Ela era uma recém nascida que tinha um irmão humano. Ela caminha de mãos dadas com ele, os olhos amarelos para não assusta-lo. Ele irá fazer dezesseis anos amanhã, e ela planejou uma surpresa para ele.

- Irmã?

Ela se vira.

- O que foi?

Sua voz tine, e ela se odeia por isso. Por ser o que é.

- Você sabe que amanhã é meu aniversário, certo?

Ela ri, uma risada que parece artificial demais.

- Como eu me esqueceria?

- Será que nós podemos ir na feira? Sei lá, experimentar algo diferente, ou...

Ela parece cautelosa, e seu irmão para.

- Ah... Você não pode, né?

- Vamos lá, vai ser divertido, prometo.

Ela pega ele no colo e ele ri, como uma criança.

- Afinal, amanhã meu irmãozinho vai fazer dezesseis anos! Nem acredito!

Ela está feliz, mas ao mesmo tempo preocupada. Não sabe se seu irmão irá querer virar o que ela é. Mas, mesmo que fosse, ela não sabia se faria isso com ele.

- Meu último ano como humano, vamos lá! Eu preciso aproveitar!

- Como assim?

- Eu não quero continuar vivendo sem você. Mas eu sei que é ruim ou difícil para você ficar perto de mim, então...

- Jamais diga isso! Ficar perto de você não é um fardo. É o meu maior presente. Agora, vamos arranjar dinheiro.

Eles saem, e o garoto corre sendo seguido pela irmã.

Eles acham um viajante pelo caminho e a irmã se torna um camelo, e o irmão sobe, e assim eles pegam a bolsa do viajante, seguindo rumo a feira. O sol parece queimar a pele dele, mas ele só consegue sorrir. Ele seguem até lá, parando para dormir em um trecho, onde o garoto dorme tranquilamente aninhado em um lobo.

Os raios de sol batem com força em seu rosto, e ele pisca os olhos. Ele se levanta e sua irmã se destransforma em seguida.

- Seus olhos... Estão pretos.

É quase que um sinal, um acordo pré combinado quando eles seguem a cavalo, o irmão a procura de qualquer animal que ajudasse a irmã. O sol está em seu ápice, por isso, sua irmã continua como um camelo. Ele sabe o que acontece no sol. E por isso, eles evitam.

A feira é movimentada e cheia de gente, e o garoto experimenta cada comida que sua irmã compra. Eles ficam entre as tendas, evitando o sol, cobertos com a maior quantidade de roupas possíveis.

- Sabe o que eu acho?

- O que?

Ele aponta para uma pequena branca.

- Vamos lá, parece ser bom.

Ele abraça sua irmã.

- Obrigada. Melhor irmã do mundo.

Ela sorri, mesmo momentaneamente.

- Vem, vamos.

Eles vão até a banca, mas o feirante os olha torto. O garoto escolhe uma comida e ela paga.

Eles saem e se sentam em um canto desocupado, até ela perceberem que estão sendo seguidos.

Ela chama o garoto, que começa a correr, e ela vai atrás, e, quando ela vai pega-lo, o homem, que agora é um lobo, a derruba. Ela está fraca, e por isso, cai. O garoto é atacado pelo lobo, que o morde antes da garota pegar o irmão e correr para longe.

Escrito nas estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora