Capitulo V

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Leonas Cavallaro

Dentro da penumbra ouvia sua respiração mais acelerada do que a de um indivíduo em repouso. Charlotte estava acordada, e eu também. Ambos de costas um para o outro. Ainda que não tivesse expectativas para essa noite, a muralha de travesseiros me deixou irritado, amanhã eu me livraria deles.

Não pude deixar de notar a roupa que ela estava usando, minhas roupas ficavam gigantes nela, mas ela parecia bem à vontade com isso. Tomei a liberdade de ver o que havia nas malas que sua mãe mandou para cá antes de Lúcia guardar tudo, ao menos esperava vê-la em uma das camisolas transparentes com calcinha minúscula enfiada em sua bunda.

Me mantive acordado, até que ela adormecesse. Quando isso aconteceu, me livrei dos travesseiros, jogando-os no chão, estava realmente puto com eles.

Acordei com um soco. Charlotte estava com a mão sobre meu rosto e sua perna jogada sobre as minhas. Como diabos ela veio parar aqui? Bufei, tirando seu braço de cima de mim. Seus olhos se abriram e ela pulou para longe acertando um chute nas minhas bolas.

-  Que merda é essa!? - gritou enquanto eu rolava de barriga para baixo soltando um gruninho.

-  Porra. - rosnei, sentindo a dor subir para o meu abdômen.

-  Fica longe de mim. - bufou se levantando da cama e correndo para o banheiro.

-  Meus pais virão para o café da manhã! Vista algo descente. - avisei levantando o tom de voz.

Me arrastei para fora da cama, o sol já queimava através das cortinas. Peguei meu celular na mesa de cabeceira e suspirei vendo as horas, quase nove, meus pais chegariam em trinta minutos, poderia inventar alguma desculpa de merda de que estávamos ocupados demais transando e não poderíamos recebê-los.

Bufei. Foda-se. Minha cabeça estava martelando com uma leve ressaca do whisky da noite anterior.

Peguei uma roupa no closet e a coloquei; calça de linho e uma camisa de botões. Charlotte ainda estava no banheiro, revirei os olhos e bati na porta.

-  Desça quando estiver pronta. - pedi, torcendo para que ela o fizesse.

Coloquei meus sapatos e desci para o andar térreo da casa onde o cheiro de café recém passado predominava o ambiente. Lúcia estava pondo pães na mesa quando cheguei, e ela me deu um sorriso fraco.

-  Bom dia.

-  Acho que é apenas dia. - resmunguei.

-  É o primeiro homem que eu vejo de mau humor após a noite de nupciais. - comentou balançando a jarra de café antes de me servir um pouco - Aliás, onde está sua esposa?

-  No banheiro. - dei os ombro pegando a xícara - Espero que ela não decida pular a janela.

-  Eu não te daria o gosto de me ver em um caixão fechado, benzinho. - Charlotte apareceu em meu campo de vista com um sorriso orgulhoso.

Meus olhos desceram para seu corpo a encontrando dentro de uma camisa minha de mangas longas que a fazia parecer estar usando um vestido curto. Aquela não era bem a escolha apropriada para o primeiro café com seus sogros, mas ela não parecia se importar de qualquer maneira.

-  Vou ter que trancar minhas roupas? - arqueei a sobrancelha enquanto ela mantinha o sorriso em seu rosto.

Ela não parecia em seu melhor humor, e a julgar pela noite mal dormida, eu definitivamente poderia esperar qualquer coisa a essa altura.

-  Até que eu tenha as minhas de volta, caso contrário andarei nua. - deu os ombros se sentando em uma das cadeiras.

Lúcia procurou respostas em mim, e apenas balancei a cabeça para que ela ignorasse aquela situação. Inspirei profundamente, talvez eu escondesse minhas roupas em um baú para ter o vislumbre de Charlotte nua andando pela casa.

For RuinOnde histórias criam vida. Descubra agora