• The Scientist

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"Vim para te encontrar, dizer que sinto muitoVocê não sabe quão adorável você é
Eu tinha que te encontrar, dizer que preciso de você
E dizer que te escolhi"

The Scientist - Coldplay


Carina olhou para o pai sem conseguir segurar uma gargalhada alta, ela já desconfiava a um tempo que ele estava ficando louco, mas agora teve total certeza. Já não bastava querer que ela se casasse a qualquer custo, agora ela teria que casar com um inimigo. 

— Isso só pode ser uma pegadinha  — ela falou ainda rindo — Ou eu vou começar a me preocupar com você papa.

— Eu nunca falei tão serio em toda minha vida Carina — Vicenzo disse com os olhos brilhando — E isso vai ser bom pra você também

— Impossível — ela riu com ironia.

— Você não vai precisar ficar casada com ele por muito tempo — ele acariciou o rosto da filha — Apenas até ter um herdeiro e após isso nós nos livramos dele, eu tomo conta de tudo e você vive sua vida como bem entender. Ser viúva não será uma vergonha.

— Você está realmente louco — Carina disse tirando a mão dele do seu rosto e se afastando, eu nunca irei me casar com alguém para matar essa pessoa, isso é cruel — ela olhou pro pai enojada.

Não que ela não soubesse sobre as coisas sujas do pai, mas ele sempre concordou em deixar ela longe de tudo isso e agora simplesmente propor que ela se colocasse em perigo dessa forma.

— Acho que você não está entendendo a situação Carina — ele disse com um olhar sério — Não foi uma pergunta, eu estou te informando.

— Você não pode me obrigar — ela falou encarando ele nos olhos, não iria abaixar a guarda.

— Eu acho que posso — ele deu uma risadinha olhando ao redor do ateliê — Primeira começando com todas essas suas porcarias, que virariam pó depois de eu atear fogo nesse lugar e se ainda não for suficiente, eu posso acabar com aquele chiqueiro de criancinhas.

Os olhos de Carina se encheram de lágrimas instantaneamente, ela nunca imaginou que ele pudesse ser tão baixo.

— Você seria realmente capaz de tocar em crianças? crianças orfãs para me obrigar? eu não achei que você poderia ser tão baixo. — ela disse com a voz tremula, ele tinha quebrado seu coração em mil pedaços.

— Estou fazendo o que é melhor para nossa família bambina, um dia você terá maturidade pra entender.

— Não ouse me chamar assim — ela quase cuspiu no seu rosto — Você não tem o direito de me chamar como a mamma chamava — as lágrimas corriam incessantemente pelo seu rosto — Não depois de ameaçar a única coisa que ela amava, que ela deu a vida por aquele abrigo e ela sempre esteve certa, a única coisa que te importa é o poder. Agora saia do meu ateliê.

Vicenzo olhou para a filha com o maxilar trancado, ela manteve o olhar firme e jurou ter visto um vislumbre de dor nos seus olhos mas logo sumiu enquanto ele caminhava até a porta.

— Esteja pronta as 19h — ele disse antes de sair.

A cabeça de Maya parecia que iria explodir antes dela dar conta de toda aquela papelada, como seu pai conseguia liderar uma máfia sendo tão desorganizado? por isso que parecia estar tudo dando errado, aquilo precisava de uma reforma o mais rápido possível.

— Mandou me chamar senhorita Messina? — Giuseppe disse entrando no escritório.

— Sim! — ela assentiu — Estou trabalhando nas contas e gostaria de entender esses custos aqui que não estão sinalizados, parece gastos para uma casa?

— Porque são para uma casa — ele falou — Aqui na propriedade.

— Que casa é essa que eu desconheço? — ela perguntou confusa.

— A casa da senhora shepherd — ele respondeu — Ela mora conosco desde que o marido faleceu, ele era braço direito do seu pai e ele acolheu a família, a senhora Amélia também cuidou muito de sua mãe nos últimos dias.

— E você não achou que deveria me informar disso por qual motivo? — ela perguntou mais rispida do que gostaria.

— Me perdoe, não achei que fosse importante — ele disse arrependido e Maya viu sinceridade no seu olhar.

— Tudo sobre a minha mãe é importante Giuseppe — ela falou — Agora me leve até essa Amélia por favor.

Maya seguia Giuseppe pela propriedade e seu coração batia tão forte que ela tinha medo que alguém ouvisse, ela esfregou as mãos no jeans escuro tentando secar o suor. Ela sempre pensava na morte da mãe e em como tinha sido seus últimos dias, ela sofria pensando nela sozinha e abandonada a  própia sorte, mas saber que alguém tinha cuidado dela trazia uma paz ao seu coração. 

— É ali — ele apontou para um pequeno chalé bem ao fundo.

— Pode voltar — ela falou — Daqui eu sigo sozinha.

Giuseppe assentiu pegando o caminho de volta enquanto Maya seguia até o chalé, ela empurrou o portão frágil de madeira, quando ouviu uma voz baixa e firme.

— O que você quer aqui? — ela olhou para o lado vendo um garoto que não tinha mais que 14 anos a encarando.

— Tenho assuntos a tratar com um adulto responsável — Maya quase revirou os olhos achando graça do adolescente cheirando a xixi tentando a intimidar.

— Você não pode entrar na minha casa sem autorização — ele disse se aproximando.

— Você realmente não deve saber quem eu sou não é pirralho?

— Não deve ser ninguém importante, afinal é uma mulher — ele praticamente cuspiu.

Maya quase não conseguia acreditar na quantidade de machismo que poderia sair da boca daquele projeto de ser humano, mas não poderiam esperar nada de diferente das pessoas daquele lugar.

— Basta Max — uma voz feminina chamou atenção de Maya.

— Ela não está autorizada a entrar aqui mãe — ele disse apertando as sobrancelhas.

— Ela está autorizada a entrar onde ela quiser — a mulher falou novamente — Afinal ela dona disso tudo aqui.

O garoto Max olhou para Maya boquiaberto mas logo percebeu o momento de fraqueza e voltou a expressão seria.

— Você deve ser Amélia — Maya disse indo em direção a mulher.

— Sim — ela confirmou — Eu estava esperando que você me procurasse Maya.





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