No outro dia, eu faltei no ensaio de Natal da escola para me encontrar com a Jeannie e termos nossa primeira aula. Estava nervosa, mas animada. Finalmente iria aprender o que eu tanto gosto, que é costurar.
Chego na boutique, bato na porta e espero. Depois de um tempo, ela me atende com um sorriso no rosto.
- Que bom te ver, querida! Vamos, entre. - Ela dá um espaço para eu passar. - Preparei chá e biscoitos para comermos durante a aula.
- Obrigada. - Ela me levou para os fundos da loja, naquela mesma mesinha de antes. Dessa vez ela estava decorada com um vaso de margaridas e um conjunto de chá de porcelana, com detalhes delicados de dourado e algumas flores desenhadas. E não pude deixar de sentir o cheiro dos biscoitos. - Parecem deliciosos, o cheiro está divino. Posso pegar um?
- Claro! Eles são para você. - Ela se senta também. - Tem alguma ideia do que vamos fazer hoje?
- Na verdade, não. - Vejo uns desenhos pendurados na parede e falo: - Eu também desenhava, até teria trazido, mas eu os esqueci no orfanato.
- Quer desenhar um agora? - Faço um sim com a cabeça, já que minha boca estava cheia de biscoito. Ela se levanta e vai pegar papel e o lápis para eu começar.
Começo a rabiscar algumas ideias enquanto como os biscoitos. As margaridas no vaso parecem me inspirar, e logo estou desenhando um esboço de vestido com detalhes florais.
- Você tem algum tema em mente para o seu primeiro vestido? - pergunta Jeannie, observando meu trabalho com curiosidade.
- Eu estava pensando em algo leve e alegre, talvez um vestido de verão. Mas ainda estou decidindo - respondo, sem tirar os olhos do papel.
Jeannie sorri e se aproxima para dar uma olhada no meu desenho.
- É um ótimo começo. Que tal começarmos com uma peça simples para você se familiarizar com os tecidos e as técnicas? Podemos fazer um vestido de verão, como você sugeriu.
- Parece perfeito! - digo, empolgada.
Jeannie me mostra alguns tecidos e padrões disponíveis. Eu escolho um tecido claro e leve que combina com o que eu desenhei.
- Agora, vamos passar para a parte prática. Vou te ensinar a fazer um molde básico e depois começaremos a cortar o tecido.
Jeannie me explica e me orienta passo a passo, mostrando como medir e cortar o tecido com precisão. É muito relaxante, e consigo fazer sem dificuldade. Quanto mais trabalho nos tecidos, mais ideias vão chegando na minha cabeça. Acho que vou fazer um vestido curto, com mangas leves e com pequenas rosas e margaridas bordadas. Vai ficar encantador.
- Está indo muito bem! - Elogia Jeannie, enquanto trabalhamos juntas no vestido. Eu olho para o o que fizemos e me sinto realizada. A costura está começando a se revelar como a paixão que eu sempre soube que era.
- Obrigada, Jeannie. Isso é incrível - digo, sinceramente.
- Eu estou feliz que você esteja gostando. E lembre-se, o mais importante é se divertir e não ter medo de errar. É assim que a gente aprende.
Sorrio para ela, e a mesma retribui. Jeannie se mostrou uma professora muito paciente e querida, estou feliz de poder ter essas aulas com ela.
Depois de um tempo a aula acaba, agradeço ela e vou embora. Deixei o vestido lá, pois vamos continua-lo no próximo encontro. Gostei de ter ido e aprender coisas novas.
Chegando em casa, vejo Anne de longe, parada em frente a porta. Me aproximo para perguntar o que está acontecendo, mas escuto Marilla gritando do lado de dentro:
- Esta casa é minha também! Da Anne e da Izabel!
- Eu não queria falar sobre isso - retrucou Matthew.
- Você não confia em mim para falar do futuro? Do futuro das meninas?
- O que está acontecendo? - pergunto para Anne.
- Nós estamos falidos! - ela diz, aflita.
- Como assim?
Ela não me responde e então entramos. Vimos o Matthew caindo e escutamos a Marilla gritando na sala, corremos em sua direção para ajudar.
{...}
Depois que o médico chegou, colocamos Matthew deitado na cama e ele disse:
- Ele teve um ataque cardíaco, a chamada trombose coronária. Ele teve sorte que não foi fatal. Mas, tenham cuidado, porque ele corre um sério perigo. Levará muito tempo para se recuperar. Precisará de meses de descanso sem estresse ou trabalho físico de nenhum tipo.
- Obrigada. - E assim o médico vai embora.
Marilla está notavelmente transtornada, e passou o resto do dia cuidando das contas. Não sei o que aconteceu, mas parece que perdemos muito dinheiro, e não sabemos como será daqui pra frente.
Decidi me deitar, mas não conseguia parar de lembrar da cena de Matthew no chão. Eu fiquei desesperada, temendo pelo pior. Agora ele está melhor, mas ainda me sinto angustiada. Será que ele vai melhorar? Como será que vamos sair dessa situação? Será que eles vão nos devolver para o orfanato...?
Não! Eu não vou pensar nisso. Eles nos adotaram, e agora somos Cuthbert tanto quanto eles. Eles não iriam nos levar de volta para aquele lugar porque nós estamos falidos... Certo?
Sem perceber, começo a chorar. Não sei dizer se é pelo Matthew ou pela possibilidade de voltarmos para o orfanato. Provavelmente, é uma somatização dos dois. Realmente, não sei o que será daqui para frente, mas espero que consigamos nos reerguer.
{...}
Oioi pessoal! DESCULPEM PELA DEMORA DE NOVO 😭 Tava difícil arranjar tempo, e nós iríamos postar esse capítulo com um maior, mas ainda não conseguimos escrever esse segundo, então pra não demorar ainda mais pra postar, aí está um menorzinho. Nós também gravamos um vídeo de como é o nosso processo no TikTok, vão lá dar uma olhada! Leiam, votem e comentem <3 beijusss
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I HATE THAT FRENCH BOY
FanfikceImagine se, ao invés de um garoto, os irmãos Cuthbert na verdade quisessem dois? E ainda por cima, por conta de um erro de comunicação, duas garotas aparecessem em Avonlea? Uma, sendo nossa tão amada Anne Shirley, e outra sendo Izabel Bianche, uma...