pov geral ;;
Chaelee respira fundo, pegando o celular e discando.
— Boa noite — Cumprimentou, após ter sido atendida.
— Boa tarde, no caso — A voz seca e ríspida do outro lado da linha.
Chaelee coça a testa, tentando manter a calma.
— Ah, desculpa. Aqui já é noite...
Chaelee suspira. Já sabia que essa conversa não ia ser fácil. Desde que Duny havia pago pela passagem de Yasu, sabia que precisaria encarar essa conversa desagradável. A mãe sempre foi especialista em transformar qualquer coisa em uma oportunidade para destilar veneno.
Com um tom impaciente, a mais velha se pronuncia.
— E sobre a Yasu? O que você quer conversar?
— Sim, eu queria falar sobre a viagem dela. Você sabe que a Duny pagou a passagem e...
— Claro, porque é normal mandar uma adolescente viajar sozinha para outro país, não é? Eu sei que você está ocupada, com essa sua vida de “rockstar”, mas... realmente faz sentido trazer a Yasu para morar com você agora? — Sra. Hirawa a interrompe com tom desdenhoso.
Chaelee revira os olhos, sentindo o sarcasmo ácido da mãe se intensificar. Ela sempre se colocava como a vítima, enquanto empurrava suas responsabilidades para os outros.
— Ah, porque eu sei que você se importa tanto. Deixa eu adivinhar: você quer que eu pegue a Yasu e a leve ‘pra você, enquanto você continua “recomeçando a vida”?
— Você acha que sabe como cuidar da sua irmã? Logo você, que mal cuida de si mesma? — Riu.
— Olha, eu estou fazendo o que eu posso. Eu só queria que ela tivesse um espaço melhor... E, sim, eu posso cuidar dela. Mesmo com a minha agenda cheia, eu sempre faço o melhor que posso.
— A baixista famosa, sempre tão ocupada. E mesmo assim, eu ainda tenho minhas dúvidas se você ‘tá realmente bem. Sabe, ouvi dizer que você não tem cuidado muito de si mesma ultimamente.
Chaelee arqueia a sobrancelha. Aquela senhora não ia falar com ela daquela forma, não depois de todo esse tempo e toda essa mudança que Chaelee enfrentou. Para a surpresa da mãe dela, já não era mais tão fácil de ofender.
Mas ainda assim, ela não queria discutir, por incrível que pareça. E ela faria de tudo para evitar essa discussão e dar este prazer para sua mãe, já que o que ela estava dizendo coisas assim para tirá-la do sério e a relembrar do quão a garota é um monstro e nunca mudou o jeito de ser.
Afinal, Chaelee não havia ligado para brigar, porquê Chaelee pensa que briga é coisa de gente brega. Portanto, não deixaria barato se ouvisse uma patacoada da qual acabou de ouvir.
— É, porque eu sou um verdadeiro desastre ambulante, né? Mas, acredite, eu posso cuidar da Yasu, mesmo estando longe. Pelo menos eu tento, o que deve ser uma novidade ‘pra você. Eu faço o que posso.
A mãe dela solta uma risada cínica, claramente provocada pelas palavras de Chaelee. A baixista já sabia onde isso ia dar, e tentou manter a calma.
— Ah, claro... E o que você está fazendo de tão grandioso? “Cuidando” dela enquanto faz turnês e gravações? Ou você vai dizer que as suas “crises” não estão te atrapalhando? — Respondeu com falsa preocupação.
Chaelee sorri, mas é um sorriso vazio. Ela sabia que aquilo estava vindo, a velha tática de atacar seus pontos fracos. Era previsível, mas isso não tornava menos doloroso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sᴛᴇᴘ Iɴsɪᴅᴇ - Sʟɪᴘᴋɴᴏᴛ
Teen FictionApós alguns anos do lançamento do álbum que os catapultou para a fama mundial, o grupo dos nove mascarados de Iowa se reencontra em estúdio. Sem a presença de uma figura crucial, o coração da banda, Paul Gray, eles enfrentam um impasse. Imersos em...