Segunda-feira (II)

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Acordo suado, desidratado e sinto meu corpo quente como brasa.

     Tô sozinho em casa, com certeza. Meu pai não costuma parar quieto aqui, principalmente em plena semana.

     Tá tudo um enorme breu. Tô seminu, com meu short e nada mais. Meu pescoço dói. A cama tá encharcada de suor. EU tô encharcado de suor.

     Apalpo o travesseiro, encontro meu celular dentro da fronha. Clico na tela, são 23:00. Duas conversas não lidas, uma do meu pai e outra de um número desconhecido.

     O celular tá 5%. Eu... Nem lembro quando dormi.

     Minha cabeça tá latejando, não consigo me mexer direito. Parece até que tô embriagado ou dopado de remédio. O brilho da tela do telefone machuca meus olhos semicerrados.

     Abro nauseante a mensagem do meu pai.

     Tem pizza no micro-onda.

     Legal. Mas tô sem fome.

     Acho melhor voltar a dormir. A careta no meu rosto revela que o sono ainda não foi o suficiente. Tô sem aula o resto do mês, só tenho que ir no colégio deixar esse trabalho avaliativo.

     Ah, é, o trabalho que o Hermes me passou. O trabalho que vou ter que fazer com o...

     Minha cabeça lateja novamente. Lembro o motivo do sono repentino. Da febre também. É raiva. Raiva do Aluísio. Raiva cria fogo. Fogo queima.

     Estreito os olhos para ver de quem é o número desconhecido. Assim que vejo a foto de perfil, sinto um aperto no peito, uma dor nos pescoço horrível, uma tontura, uma cascata de suor escorrendo meu corpo.

     Tenho vontade de esconder o celular na fronha de novo e voltar a dormir. Vontade de dormir para nunca mais acordar. Toda essa dor, esse enjoo, era raiva. Uma raiva que me dava vontade de gritar pela janela do apartamento.

     Eu deveria desistir desse trabalho. Dane-se Aluísio, dane-se Hermes, dane-se minha nota, dane-se esse tal de Sipper que vou ter que descorrer.

     Sinto o meu estômago roncar. Talvez eu esteja com fome mesmo. Do que será a pizza?

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     A luz do meu abajur é amareladada, ilumina pouco, mas o suficiente. Vejo o essencial: minha cama desarrumada, a escrivaninha, o notebook, o guarda roupa e a janela.

     A pizza é de bacon, minha favorita. Finalmente meu pai decorou o sabor, depois de tanto errar. Não é tão difícil lembrar das minhas coisas, era só eu e ele naquela casa minúscula, mas mesmo assim ele não recordava.

96 HorasOnde histórias criam vida. Descubra agora