Capítulo 11

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Meio dia e pouquinho, estávamos presas em um engarrafamento, mesmo que a cidade não fosse tão grande, era horário de pico para o almoço então a maioria das pessoas estavam voltando para casa, por isso eu tinha absoluta certeza que ficaríamos alguns minutos presa naquela avenida estagnada. Com os vidros fechados, ar condicionado ligado, o som do carro baixinho enquanto Clodoaldo batucava os dedos tranquilamente no volante.

Minha mente estava focada em tudo isso, ate mesmo na quantidade de carros vermelhos e Crossfox que estavam parados ao nosso redor. Ou passavam pela rua debaixo.

Tudo isso só para não focar nas nossas mãos, ela estava alisando e acariciando minha mão direita a mais ou menos uns dez minutos. o silencio era agradável mas eu queria tanto ter um assunto para falar com ela. meu coração estava palpitando e eu me sentia ansiosa.

- Como foi a sua manhã? – para a minha surpresa, Jessica iniciou a conversa, com a sua voz em um tom tranquilo e bem baixinho. Como se não quisesse mudar o clima em que estávamos no momento. Eu suspirei de alivio, sorrindo com todo o meu ser. Ufa! Eu sou terrível em iniciar conversas!

- foi bem tranquila e um pouco cansativa. Eu ofereci ajuda para a Nana, me lembre de evitar fazer isso, foi um terror. Ela ficava olhando todos os cantinhos que eu limpava só para ter a certeza de que estava limpo. E logo em seguida me arrastava para um canto diferente cheia de panos pendurados em seu avental e com vários potes enfiados nos bolsos dos aventais. Ela ficou trinta minutos inteiros me explicando cada tipo de cera e pra que cada uma servia enquanto encerava os batentes das janelas. Eu senti a minha cabeça fritando! – Jessica não conteve a sua gargalhada, ela ergueu a cabeça com um sorriso enorme nos lábios, os olhinhos apertados de felicidade.

- A Nona e meio perfeccionista e controladora.. vinda de uma família antiga de servos. Ela é muito tensa mesmo. – franzo minhas sobrancelhas levemente confusa, logo ela arregala os olhos e solta um pequeno grunhido – argh.. é mesmo.. desculpe. Você não entende ainda como funciona. – ela se ajeitou no banco e virou de frente para mim, tomei a sua iniciativa como um incentivo e me sentei de frente para ela também. Ainda bem que o carro ta parado.

- eu não te expliquei nada sobre nós.. nem tive tempo na verdade. Mas não se preocupe, eu vou ir te explicando aos poucos, para que sua mente se acostume. – o brilho que saiu do seu corpo me fez arregalar os olhos e olhar ao redor. Mesmo com os vidros fume, escuros e que refletem, impedirem de qualquer um ver o que acontece dentro do carro. Ainda estávamos no meio de uma avenida. Cercada por outros bilhões de carros e pessoas.

Engulo em seco vendo e sentindo o espírito de raposa brilhoso vir na minha direção. Seu corpo estava materializado, era tão real que eu conseguia sentir os seus pelos suaves. Solto um pequeno suspiro quando ela senta em minha coxa e encosta as suas orelhas felpudas em meu braço.

- Pessoas normais.. Humanos normais, não conseguem vê-la. Ou interagir com ela. Você só tem essa capacidade por causa da sua raposa.. posso chama-la de sua certo ? já que vocês estão juntas a tanto tempo.. – sua expressão duvidosa me fez rir, mas eu sentia a mesma duvida.

Eu poderia chama-la de minha?

Não acho que seja certo.. Parece algo possessivo. Eu não tenho posse sobre ela. pelo contrario, ela é quem esta me possuindo.

- eu não consigo me comunicar com ela ainda.. então não sei a resposta. Mas entendi o que você quis dizer. Por causa do meu vinculo com ela, por ela estar me possuindo. Eu consigo ver e sentir.. – murmuro baixinho, estendendo uma mão para acariciar as orelhas da raposa brilhante. Ela solta pequenos grunhidos e se aproxima ainda mais do meu corpo.

My Darling Sister - Romance SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora