7. Se você for, eu não durmo

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      Yeosang virou um pouco de café preto em sua xícara, colocou uma única colher de açúcar e misturou. Tomou um gole de leve e suspirou.

     San o encarava um pouco surpreso. Kang fez uma careta e perguntou:

     -O que?

     -Nada, só...- San deu um pigarro. - Você toma café?

     -É a única droga legal na Coreia. - Yeosang tomou outro gole, encarando San. -Aprendi a tomar com o Mingi, é o que ele pode beber pra não resultar em dopping.

     -Ah, sim. - San bebeu um pouco de seu chá. -Vai sair com ele hoje?

     Yeosang apoiou sua xícara na mesa, encarando o próprio reflexo no escuro do café.

     -Não sei. Brigamos ontem, eu e ele.

     -Brigaram? Eu estranhei quando você voltou tão rapidamente pra casa, mas nem reparei que...por que brigaram?

     O reflexo de Yeosang se mexeu. Ele olhou para San e respondeu, como se não significasse nada:

   -Eu o beijei.

     Aquilo acertou San como um tiro, ele abaixou a cabeça, mas a ergueu rapidamente.

      -Beijou?

      -Isso. - Yeosang respondeu. -Foi estranho, eu não falei com ele desde então, eu deveria...ah, eu sou tão confuso! O borderline me deixa ainda mais fora da linha...talvez seja daí que vem o nome.

       San não olhou mais para Yeosang. Tomou seu chá em silêncio enquanto o Kang falava sem parar.

      Mingi? Sim, San sabia como Yeosang e Mingi eram próximos, mas...por que Kang não quis beijá-lo também? Ele não disse nada sobre a confissão...

      Talvez Yeosang não o amasse assim de volta.

      -Por que seu pai veio aqui ontem? Ele nunca vem, não o vi nenhuma vez depois do casamento.

      -Ele queria falar comigo sobre uma subsidiária da empresa e tal...um tipo de fábrica de celulares nova ou coisa assim. Ele comprou esses tempos e queria que eu fosse junto dele para verificar se é boa ou precisa de reformas. Vou ficar fora pelas próximas duas semanas.

      Yeosang arregalou os olhos. -Duas semanas? Por quê?

      -Eu já expliquei. - Choi deu um risinho.

      -Você não pode olhar tudo isso em menos de um dia?- Kang cruzou os braços. -Você vai ficar muito tempo longe! Eu nunca fiquei sozinho aqui! O que eu vou fazer?!

      San sorriu, fechando os olhos. -Que dependência é essa? Você precisa de mim?

     -Eu não...seu chato, cale a boca!- San continuou rindo. -Não preciso de ninguém. Se todos morressem no mundo eu ficaria muito feliz, sabia?!

      San sorriu. -Você é tão esquisito...

      -Eu só fiquei curioso. Por que precisa de duas semanas? Você tem uma família paralela por acaso? Para dividir seu tempo ou coisa assim? Uma esposa e filhos no Cazaquistão, que você engana com a desculpa de que viaja a trabalho?

      San começou a gargalhar.

      -Qual a graça?! QUAL A GRAÇA?!

      San se levantou e segurou os ombros de Yeosang, o olhando.

      -Você está com ciúmes de mim? De algo que não existe, por acaso.

      -Bem se vê que é homem!- Yeosang ergueu a mão, apontando para San. -Com essas piadinhas...

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