Capítulo 3

3 0 0
                                    

Lúcia agiu estranho o dia todo.
Antes era toda sorridente e falante, agora está quieta no seu canto, sem falar com ninguém, um olhar triste e zangado no rosto. Sinto que algo aconteceu e não aguento ver Lúcia desse jeito.

Os Pevencie decidiram sair pra jogar Golf, então aproveito esse momento pra falar com Lúcia. Me sento ao lado dela, apoiando as costas na árvore, a vendo ler um livro.

- Faz quanto tempo que você descobriu aquele lugar?- pergunto, a vendo virar a folha da página devagar.

- Que lugar?

- Que outro lugar nós achamos?- ela me olha e depois para seus irmãos jogando Golf.

- Foi um dia antes de você acordar. Nós estávamos brincando de esconde-esconde e eu fui me esconder no guarda-roupa. Eu passei horas lá, mas quando voltei Pedro ainda estava contando, como se o tempo estivesse parado.

- O tempo lá é diferente do daqui.- murmuro e ela me olha, tentando entender o que digo.- Lúcia, porque está tão cabisbaixa?

Ela volta seu olhar pro livro e escuto Pedro reclamar com Edmundo.

- Ontem a noite, quando eu fui contar pra Pedro e Susana sobre o guarda-roupa, eles não acreditaram. E, quando eu disse que Edmundo também foi.... ele... ele negou.

- O que? Porque?- ela funga olhando pra baixo e faço carinho em seu cabelo.

- Ele disse "Sabe como são essas crianças hoje em dia. Nunca sabem quando é hora de parar de fingir."

- Que filho da puta!- digo alto e os Pevencie que jogavam se viram pra nós.

- Diana! Olha a boca!- repreende Susana e murmuro um "desculpa".

- Não liga pra esse Edimundo idiota e fedorento! Ele não sabe o que fala! Garotos são babacas, não perca seu tempo com eles.- digo e vejo um sorriso pequeno se formar no canto de seu rosto.

- Está pronto?- Pedro diz e observamos quando o mesmo joga a bola e Edmundo rebate.

Só não esperávamos ver a bola indo direto pra janela da sala, atravessando a mesma e deixando um buraco no vidro. Lúcia observa a cena com um sorriso no rosto, a boca um pouco aberta e eu não estou diferente.

Corremos rápido pra dentro, indo direto pra sala e vendo uma armadura de cavaleiro esparramada no chão.

- Você tá ferrado.- digo e Edmundo me olha carrancudo, mas de repente ouvimos passos e nos olhamos desesperados.

- Srt. Maconagal!- diz Pedro e saímos correndo pelo corredor, tentando fugir dos passos.

Mas a cada lugar que íamos, os passos surgiam de outra direção, nos fazendo correr pro outro lado. Tem passagens secretas pela mansão e eu não tô sabendo?

No final, paramos na frente da porta do quarto do guarda-roupa. Lúcia entra e Edmundo corre pro guarda-roupa, abrindo a porta e nos olhando.

- Entrem!!- diz, apontando pra dentro do mesmo.

- Você só pode estar brincando.- diz Susana e os passos aumentam, nos fazendo correr pra dentro do guarda-roupa.

Desesperados, pisamos nos pés um dos outros e nos empurramos dentro do armário.

- Ai! Você pisou no meu pé!- Susana reclama.

- E você pisou no meu!- retruca Pedro.

- Parem de me empurrar!- reclama Lúcia e sinto algo puxar meu cabelo.

- Ai! Para de puxar meu cabelo!- reclamo na direção de onde senti a dor, encarando o escuro brava.

- Então para de me beliscar!- retruca Edmundo e fico ainda mais brava por ser ele.

As Crônicas de NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora