Dois ex amigos são forçados a trabalhar juntos em um trabalho de escola. Terão 96 horas para coletar informações pela cidade acerca de um poeta misterioso, desaparecido sem deixar vestígios claros.
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A cidade é tomada por uma garoa. O céu tá nublado, as nuvens baixas alcançam os picos das serras que nos rodeiam. O verde exuberante da mata fica acinzentado. De longe, consigo ver o mosteiro dos jesuítas aqui da cidade, no topo de uma colina. Parecia uma casa de bonecas naquela distância.
Caminho pela calçada empurrando minha bike ao lado de Aluísio. Ele segura seu skate por debaixo do braço.
Saímos da biblioteca, e agora caminhamos rumo à casa do tio dele, Michael, pra fazer umas perguntas sobre o Sipper.
Particularmente, quero ultrapassar aquele menino e pedalar sozinho, porém não sei onde o cara morava.
Não abrimos a boca para conversar em nenhum momento. Silêncio absoluto pelos últimos 10 minutos andando.
Pego meu telefone no bolso. São 15:30. Conecto meus fones, coloco pra tocar Se Eu Não te Cantar do FBC.
Ouço um balbuciar no meu ouvido. Viro o rosto, Aluísio falava alguma coisa.
Tiro os fones.
— O que é? — Pergunto, enrugando o cenho.
— Tá ouvindo o que? — Repete Aluísio, com um sorriso desajeitado. Reparo nos seus dentes da frente separados. Eram ridículos.
— FBC.
Vou colocar os fones de volta no ouvido. Aluísio me impede.
— Ah... Você ainda escuta. Comecei a ouvir depois que me recomendou. Gosto de Madrugada Maldita. Também tô escutando Pumapjl, é muito bom. Foi você que me recomendou também, lembra? Gosto de Intro, mas sei que ela é modinha e...
— Chega — digo, irritado, como uma trovoada distante e silenciosa. O moleque engole em seco, como se levasse um golpe no estômago. — Vim pelo trabalho, não pra ficar de papinho com você, Aluísio.
Ele apenas concorda com a cabeça, seguindo em frente, cabisbaixo. Não vejo mais seus dentes separados - e provavelmente não verei seu sorriso de novo tão cedo.
Será que peguei pesado de mais? Me sinto ferver por dentro, trêmulo.
Coloco os fones de novo.
Tá tocando Pumapjl.
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Obrigado por nos deixar falar com o tio Michael, tia Sabrina - diz Aluísio para a mulher velha de cabelos grisalhos que seguíamos por dentro da residência.
— Oh, querido, não precisa agradecer! Fiquem à vontade.
A casa do tio Michael tem um cheiro de naftalina. Ao mesmo tempo que me dá sono, me deixa confortável. É limpa, organizada, tem plantas e estátuas de santos espalhados por tudo quanto é lado. A cada meio metro, tinha uma foto de algum parente da Sabrina na parede, incluindo uma do Aluísio.
