Onde os irmãos postiços, Claire e Rafe, são obrigados a compartilhar o mesmo teto e trabalhar juntos, enfrentando sentimentos que desde a infância cresciam silenciosamente entre eles.
Rafe Cameron X fem!OC
ocasionalmente: Sarah Cameron X male!OC
a...
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CLAIRE MAL CONSEGUE CONTER sua vontade de sentar no piano, seus dedos praticamente coçam no momento em que abre os olhos. Ela havia sonhado com Rafe, ela tocava o Quebra Nozes para o garoto que ouvia tudo em silêncio, com seus olhos fechados, como se fosse a melhor melodia do mundo. Ele sempre fez com que ela se sentisse dessa maneira, ouvida, como se fosse realmente boa. Como se sua música significasse alguma coisa.
E depois da noite passada... Era como se realmente precisasse de alguma maneira de colocar todos seus sentimentos confusos para fora.
A garota se enrola em seu roupão e corre até a sala de música, puxando o grande lençol branco que cobria seu piano. Ela se senta de frente pra ele, testando o som das teclas, refletindo se ainda tinha alguma memória de como fazer isso. Claire havia passado meses sem tocar em um piano e temia que não fosse mais tão boa quanto costumava ser.
Seus medos desaparecem quando seus dedos naturalmente começam a produzir uma melodia. Chopin. É quase como mágica sentir cada nota soar perfeitamente, como se batessem no mesmo ritmo de seu coração, alinhados em um só propósito. Isso a emociona e deixa seus olhos tomados por lágrimas, que mesmo atrapalhando sua visão não atrapalham a música de nenhuma maneira.
Claire sabia exatamente o que fazer, exatamente qual tecla apertar e se lembrava do tom de cada tecla daquele piano. Ela se lembrava de tudo e nada no mundo teria feito a garota mais feliz no momento do que isso.
A garota passa a manhã inteira enfurnada na sala de música, tocando todas as melodias que se lembrava e revirando a gaveta com suas antigas partituras. Uma delas era autoral, uma canção que começou a compor no ultimo Verão, para o menino do quarto ao lado... Parecia patético agora. Ela ainda não havia entendido quais exatamente eram seus sentimentos por Rafe. É claro que ele é péssimo na maioria das vezes mas havia um coisa — lá no fundo — que os faziam iguais e os uniam, a mesma coisa que os uniu há quatro anos atrás nessa mesma sala de música.
De alguma maneira estranha eles se entendiam. Duas crianças ricas, mimadas e egoístas, que sonham em demonstrar seu valor e serem independentes. Suas fraquezas se refletiam um no outro, como um espelho e juntos talvez eles se tornassem mais fortes.
Claire sabia que gostava dele mas não sabia exatamente de que maneira e isso a assustava.
Havia muito em jogo quando o assunto era família. Qual o tamanho do escândalo que os Bertrand se enfiariam caso alguém descobrisse sobre a chama entre Claire e Rafe? Eles não eram irmãos mas deveriam ser e numa sociedade elitista e tradicional as normas devem ser seguidas. Isso arruinaria as ações da empresa? Arruinaria um nome que persistiu desde a Revolução? Claire não queria decepcionar o pai, esse sempre foi seu maior medo, não alcançar suas expectativas, não ser boa o bastante para governar o império que ele havia criado.
E ainda tinha a situação com os Cameron. Afinal, se algo acontecesse entre os dois teria que ser em segredo mas se acabasse mal... Os dois ainda teriam que se ver, conviver, se respeitar e fingir que nada nunca aconteceu. Claire não sabia se era capaz disso, não sabia até que ponto suas vontades deveriam ser ouvidas ou completamente sufocadas.