Crow Chronicles - Six of crows

Capítulo bônus

Notas: Eu achei esse rascunho perdido nos meus documentos e resolvi postar depois de muuuuito tempo kakaka Boa leitura!

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"Ele quer casar virgem" Nina anunciou, um tanto mais apavorada do que achou que estaria por isso (algo que ela tentou esconder até então).

"Que?" Jesper indagou, quase cuspindo seu café. Ele olhou para Nina incrédulo, a garota cobria a boca com a mão, como se ter contado aquilo fosse igual a ter xingado a mãe morta de Jes.

"Eu sei! Quer dizer, é fofo" Nina tentou justificar, dando de ombros. O que ela estava pensando era algo como 'Deus, é fofo DEMAIS para mim', embora dificilmente fosse confessar. "Mas é meio estranho, não acha?" sugeriu, ansiosa pela reação do Fahey.

"Eu tenho a impressão que Inej faria o mesmo, então não sei até onde nosso grupo está okey com isso" Jesper ponderou, colocando a xícara próxima a boca, mas sem realmente ousar colocar o café na boca antes que Nina terminasse de falar – secretamente ele estava esperando por mais informações chocantes sobre Matthias.

"Eu não sei se quero me casar" a garota murmurou descontente, olhando para uma formiga passeando pela mesa da cafeteria.

"Ele não fez o pedido, não se precipite" debochou com uma risadinha breve. A Zenik bufou, mas logo se recuperou do assunto e apoiou os braços na mesa para iniciar outro tópico que vez ou outra ainda assombrava sua mente inquieta.

"Mudando de assunto, sabe como Inej e Kaz se resolveram?" ela quis saber, fazia um bom tempo desde o desenrolar da história, mas aquilo ainda despertava seu interesse.

"Nenhum deles contou para mim. E você?" Jesper disse e ganhou uma negativa silenciosa da amiga. Os dois tiveram que ocultar suas tristezas pela falta de informações relacionada ao 'reatar' dos amigos.

"Só não é o final que eu esperava..." Nina resmungou, se perguntando se eventualmente Inej e Kaz formariam um casal, ou se esperariam o fim do mundo acontecer antes.

"Bem, eles fazem as próprias decisões" Jesper concluiu dando de ombros, ele realmente pensava que não havia muito a ser feito no caso daqueles dois. "Que dia é hoje?" perguntou de repente, como se uma lâmpada se acendesse acima de sua cabeça.

"Onze" Nina murmurou, bebericando seu chocolate quente.

"De outubro?"

"Sim, porque?"

"Kaz e Inej se conheceram hoje, três anos atrás" Jes abriu um sorrisinho por pensar no fato. Era realmente curioso pensar que já fazia tanto tempo.

"Se conheceram juntos?"

"Sim. Na verdade, eu já conhecia Kaz a dois anos quando Inej chegou. Nós tínhamos doze quando começamos a sair por aí cometendo alguns pequenos delitos" o Fahey deu de ombros com um sorriso no rosto. Ele não se arrependia de qualquer um desses delitos, pelo contrário, era uma lembrança doce demais para não ser pensada com carinho. Eles eram livres e insanos, como garotos deveriam ser.

"Kaz jovem delinquente é um eufemismo" Nina bebericou o chá ao murmurar sua opinião. "Não sei como ele nunca foi preso" pontuou, erguendo uma sobrancelha para Jesper.

"Ele é rico" Jesper latiu em uma risada divertida. Se Kaz fosse algo menos que Kaz, provavelmente ele teria passado metade da vida em um reformatório estadual.

"Como você nunca foi preso?" a Zenik se corrigiu, lançando o argumento com uma dose extra de bom humor.

"Fui detido algumas vezes" a informação foi dada sem arrependimentos ou culpa, o que pareceu um agravante para que Nina se engasgasse com o chá. "Me surpreende que você também não tenha sido" Jesper pontuou com uma risada gostosa.

"Eu já fui uma boa garota, isso só mudou de um ano para cá, quando me mudei" disse e piscou o olho para o amigo.

"Inej também havia se mudado quando nos conheceu" murmurou saudoso, o que fez Nina simplesmente balançar a cabeça em uma negativa, apesar de sua face sorridente e afoita por uma boa back story para aquele trio.

"Vai contar a história ou não?" indagou, se inclinando um pouco mais em direção ao Fahey.

"Não há muito o que contar na verdade..." Jespe mentiu, aproveitando o momento para fazer uma pausa dramática antes de começar a história:

"Estávamos andando pela orla, completamente alheios a tudo que não fosse uma boa oportunidade de confusão. Éramos agentes do caos, por assim dizer, sem rumo ou direção além do que nossos pensamentos tolos mandavam. Kaz não era exatamente imprudente e, talvez, exatamente por isso eu tenha me aliado a ele tão rápido (era a forma mais rápida de barrar meus impulsos que me colocariam em problemas maiores dos que eu poderia lidar). O fato é que parecia mais um dia normal em que nós dois estaríamos arrumando pequenos problemas por aí, exceto pelos navios de carregamentos que não paravam de chegar até tudo virou um verdadeiro tumulto como fazia tempos que não acontecia. Pessoas, animais, vendedores, trabalhadores, cargas... Tudo parecia se apinhar até tornar a orla impossível de respirar, o que significava, é claro, que..."

"Kaz" Nina arfou a informação, interrompendo o fluxo de palavras de Jesper.

"Sim. Ele parecia branco como papel e assustado como uma criança. Nós nunca tínhamos nos metido tão a fundo nos becos e vielas daquela parte da orla, mas parecia que era a única coisa que conseguiria nos distanciar das multidões naquela situação. E estava tarde... O sol estava se escondendo e tudo estava ganhando aquele aspecto cinza-gelado de quando faz frio e a noite ganha espaço mais cedo do que deveria.

Foi quando a gente viu a Inej. Ela estava na rua e tinha dois caras atrás dela, não tipo andando com ela. Eles disseram umas coisas bem ofensivas e ela tentou ignorar. Achei que eles iam simplesmente pular em cima dela igual dois animais. Foi quando entramos em ação."

"Por favor, me digam que deram uma surra nos dois" Nina exigiu, ficando um pouco vermelha de raiva.

"Quase isso. Não precisei falar nada para Kaz entender. Eu entrei em outra viela e corri para pegá-los por trás... Enquanto isso, Kaz derrubou um dos idiotas e mandou Inej se esconder. É claro que ela ficou puta... Ela tentou discutir com Kaz, mas ele simplesmente deu para ela um canivete em vez de brigar."

"O maior dos feministas" a Zenik debochou um pouco preocupada por imaginar que eles eram assim tão novos e já tão envoltos por problemas e tendências violentas. A verdade é que ela estava realmente um pouco surpreendida com Kaz nessa situação.

"Absolutamente. Eu apareci e soquei um dos caras enquanto o outro fugia. Salvamos o dia... Tirando o fato que Inej usou o canivete de Kaz para nos ameaçar caso tentássemos fazer alguma coisa. Acho que foi naquele momento que ele descobriu que poderiam ser amigos. Eu achei ela assustadora, se quer saber."

"Verdadeiramente amável" Nina sorriu sem conseguir parar de imaginar no rosto de Kaz ao ser ameaçado por uma garota que decidiu, sem segundos interesses, ajudar. Era um backstory digno de uma excelente amizade ou, como a garota gostava de pensar, de um excelente romance slow burn. 'Quem sabe um dia' ela pensou consigo mesma, terminando o chá quente em um único gole.