em um tom manso, enquanto se sentava no sofá. Ela esperou pacientemente que Andrea se aninhasse em seu corpo e finalmente abandonasse a garrafa.

— Estávamos na cama, depois de... você sabe. — Ela fez um gesto exasperado com as mãos, provavelmente envergonhada de sugerir que estavam tendo relações. — Eu acordei de madrugada com uma dor de cabeça insuportável, minha garganta estava seca, eu me senti tonta e febril.

— Abstinência.

— Abstinência. — Andrea confirmou e trincou os dentes em frustração. — Eu deveria saber que aquelas merdas de licores e vinhos brancos não iriam servir de nada, mas eu simplesmente não poderia adivinhar que meu corpo tentaria se rebelar contra mim justo naquela madrugada. Isso nunca aconteceu antes!

— Você já cogitou a opção do seu quadro estar se agravando? — Sachs olhou para um ponto fixo em sua parede. Sua aura melancólica era visível.

E seu cheiro era insuportável. Emily se sentia abraçada a um posto de gasolina. Mas, mais uma vez, preferiu não compartilhar seus pensamentos críticos.

— Eu não sei mais se... se consigo parar. — Confessou em um sussurro, fazendo Charlton engolir em seco.

— E o que vamos fazer? Esconder isso para sempre?! Serena vai ter arrancado minha cabeça até lá. — Nem mesmo a brincadeira jovial da ruiva abrandou o humor sombrio de Andrea. 

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