Passaram-se dois dias desde que tive aquele sonho estranho, nunca mais o tive mas não deixei de pensar naquela voz tão doce que incendiou os meus ouvidos com aquele grito rouco.
A minha constipação melhorou mas sinto-me uma merda. Não tenho comido nada de jeito, não saio de casa, não fumo, nem sequer me lembro da ultima vez que tomei banho. Fui-me abaixo com uma constipação'zinha. Apesar disso não vejo os pais pais há dois dias, podia estar a morrer nem se davam ao trabalho de entrar no quarto.
As minhas companhias são o Ruby e a música, os únicos que suportam a minha dor de estar a afogar-me em ranho e em papéis. Para não falar do meu quarto, que virou uma papelaria.Filipa- Amanhã vais arrumar esta porcaria toda, ouviste bem Filipa Luz? -disse para mim mesma mas o suficiente alto para que o Ruby ficasse a olhar para mim como se eu fosse uma doida-
Fiquei mais umas duas horas a assoar o nariz e a dizer ao Ruby o quanto o amava, até que decidi arrumar o quarto. Já me sentia bem, um pouco cansada, mas tambem não me apetecia dormir mais uma vez no lixo, a que eu chamava quarto.
Levantei-me indo buscar o caixote do lixo e comecei a colocar lá para dentro todos os lencos que encontrava, até que no meio da minha limpeza encontrei aquele papel que a Leonor me deu, ainda mais amarrotado do que me fora entregado. Fiquei a olha-lo durante tanto tempo, perdi-me completamente nos corpos de cada membro da banda, mas fixei-me no Ashton e uma lágrima vinda do além manchou a tinta da folha.Filipa- Estás-te a passar Filipa, só pode. -limpei rapidamente a outra lágrima que seguia pelo meu rosto e que estava pronta a cair-
Amarrotei aquela folha e coloquei-a no lixo. O que se passa comigo?
Quando terminei de arrumar o quarto já era quase hora de almoço, estava esfomeada, mas quase que aposto que não me deixaram comer. Saí do quarto, arrastando aquilo a que eu chamava de corpo, até à cozinha. NADA no fogão, NADA no frigorífico.
Acabei por fazer uma tosta e aqueci um copo de leite no microondas, que foram levados juntamente comigo para a sala, onde me pus confortável para ter uma tarde cheia de séries televisivas e deprimentes.
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Filipa, don't go. - ashton irwin
Teen FictionO meu nome é Filipa, tenho 17 anos e sou de Almada. Moro num dos bairros mais horrendos de Almada, nem sei porquê, os meus pais são podres de ricos mas nunca se preocuparam onde moram. Sou filha única, não é bom nem mau porque tendo irmãos eles iria...