Charlotte Cavallaro
Nunca vi a morte, mas já pensei nela. Não tinha familiaridade com ela, meus avó maternos faleceram antes mesmo do meu nascimento, pelo lado paterno, ainda estavam vivos há quilômetros de distância. Sequer entrei em um cemitério durante meus dezenove anos de vida.
A morte não era comum, não para mim, mas para Leonas era como uma amiga íntima. Me pergunto quantas vidas se esvaíram pelas suas mãos. Seus olhos azuis buscavam respostas em mim, ele estava falando sério; matar meu pai.
Eu odiava Máximo Clark, mas o suficiente para quere-lo morto? Nunca pensei nessa possibilidade.
- Meu pai ainda precisa conviver com a amargura da própria merda, passar pela humilhação pública, é isso que eu quero. Isso sim o mataria. - soltei, sem que as palavras de fato passassem pelo filtro da minha cabeça.
Leonas sorriu, percebi que sua mão ainda estava pousada na minha bochecha, mas seu toque não estava me incomodando, pelo contrário, era reconfortante. Sua pele era quente, e a ponta dos dedos levemente ásperas.
- O velho Clark conhecerá o inferno. - garantiu deixando sua mão cair ao lado do corpo - Conheça seus privilégios de ser uma Cavallaro, Charlotte. Nada nesse mundo vai te ferir, nunca. Não irei permitir que algo aconteça a você, e isso é uma promessa, você é minha esposa mesmo que não queira, e eu protejo a minha família.
Pela primeira vez me senti de fato protegida por um homem.
Leonas estava certo, eu era uma Cavallaro agora, querendo ou não. Havia um peso enorme nesse sobrenome, um peso que eu estava começando a me dar conta agora... uma das famílias mais ricas de Chicago, se não a mais poderosa. Não havia motivos para abaixar a cabeça, agora eu estava acima dos Clark; isso brilhou por alguns instantes na minha mente.
- Obrigada. - sussurrei me auto abraçando, meus muros haviam caído, e eu de fato estava agradecendo algo a Leonas.
- Não. Isso é o mínimo, Charly. - suspirou colocando meu cabelo para trás antes de segurar meu queixo para me forçar olhar em seus olhos - Nunca agradeça pelo mínimo. Se alguém não pode te proporcionar isso, então não é alguém que mereça sua atenção.
Leonas Cavallaro
Puxei a cadeira, arrastando seus pés de madeira pelo assoalho causando um rangido que chamou a atenção de Lúcia, ela estava terminando de prestar o jantar. Me sentei ali, em frente à Riccardo e Gianni.
Luigi - o contratei no dia anterior - deveria estar em seu turno na guarita enquanto Gianni jantava.
- Eu já ia servir o jantar. - Lucia comentou colocando a mão na cintura.
- Vou comer aqui. - avisei remexendo na pulseira do meu relógio - Charlotte já foi dormir, ela comeu bastante essa tarde.
- Sim, eu notei. - disse um pouco risonha - Comeu uma torta inteira mais cedo, já está comendo por dois?
Riccardo riu, o merdinha sabia que eu não transava há semanas.
- Não. - suspirei quebrando suas expectativas - Por falar nisso, coloque absorventes na lista do supermercado, e alguns chocolates, mulheres gostam disso.
- Pode deixar. - respondeu pegando a panela de cima do fogão com luvas emborrachadas antes de trazer para a mesa.
- Está com a cara ótima Lúcia. - Gianni sorriu para ela enquanto observávamos a panelada de tagliatelle com molho de ragù.
No canto vi Riccardo rindo novamente, mas dessa vez mais baixo, enquanto balançava a cabeça. Gianni era viúvo e não escondia seu flerte em cima de Lúcia. Me segurei para não revirar os olhos enquanto me servia. Comemos e falamos sobre assuntos aleatórios.
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For Ruin
FanfictionOs filhos dos mafiosos mais temidos de Chicago, New York e Las Vegas cresceram. Quando se cresce com uma família assim, o que esperar se não, o pior dos piores? Tudo o que eles querem é se divertir e criar o seu próprio reinado sendo ainda melhores...