Nublado; 1995 (I)

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O ano era 1995.

     Estávamos na sala de aula esperando o professor chegar. Apoiava meu queixo na minha mão, fechando os olhos levemente, prestes a cair no sono, escutando a conversa do grupo de 5 garotas sentadas do meu lado.

     — Ele é tão fofo... — Disse uma delas, com voz pomposa e brilho nos olhos. Loira dos olhos azuis, apelidaram-na de "Bruna Lombardi" por ser uma das mais bonitas e patricinhas do colégio fora a semelhança com a modelo. Era a líder do grupinho de 5 meninas ali do lado, em roda com as carteiras. Eram as "populares" do colégio: andavam grudadas o tempo todo. Suas vozes me irritavam.

     Olhei ao redor, discretamente, fingindo ainda dormir, tentando descobrir de quem comentavam.

     — Acenei pra ele na festa de páscoa que teve. Ele acenou de volta! — Comentou uma delas.

     — De quem vocês tão falando? — Perguntei, baixinho, enrugando o nariz, quase murmurando pra Lombardi.

     A loirinha sorriu pra mim, apontando disfarçadamente para o aluno quieto que sentava do outro lado da sala, sozinho, escrevendo em seu caderno. Ela me considerava uma "amiga" por conta de um seminário que fizemos juntas ano passado.

     — Simon Pertili... — Confirmou outra das garotas do grupinho, hesitante, cedendo apenas por causa da confiança da chefe. — O que foi transferido pra nossa turma. Ele é misterioso, calado, tímido e... tão bonitinho.

     Ah, o novato. Já fazia um tempinho que estudávamos juntos. Simon tinha poucos amigos e passava a maior parte do dia sozinho, escrevendo.

     — Ele é esquisito, isso sim — disse eu, sem rodeios, arqueando o canto da boca para a estranheza do menino. 

     Todas me olharam com olhos semicerrados e boca entreaberta — até mesmo a tal "Bruna Lombardi". Me fiz de doida, ignorando, dando de ombros.

     — Agora vai queimar nosso filme só por que não gosta de garotos? — Questiona uma delas. 

     Espremo as sobrancelhas. Lombardi me fitou e passou lentamente a visão para as garotas de sua panela. Estava tensa, começando a suar frio.

     — O que querem dizer com isso? — Esbravejei, batendo na carteira com toda minha força no impulso em me levantar dali. Algumas das pessoas próximas, em meio a barulheira, pararam para assistir a cena. As meninas se entreolharam. Um breve silêncio.

     E então todas as 4 se afogaram em risadas. Eram esganiçadas, irritantes pra caralho. A única séria era Lombardi, que fazia careta para que as meninas parassem.

     Me levantei de uma vez, empurrando a cadeira, a fazendo se chocar com força em outra vazia ali do meu lado. Lápis e cadernos se espalharam pelo piso. Todos param pra ver o bafafá. As meninas do grupinho da Lombardi se encolheram entre os ombros, quase se jogando pra trás com o susto.

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