Em Chamas [Livro 1]

1.1.1

Canterlot High School. Cidade de Canterlot.

As coisas que perdemos têm uma
maneira de voltar para nós no final,
se não sempre da forma que esperamos.

Mesmo naqueles saltos, os meus ombros apenas roçavam aos de Sunset. A ruiva, que mantinha uma expressão séria demais para ocasião, fundia uma dicotomia entre nossas áureas: Ela comportava um terno branco, de tecido sintético e modelagem moderadamente folgada, criando um movimento interessante ao moderno conjunto. Enquanto isso, eu vestia um vestido de gala padrão, com pouca individualidade, mas muita sofisticação.

Segurei os brotos de lágrimas, ao perceber que vistoriava a sua roupa, como se entendesse algo sobre moda, aplicando os mesmos requisitos da Rarity de lá. Me movimento para secá-los, atraindo a sua atenção de escanteio. O seu olhar azul estava iluminado, polido, afiado. Bem cuidado...

Engulo em seco, reparando que seus dedos também se movimentaram nervosamente. Suas mãos se entrelaçaram na frente do corpo, remexendo em seus anéis de forma obsessiva.

— Está muito bem, Shimmer.

A elogio calculadamente, observando que as suas unhas eram tingidas em negro, o seu blazer estava jovialmente entreaberto e o modelo de seu tênis negligenciava plataformas, a conferindo uma atmosfera responsavelmente descolada.

— E você parece uma princesa em um baile real, Twilight. Seguindo à risca o que se espera.

Suspiro, me vistoriando mais uma vez. Não é como se eu tivesse tido escolha – ou como se fosse realizar uma escolha diferente.

Uma dose de curiosidade me dominava: Será que a ruiva suspeitava que Rarity teria confeccionado a roupa que me adornava?

Creio que sim.

— Eles costumam demorar?

Questiono, enfocando nos arredores: A equipe de backstage organizava os impecáveis fios de cabelo de Celestia. Os fotógrafos testavam a melhor luz e a produção se movimentava freneticamente enquanto as pessoas da audiência se aglomeravam, inquietas, porém respeitosas. Pude até avistar Applejack, Fluttershy e Pinkamena conversando freneticamente, já que nada acontecia.

— Sei tanto quanto você.

Assinto ao ouvi-la, engolindo em seco. Nossas falas eram curtas, nitidamente ruminadas. Não estávamos de bem. Explodiríamos muito em breve.

— Você parece inquieta pela coroa — comento, apontando para o acolchoado vazio, onde, em breve, a depositariam às vistas de todos.

— Por mim, Twilight, poderiam parti-la ao meio que não me doeria em nada.

— Suas ações exprimem o inverso.

— Ter a coroa apenas significa te ter, o que significa ditar as regras do meu jogo. Para você, significa salvar a vida de pessoas abstratas e conquistar o respeito temporário de uma rainha que, no primeiro desvio que propuser, te jogará aos cães e destruirá a utopia que é a relação entre vocês.

Franzi o cenho, não compreendendo muito do que quis insinuar, mas me adiantando em discordar:

— Não finja que isto tudo não é sobre a magia. Conheço vilões como você e conheço você — Shimmer ergue as sobrancelhas, zombando — Você quer poder. Quer a coroa porque quer magia.

— Me responda, Sparkle: O que eu faria com a magia? — seu queixo se volta ao meu rosto, se dando ao trabalho de me encarar — Abduziria a todos? Formaria um exército zumbi e dominaria este mundo? Ou todos os mundos? Se o que quero é poder, onde está a porra da graça deste plano?