Terça-feira (III)

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— Tem mais alguma coisa a dizer?  Pergunto a Michael, antes de enfim fechar o caderno, depois de longas horas de histórias e anotações.

     — Tipo? — Questiona Michael.

     — O real nome do Sipper, por exemplo.

     As pupilas de Michael se contraem. O homem se reclina para trás, tenso entre os ombros. Arqueio a sobrancelha.

     — Não posso.

     — Ele morreu, Michael — implico.

     — Mas eu prometi...

     Suspiro, revirando os olhos.

     — Ao menos tem algo que possa nos ajudar? Alguma dica, já que não pode revelar de cara o nome do menino?

     Michael revira os olhos. Estuda o redor de suas sala, e vê sua esposa ao lado de uma prateleira de livros. A mulher assente com a cabeça, em aprovação.

     O velho então fita o sobrinho. Os olhos de Aluísio estão brilhantes, suplicante, como os de um gato faminto e abandonado.

     O olhar de alguém desesperado.

     Michael volta a vista para mim.  Respira fundo, fecha os olhos e engole em seco.

     Ele estava prestes a ceder?

     Será que eu consegui?

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     Consegui do tio de Aluísio um jornal do colégio original da época em que Sipper publicava poesias. Nele, havia um de seus primeiros poemas. Recortei e fiquei só com a parte literária, o resto do jornal joguei no chão da rua.

     Aluísio disse que ficará encarregado de extrair mais coisas do tio dele. O menino me dispensou para que eu pudesse voltar para casa depois de uma tarde inteira preso com ele naquela porcaria de trabalho avaliativo.

Tudo pela viagem. O trabalho, o contato, era em prol da minha viagem. Minha chance de respirar um ar. Final do ano iria visitar minha família por parte de pai em Fortaleza. Passar o mês inteiro lá, quase um mundo alternativo.

     Caminho à beira da calçada da rua, cansado de pedalar, empurrando minha bike. Tiro do bolso a nova poesia de Sipper que tenho em mãos. Aproveito o sol brando do crepúsculo do entardecer para ler o que tem para mim.

96 HorasOnde histórias criam vida. Descubra agora