Desbloqueio o telemóvel para ver o que me esperava. Era apenas uma mensagem do meu pai a perguntar como estava e onde estava. Depois de lhe responder voltei a apreciar o meu café que, agora sabia melhor.
Observava o movimento externo. As pessoas andavam de um lado para o outro. Mulheres com sacos de compras e crianças com birras, homens e os seus carros impacientes devido ao trânsito urbano.
Havia muito barulho na cafetaria, era um barulho acolhedor até os meus ouvidos serem atacados por passos rápidos e barulhentos. À minha frente, sentada na mesma mesa que eu e com um ar parecido com o meu, parou uma rapariga de cabelos loiros acobreados, olhos esverdealhos e um ar muito doce. Parecia agitada com alguma coisa, notava-se pela sua respiração ofegante e pelo vento gelado que trouxe consigo do exterior.-E tu és...? -levantei uma sobrancelha, mostrando-:-) me incomodada com a sua presença. Ela olhou-me meio triste e retirou as suas mãos de cima da mesa colocando-as nos seus bolsos do casaco fininho que trazia pelas costas.-
-Ah, desculpa... Eu saio, não queria incomodar. -ergueu-se e virou-me as costas procurando uma mesa vazia.-
-Não... Quer dizer, podes ficar aqui... Desculpa. -falei para as suas costas.-
Era uma rapariga bastante bonita, parecia uma modelo que por várias razões tinha fugido da casa dos pais porque eles não a autorizaram a ser uma modelo internacionalmente conhecida. Ela voltou-se novamente para mim e sorriu-me, ficando parada à minha frente. Tirou uma das mãos dos bolsos do casaco e esticou-a.
-Abigail. -apertou-me a mão e eu fiz o mesmo. Sentou-se novamente à minha frente.- Desculpa sentar-me aqui mas...
-Pois, com tanta mesa vazia foi logo aqui! -interrompi-a, mas depois de o ter feito arrependi-me logo a seguir.-
-Eu vou-me embora, é na boa.
-Não Abigail, desculpa... A minha vida não tem andado a correr bem.
-E o que tenho eu a ver com isso? -disse-o ao mesmo tempo que fazia um pedido gestual por um café.-
Fiquei indignada pela sua resposta, mas também estava a merecê-las. Não havia nada mais para além do barulho da sucção que fazíamos enquanto bebiamos o café e do barulho ambiente da cafetaria.
-Não, a sério, quem és tu e o que estás a fazer sentada na minha mesa com tantas outras vazias?
-Filipa Gonçalves? Ou @willowg? -fitou-me.-
Senti-me logo assustada. Porque é que o raio daquela miúda sabia o meu nome e o meu utilizador do twitter?
-S..Sim, sou eu. Porquê?
-Conheces ou conheces-te o Ashton Irwin?
-Sim, digamos que conheci...
-Então és mesmo tu... -murmurou.-
-Sou mesmo eu? Mas olha lá miúda, quem és tu e porque me andas a seguir? -ela deu um leve sorriso, fazendo com que ficasse mais assustada e com vontade de lhe bater.-
-É assim Filipa... -juntou as nossas mãos, começando a fazer-me carícias. Deixei-me ficar.- Não sei se já ouviste falar de mim, não faço a mínima, mas eu já conheci o Ashton...
-Já o conheces-te? -olhei-a desconfiada.- Tens provas disso?
-Tenho, mas isso agora não interessa! Filipa, por favor, não te metas com o Ashton, confia em mim, não te metas com ele... -pareceu-me persistente naquilo que dizia mas desconfiei.-
-E como é que eu sei que isso é verdade?
-Eu perdi o meu irmão. -murmurou- Chamava-se Mateus e tinha 12 anos quando lhe tiraram a vida. -agarrou as minhas mãos ainda com mais força.-
-Eu... Eu lamento Abigail... -a voz falhou-me.-
-Não lamentes. Sabes quem o matou? -fez-me uma pergunta retórica sem tempo para resposta.- O Ashton.
-O quê!? -o meu coração congelou. Ela fez-me sinal para não me exaltar.-
Por um lado não conseguia acreditar no que a Abigail dizia, mas por outro lado e com as lágrimas a escorrerem-lhe pela cara abaixo, notava-se então o poder do ódio pelo Ashton.
-Filipa, só te quero proteger. Ele fez com que me apaixonasse por ele, fez com que tivéssemos uma relação. -murmurou.- Mas o que tínhamos tornou-se obsessivo e, ele ameaçou-me. Se eu o deixa-se ela matava o Mateus, e eu deixei-o. Dez dias depois estava a levar o corpo do meu irmão para o cemitério. -engoliu em seco e eu fiz o mesmo. Levantei-me e fui-me sentar a seu lado.-
Só queria abraça-la. Queria dizer-lhe o quanto lamentava, o quanto temia por ela, mas não consegui dizer nada. -Foi difícil.
-Mas se sabes que foi ele e tens provas disso, porque é que não o foste denunciar à polícia?
-Eu tenho medo Filipa... Tanto medo...
-Mas ele matou o teu irmão!
-Eu sei que matou, mas ele tem muito dinheiro, dava cabo da minha família e da minha vida em dois tempos.
-Qual foi a justificação para a morte do Mateus?
-Por hipotermia. O quarto dele naquela manhã estava gelado, como se a janela ou a porta do quarto estivesse aberta durante toda a noite.
O meu coração pareceu acelarar. Respirei fundo.
-Abigail, eu vou-te apoiar. Promete-me que me vais ajudar se o Ashton me fizer mal...
-Prometo. Mas a partir de agora, Filipa, don't go.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filipa, don't go. - ashton irwin
Teen FictionO meu nome é Filipa, tenho 17 anos e sou de Almada. Moro num dos bairros mais horrendos de Almada, nem sei porquê, os meus pais são podres de ricos mas nunca se preocuparam onde moram. Sou filha única, não é bom nem mau porque tendo irmãos eles iria...