Duas Rainhas, Um trono.

Everybody Dies

Eu não quero chorar
Alguns dias eu choro, mas não por sua causa
É muita coisa em que pensar
O mundo que estou acostumada
Aquele que não posso recuperar
Pelo menos não por enquanto
Everybody Dies - Billie  Eilish

E logo Carina se sentiu nua, não nua fisicamente mas por dentro, ela estava completamente vulnerável, ela se afastou do corpo de Maya ajeitando o vestido enquanto se olhava no espelho tentando voltar  ao seu normal. Maya notou que havia algo estranho, mesmo com a raiva de antes ela não sentia toda essa energia vindo de Carina.

— Ei — ela segurou o braço da morena que empurrou suas mãos com força.

— Tire as mãos de mim — Carina gritou para ela — Eu não te dei direito de me tocar nem na primeira vez nem agora.

— Você gostou — Maya falou num tom de voz neutro, ela não estava gostando do rumo que essa conversa estava seguindo  — Você não pediu para parar nenhuma vez, pelo contrário.

— Não importa! eu não te dei autorização e você não vai mais tocar em mim, sei que isso não pertence ao vocabulário de vocês mas espero que você respeite isso. — ela falou olhando fixamente para aqueles grandes olhos azuis.

— Eu jamais tocaria em você contra a sua vontade — Maya falou se voltando ao espelho incapaz de olhar Carina nos olhos, aquilo tinha machucado ela mais do que ela imaginava.

— Eu não te conheço e não confio em você — Carina falou incomodada pelo fato da loira não olhar mais para ela.

Maya apoiou as duas mãos na borda da pia apertando com força enquanto tentava organizar seus pensamentos, ela nao devia ter se deixado levar, ela tinha um propósito dentro da mafia e não poderia perder tempo com nenhuma mulher, principalmente sendo quem era, ela só estava se colocando em risco.

— Quero você fora da minha casa — Maya disse entredentes ainda sem olhar pra Carina.

— Eu vou... — Carina começou a falar mas Maya a interrompeu.

— Você vai embora agora, não me importa como! mas eu quero você suma daqui e nunca mais ouse colocar os pés em uma propriedade minha! ou eu saio desse banheiro agora e te entrego pro primeiro que quiser iniciar uma guerra com seu pai.

Carina já tinha visto todas as nuances dos olhos de Maya mas a raiva que ela enxergava neles agora a assustou um pouco.

— Você não seria capaz disso — ela balançou a cabeça em negação com um sorriso nervoso.

— Mais uma vez duvidando de mim — Maya se aproximou sem tirar os olhos de Carina — Não se deve duvidar de pessoas que você não confia — ela sussurrou no ouvido da morena — Fora daqui agora DeLuca.

Carina engoliu seco enquanto saia do banheiro o mais rápido possível, ela pode sentir a raiva que Maya tinha e não iria se arriscar apenas por orgulho, enquanto ia em direção a saída ela notou um par de olhos acompanhar seus movimentos e olhou para o lado vendo que era a mulher que estava com a Maya na primeira festa, a mulher levantou uma sobrancelha desconfiada e Carina desviou o olhar começando a pensar se ela talvez não fosse uma namorada de Maya.

Após se recompor Maya saiu do banheiro andando em direção ao chefe de segurança falando no seu ouvido.

— Mande um guarda acompanhar a DeLuca para casa, e garantir que ela esteja segura.

— Senhorita Messina, nos não podemos adentrar o território dos DeLuca — ele falou olhando pra ela confuso.

— No território da sua família ela está segura, mas existe um trajeto até lá que vocês podem transitar não é? ou eu estou errada — ela perguntou fechando os olhos pela raiva.

— Você está certa senhorita Messina, me desculpe vou fazer isso imediatamente.

Maya saiu do salão indo em direção ao seu quarto, ela precisava de silêncio, de um tempo sozinha para esvaziar seus pensamentos. Ela entrou no seu quarto trancado a porta e deitou na sua cama encarando o teto, o tom de azul refletindo o fundo do mar com animais marinhos delicadamente pintados a mão pela sua mãe sempre cumpriam a missão de a acalmar.

Katherine era uma artista, ela tinha a alma mais sensível e iluminada que Maya já havia visto e Mason puxou esse dom dela, enquanto Maya? ela era uma líder a cópia exata do seu pai, na infância Maya costumava chorar sempre que diziam isso para ela, ela não queria ser como Lane mas a mãe sempre a abraçava e dizia que ela tinha um coração grande e puro e isso era muito maior que a sua personalidade,

Maya odiava tudo sobre o pai, ele nunca foi um exemplo ou um herói para ela, mesmo na américa quando ela teve que assumir o sobrenome Bishop da família paterna, ela tentava se convencer que era Bishop como a sua avó, que nos poucos anos que Maya conviveu lhe ensinou tudo sobre ser uma mulher forte.

Ela se levantou encarando o espelho e respirando fundo.

— Você é Maya Bishop, você engolia qualquer pessoa que pisasse no seu caminho na américa, você é uma Messina, você tem um legado e um propósito que não vai ser destruído por nenhuma mulher.

E com um sorriso forçado e a cabeça no lugar ela voltou para a festa para seguir com o seu trabalho, mesmo que seu coração contasse com um buraco.

No outro dia ela corria na esteira com o som tão alto nos fones de ouvido que não podia escutar nada ao redor, mas ela sentiu uma presença ao seu redor e olhou para o lado vendo Andy parada do seu lado.

— Pode falar Andy — ela disse pausando a música sem diminuir o ritmo.

— O que aconteceu entre você e a DeLuca ontem? — Andy perguntou diretamente.

— Porque a pergunta? — Maya falou tentando fugir do assunto.

— Jack disse que ela entrou no carro dela chorando ontem.

— Quem é Jack? — Maya olhou pra ela novamente diminuindo a velocidade.

— Jack Gibson, um dos seguranças — Andy falou e Maya notou seu tom levemente envergonhado como se estivesse escondendo algo.

— Droga Herrera, você já está transando com um dos meus funcionários — Maya suspirou.

— Não é como se eu tivesse muitas opções não é? — Andy deu os ombros — Mas não foge do assunto, o que aconteceu?

— Não aconteceu nada — Maya mentiu — Não sei porque essa curiosidade você mesma disse que eu deveria ficar longe dela.

— Disse e sei que você não fez.