Cinnamon Girl

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chaelee pov ;;

O clima ‘tava tão pesado que dava ‘pra cortar com a faca. Ninguém olhando na cara de ninguém. Ou melhor, eu não olhando na cara de ninguém. Eles estavam me observando a cada movimento que eu fazia. Não quis dar indícios de que eu realmente fiquei mal ao saber do que eu fiquei sabendo.

Desci para o estandarte lá em baixo ‘pra pegar o baixo e equipar o retorno e aquele monte de fios que colocam na nossa roupa. Fui antes de Jim e Mick, pois eu queria evitar algo mais. Já começou errado quando o baixo que me deram era um Fender Precision e não um Rickenbacker.

Havia deixado claro assim que entrei nessa bosta dessa banda que eu só uso Rickenbacker 4003, que saco!

A gente entrou, depois do impasse antes do show. Não prestei muita atenção em nada, andei de cabeça baixa até meu lugar ao lado esquerdo do palco. Pois entramos pelo canto direito, o que também estava errado já que normalmente a gente se divide e cada um entra de um lado.

Não tive pulso para nada além do básico; palhetar. Não quis fazer nada de mais, sem headbang — também porquê eu nunca fazia —, sem caminhadas pelo palco e sem interação. Diferente dos demais que disfarçaram muito bem, como se nada tivesse acontecido.

Pelo que parei para reparar, começamos a tocar (sic), então Eyeless, Disasterpiece, Left Behind, Dead Memories, Duality e então anunciamos o intervalo.

Corri até um dos funcionários, pois haviam me avisado que nesse tempo eu teria que pegar o violão. O que eu não queria estava a acontecer, Snuff. Dei algumas instruções para o técnico do baixo, passei tudo o que ele deveria fazer durante a música, pois ele tocaria o baixo, de trás mesmo do palco.

Terminei de dar as ordens e me virei, dando com a cara em algo. Fechei os olhos rapidamente e me encolhi, suspirando. Levantei a cabeça e encontrei meus olhos com Mick. O braço do violão havia batido contra o peito dele quando me virei, fiquei preocupada se aquilo arranhou a guitarra dele.

Eu queria dizer muito, e ele queria também. A gente se encara, eu acabo por engolir a situação e desviar, me afastando e ficando reclusa em um cantinho.

Até que retornamos, em uma estética mais “calma”. Corey não estava berrando, os idiotas de Shawn e Chris não estavam correndo por aí e Sid não estava se rastejando feito uma lagartixa pelo palco a fora. Corey anuncia Snuff e recebe um coro de ovações e gritos em resposta.

Agora estava comigo. A introdução alterna entre as escalas de Am, Em, F, G/D, C e G. Lá sustenido com quinta e essas escalas que a gente sofre ‘pra pegar quando ‘tá aprendendo a tocar violão.

A guitarra base... Que eu presumi que estava com Jim, teve início uma oitava após a introdução do violão, com uns toquezinhos bem sem vergonhas. A música só cresceu a partir de duas oitavas, depois do início dos vocais e tudo mais.

Com quase cinquenta minutos em pé, as costas pedem misericórdia. Preciso de uma cota ou eu ia quebrar no meio. Bem, foi pura audácia mesmo, já que eles fazem coisa pior no palco. Caminhei até a borda e me sentei, quase chutando sem querer um segurança que estava logo abaixo.

Quem estava próximo começou a me olhar, aliás, toda a fila da grade estava olhando ‘pra mim. O que fez eu querer desmaiar de vergonha, minhas mãos tremem, resultado da pressão. Apoio o corpo do violão em uma perna, cruzada sobre a outra. Abaixei a cabeça e deixei seguir.

Não notei a princípio, mas as luzes principais estavam apagadas, e era iluminado pelos holofotes coloridos. O que trouxe uma vibe mais bad. Eu mesma achei mais confortável, mas sei lá.

Sᴛᴇᴘ Iɴsɪᴅᴇ - SʟɪᴘᴋɴᴏᴛOnde histórias criam vida. Descubra agora