Enterina 1

Capítulo 2

Risa

Abro os olhos lentamente, deixando a claridade se intensificar a medida que a minha visão se foca. Ouço um zunido leve antes dos meus ouvidos voltarem a funcionar corretamente.
Sinto galhos e folhas a minha volta, estou deitada.
Vejo o céu acima de mim de maneira que nunca vi antes, o céu possui um tom amarronzado. O Sol está radiantemente vermelho.
Não consigo conter a expressão surpresa em meu resto, o meu queixo cai formando um perfeito "O".

"O que aconteceu com o céu?"- penso.
Levanto me abruptamente, a minha volta há árvores enormes de tronco preto e folhas vermelhas.

Sou incapaz de saber onde estou. Obviamente sei que se trata de uma floresta mas não sei qual e nem porque o céu está marrom e o Sol vermelho.
Sinto vontade de chorar ao mesmo tempo que estou curiosa e maravilhada.
Contemplo o mundo a minha volta com a sensação de que sou minúscula e insignificante perante a natureza deste local.

Um rugido toma a minha atenção, ouço o som de grandes pegadas. Um animal enorme se aproxima. É uma onça só que muito maior do que uma normal e tem dentes de sabri. Ela não parece nada amigável e corre em minha direção, caçando-me.

A única alternativa que está ao meu alcance é subir a árvore mais próxima de mim e o faço o mais rápido que consigo.

O pânico domina o meu corpo, eu nem percebi que já não estava trajando o meu vestido prata manchado, agora estava com uma saia rodada verde e arrebitada que se assemelha a um tutu de ballet e uso um top preto com mangas compridas que rasga em pequenos furos com os meus movimentos em minha desesperada subida à árvore.

Alcanço o topo da árvore num piscar de olhos e ignoro por um segundo o fato do animal de grande porte escalar a árvore em minha caça.
A vista que obtenho do topo da árvore é magnífica, ao longe vejo uma cidade parecida com uma cidade medieval, feiras e casas simples, mas há fiação elétrica e acima da cidade ergue-se um grande palácio, em cima de um extenso bloco de pedra que parece ter sido arrancado do chão e agora flutua sobre ele. Água escorre sutilmente pelo grande bloco de pedra.

Se algum titã arrancasse um continente do chão acho que seria semelhante ao bloco de pedra que ergue o Palácio.

Um misto de medo e surpresa afloram em meu peito.
Nunca vi tal coisa.
Isto já é suficiente para me fazer acreditar que não estou no planeta Terra, pelo menos não no planeta que conheço, talvez eu tenha viajado para o futuro ou talvez eu esteja morta.
A onça gigante se aproxima de mim e a situação se torna ainda mais estranha quando um homem com traços asiáticos, aparentemente novo e com roupas medievais parecidas com a dos magos fictícios estende sua mão em minha direção. Ele está pendurado em um carro voador.

Sim um carro voador.

Não consigo acreditar nos meus olhos, estou completamente chocada.

-Segure a minha mão!- o homem grita.

"Como ele sabe falar a minha língua?"- questiono me mas não ignoro seu comando.

Apressadamente agarro sua mão e este me puxa para perto de si, alguém de dentro nos puxa para dentro veículo que se assemelha a um mini avião,no formato de um carro porém sem rodas.

A pessoa que pilota o veículo, a mesma que nos puxou para dentro de uma forma que desconheço é uma senhora idosa de cabelos brancos, pele rugosa,nariz grande e três verrugas.

Uma verdadeira bruxa dos contos de fadas, como se não fosse o suficiente ao seu lado há um cão deitado, eu diria que o Golden retriver é a coisa mais normal que estou a ver, porém ao invés da pelagem normal dos cães desta raça este cão possui um padrão de cores do pelo como o dos dálmatas.