Capítulo 2

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~ Quinta feira. 18 de Abril de 20XX~



~ Point Of View Jessica Cavendish Morningstar ~



- Mãe? Pai? Cheguei! – Grito assim que abro a porta de casa, inclino o rosto para dentro vendo se os sapatos estavam no pequeno armário próximo a porta. Torço meus lábios ao ver que mamãe e papai ainda não tinham chegado. Mesmo já passando das sete horas. Tiro os meus sapatos, ajeitando-os no pequeno armário onde tinha muitos outros. Calço minhas pantufas limpas e logo estou entrando pelo corredor, Nana uma de nossas governantas me trucida viva se eu sujar o chão que ela encerou, na verdade ela encera todo domingo mas, se eu sujar ela é capaz de me esfolar viva. Além de ser uma questão cultural nossa andar ou de meias ou de pantufas pela casa, algo sobre ter o chão limpo ser bom para o espírito.

Era fácil aceitar tal coisa quando se vive em um mundo sobrenatural e literalmente é um ser sobrenatural. A questão nunca foi sobre se aceitar ou ter de aceitar, eu sou a reencarnação de uma raposa, com seu espírito vivo dentro do meu corpo. Literalmente. Demorou para conseguir unir o seu espírito com o meu. Essas coisas de chegar a idade certa – 15 anos para ser exata, infelizmente os espíritos não buscam nossa idade adulta ou termos maturidade o suficiente para se enfiar em nossos corpos e dizer " há! Eu estava esperando por isso a séculos!" na real a única coisa que elas não querem é ter que possuir o corpo de uma criança ou pré adolescente que não consiga ao menos mudar de forma.   Durante os meus primeiros 15 anos de vida estivemos morando na nossa mansão do outro lado do mundo, no mundo sobrenatural, no país de Éurasia e na cidade dos espíritos conhecida como Alênia. Nossa mansão, a mansão Cavendish, tinha em torno de 250 raposas douradas. Ou raposas de luz se preferir a categoria Elemental de nossa família. E sim, raposas no feminino mesmo, dificilmente nasce raposas do gênero masculino, as que nascem costumam a se tornar mais adeptas a ser um solitário. Não me perguntem, eu não entendo ainda o porque dos homens serem tão esquisitos mesmo em outra raça. As raposas que vivem juntas são todas garotas e mulheres, algumas sendo mais brutas e exigentes que outras, a não ser obvio o meu pai. Mas ele não pode ser chamado de raposa de luz ou raposa dourada. O Papai foi um humano de nosso mundo, que depois de passar por diversas experiências cruéis e conturbadas, havia sido possuído por uma raposa das trevas. Mas isso é outra historia. Eu não iria começar a pensar no tão fofo e maluco romance dos meus pais. É uma coisa que tento não imaginar. São os meus pais caramba.

Viemos para o mundo dos humanos, atravessamos a nevoa branca que separa nossos mundos, por dois motivos essenciais. Um deles completamente ligados a mim, e a minha raposa. No caso, o espírito da raposa que eu reencarnei. Eu sei que é esquisito. Somos duas criaturas diferentes habitando o mesmo corpo. Mesmo o corpo sendo meu, também é o corpo dela, já que eu sou a sua reencarnação. Sua alma esta atrelada a minha, e mesmo que eu tenha a minha própria raposa esfomeada e estressada no fundo da minha mente e do meu ser, eu também tenho ela. Que muitas vezes esta fora do meu corpo, em forma de espírito de raposa, vagando ao meu redor, a procura de sua companheira. É isso. Esse o motivo. A nossa companheira de alma.

Raposas são românticas ao extremo. São criaturas amorosas e poderosas. Eu diria ate que é algo bonito. Mas não gostei nem um pouco de ter que viajar entre os mundos para poder encontrar a minha companheira de alma. Quando pensei que finalmente iriam deixar de me atormentar por ser uma raposa incompleta, tive que engolir o fato de que minha companheira é humana. Não igual o papai, que era um humano do nosso mundo, mesmo não tendo magia ou o dom dos espíritos, os humanos do nosso mundo eram fortes e seu tempo de vida conseguia ultrapassar os 150 anos. A velhice vinha tardia e eles costumavam a inventar coisas tecnológicas o suficiente para mantê-los tão fortes quanto os seres sobrenaturais. Mamãe não iria ter que se preocupar com a morte prematura do meu pai, pelo menos não pelos próximos 150 anos, mas ainda bem que ele foi possuído. Felizmente agora ele era tão imortal quanto nos raposas.

My Darling Sister - Romance SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora