11, guerra fria

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CLAIRE MAL CONSEGUE CONTER sua vontade de sentar no piano, seus dedos praticamente coçam no momento em que abre os olhos

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CLAIRE MAL CONSEGUE CONTER sua vontade de sentar no piano, seus dedos praticamente coçam no momento em que abre os olhos. Ela havia sonhado com Rafe, ela tocava o Quebra Nozes para o garoto que ouvia tudo em silêncio, com seus olhos fechados, como se fosse a melhor melodia do mundo. Ele sempre fez com que ela se sentisse dessa maneira, ouvida, como se fosse realmente boa. Como se sua música significasse alguma coisa.

E depois da noite passada... Era como se realmente precisasse de alguma maneira de colocar todos seus sentimentos confusos para fora.

A garota se enrola em seu roupão e corre até a sala de música, puxando o grande lençol branco que cobria seu piano. Ela se senta de frente pra ele, testando o som das teclas, refletindo se ainda tinha alguma memória de como fazer isso. Claire havia passado meses sem tocar em um piano e temia que não fosse mais tão boa quanto costumava ser.

Seus medos desaparecem quando seus dedos naturalmente começam a produzir uma melodia. Chopin. É quase como mágica sentir cada nota soar perfeitamente, como se batessem no mesmo ritmo de seu coração, alinhados em um só propósito. Isso a emociona e deixa seus olhos tomados por lágrimas, que mesmo atrapalhando sua visão não atrapalham a música de nenhuma maneira.

Claire sabia exatamente o que fazer, exatamente qual tecla apertar e se lembrava do tom de cada tecla daquele piano. Ela se lembrava de tudo e nada no mundo teria feito a garota mais feliz no momento do que isso.

A garota passa a manhã inteira enfurnada na sala de música, tocando todas as melodias que se lembrava e revirando a gaveta com suas antigas partituras. Uma delas era autoral, uma canção que começou a compor no ultimo Verão, para o menino do quarto ao lado... Parecia patético agora. Ela ainda não havia entendido quais exatamente eram seus sentimentos por Rafe. É claro que ele é péssimo na maioria das vezes mas havia um coisa — lá no fundo — que os faziam iguais e os uniam, a mesma coisa que os uniu há quatro anos atrás nessa mesma sala de música.

De alguma maneira estranha eles se entendiam. Duas crianças ricas, mimadas e egoístas, que sonham em demonstrar seu valor e serem independentes. Suas fraquezas se refletiam um no outro, como um espelho e juntos talvez eles se tornassem mais fortes.

Claire sabia que gostava dele mas não sabia exatamente de que maneira e isso a assustava.

Havia muito em jogo quando o assunto era família. Qual o tamanho do escândalo que os Bertrand se enfiariam caso alguém descobrisse sobre a chama entre Claire e Rafe? Eles não eram irmãos mas deveriam ser e numa sociedade elitista e tradicional as normas devem ser seguidas. Isso arruinaria as ações da empresa? Arruinaria um nome que persistiu desde a Revolução? Claire não queria decepcionar o pai, esse sempre foi seu maior medo, não alcançar suas expectativas, não ser boa o bastante para governar o império que ele havia criado.

E ainda tinha a situação com os Cameron. Afinal, se algo acontecesse entre os dois teria que ser em segredo mas se acabasse mal... Os dois ainda teriam que se ver, conviver, se respeitar e fingir que nada nunca aconteceu. Claire não sabia se era capaz disso, não sabia até que ponto suas vontades deveriam ser ouvidas ou completamente sufocadas.

𝐁𝐑𝐄𝐀𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐅𝐑𝐄𝐄, 𝘳𝘢𝘧𝘦 𝘤𝘢𝘮𝘦𝘳𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora