Capítulo V

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Passaram-se três semanas desde da minha grande constipação que quase acabou com a minha vida. Finalmente estava de ferias, 12°ano acabado, boa Filipa.

Falei com os meus pais acerca de eu poder ir para a Austrália, eles disseram logo que sim e quando eu quisesse ir, eles levavam-me ao aeroporto. Querem é ver-se livres aqui da filha.

Estava tão entusiasmada por poder ir viajar, ir visitar os meus tios e poder estar perto de pessoas que não conheço. Mas por outro lado não queria ir, desde que tive aquele sonho estranho, que chorei por causa de um papel que não queria estar no mesmo espaço com aqueles quatro miúdos, mas ir à Austrália e não ir a um concerto deles ia-me deixar extremamente arrependida assim que chegasse a Portugal.

Hoje era dia de os meus pais irem sair à noite por isso fiquei com a simpática e velhota da Leonor e para a festa ficar super interessante a Leonor trouxe a neta dela, a Francisquinha.

Leonor- Francisca, querida, aqui a menina Filipa também gosta daquela banda.. -ela colocou a mão no meu ombro como se me estivesse a oferecer. Reparei nos olhos da Francisca que brilhavam e o seu sorriso ficou enorme.-

Francisca- A sério Filipa? -ela agarrou uma das minhas mãos mas eu afastei-a logo.-

Filipa- Sim e eu.. -ela para lhe dizer que ia à Austrália, mas calei-me, apesar de tudo não queria deixar a miuda triste por não me puder acompanhar já que os pais dela tem pouco dinheiro, e obviamente não iriam gastar o pouco que tem para alimentar as birras de uma pré-adolescente-

Continuamos na conversa até eu me fartar e 'expulsar' a Leonor e a sua neta ranhosa do meu quarto. Finalmente em paz. O silêncio instalou-se no meu quarto. Para sempre em paz.

Como não tinha nada que fazer e o meu quarto não parecia nem uma papelaria, nem uma loja de roupa, nem uma fabrica de tabaco, decidi começar a fazer as malas para a minha viagem.

Mas nem demorou muito tempo até o meu quarto parecer uma tremenda loja de roupa depois dos saldos, ahahaha nao vou arrumar outra vez, que se lixe. Mas finalmente depois de uma boa meia hora a minha mala estava perfeitamente em condições.

Decidi esperar pelo amanhã para dizer aos meus pais que queria ir já no mesmo dia para a Austrália.

De todas as pessoas que me rodeiam, eu vou sentir tanta falta deles durante este mês. Oh Ruby, porquê? Porquenãovenscomigo? Sim, de todas as almas que me rodeiam, aquele corpo peludo com cheiro a mofo é de quem eu vou sentir mais saudades, mas é só um mês sozinho em casa com os meus pais, ele aguenta.

Acordei bastante cedo, queria encontrar a minha mãe antes que ela partisse para o trabalho, para isso tinha que me entreter para não adormecer, logo fui ver televisão. Mas será que não há canal nenhum de jeito? Só dá programas de velhas, ou o telejornal, que desespero!

Como a televisão não me agradou fiquei nos miminhos com o Ruby e até esse sacana me abandonou.
Lembra-te Ruby, quando estiver fumar um charro não vou pensar duas vezes em mandar-te o fumo contra o focinho, seu vadio.

Os meus pais acordaram cerca de meia hora depois e ficaram super admirados por me verem acordada, até eu própria ficava.

Mãe- Filipa que faz acordada a estas horas? -ela arrastou aquele corpo fino, perfeito e esbelto até mim e ficou-me a olhar-

Filipa- Queria fazer-vos uma pergunta mas para isso tinha que acordar cedo. Indirectamente mandei-lhe à cara que nunca os vejo.

Pai- Diz lá, vá. -o meu pai  é extremamente impaciente, ele é aquele tipo de homem que diz logo 'não' aos meus pedidos, porém quando a minha mãe diz que 'sim' ele não consegue competir contra a mulher e acaba por ceder-

Filipa- Eu queria ir, ainda hoje, para a Austrália. Já falei com os tios pela internet e eles não se importam de me receber ainda hoje. -acho que disse demasiado rápido. Isso reparou-se porque a minha mãe piscou os olhos muitas vezes seguidas-

Mãe- Mas já tens tudo pronto? Mala, passaporte, tudo?

Filipa- Tudo. Preciso só da vossa confirmação e que alguém me leve ao aeroporto. -o meu pai abanou logo a cabeça, devia estar a pensar que eu estava doida ou coisa assim parecida. A minha mãe deu de ombros e colocou a mão na testa como se aquilo fosse uma dor de cabeca-

Mãe- Vá se vestir e comer. -percebi logo que aquilo era um 'sim'-

Saltei do sofá e fui a correr tomar banho, devia cheirar a morto e o meu cabelo parecia um ninho de ratos, mas ficou tudo no lugar quando sai da banheira e me arranjei. Agora que eu me olhava ao espelho reparei o quanto era parecida com a minha mãe, cara pálida com as bochechas rosadas, olhos castanhos muitos escuros, cabelo encaracolado só nas pontas. Eu sou minha mãe, quer queira, quer não.

Para não me atrasar e para os meus pais não começarem com coisas, sai da casa de banho e apresentei-me na sala. Não comi nada em casa, apenas levei um resto de uma sandes que tinha feito ontem e um sumo em pacote.

Os meus pais deixaram-me no aeroporto com o bilhete já reservado. Disseram-me que o avião para Sidney iria partir daqui a 2 horas, isso daria tempo para fazer o check-in, passar com as malas no detector de metais e ler uma nojenta revista cor-de-rosa a falar da vida dos outros.

Depois de embarcar e de me instalar na minha cadeira, encostei a minha cabeca no vidro e comecei a observar as asas da aeronave que me iria levar para Sidney. Surgiam perguntas sem resposta na minha cabeça. Será que vai correr tudo bem? Irei conhecer aqueles miudos 'calientes' ? Será que o Ruby vai fazer cocó no meu tapete? Eram mesmo perguntas sem resposta. E algumas delas faziam-me ficar enjoada e com vontade de vomitar para cima da hospedeira que quase não me deixou embarcar por eu ser menor de idade. Consegui sua idiota.

Filipa, don't go. - ashton irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora