As Crônicas de Nárnia

Capítulo 11

Andamos até o corpo de Aslam, subindo degrau por degrau lentamente. Minhas mãos tremem um pouco, e minhas bochechas estão molhadas de minhas lágrimas.

Lúcia senta ao lado da cabeça de Aslam o observando por um momento e então ela pega um frasquinho que sempre carrega e começa abri-lo, mas logo para quando Susana fala.

- É tarde. Se foi.... ele sabia o que estava fazendo.

Subo na mesa de Pedra com Susana vindo logo atrás e nos sentamos perto de Aslam, o abraçando em seguida. Fecho meus olhos, querendo que tudo isso seja mentira, que seja um sonho ao qual eu devo acordar logo.

Mas quando abro os olhos não estou na minha barraca, muito menos no meu quarto na mansão de meu avô. Estou abraçando Aslam. O corpo de Aslam. O verdadeiro rei de Nárnia. Faço carinho na sua juba cortada como antes e começo a cantarolar uma música.

- Brilha linda flor....- minha voz sai falha, ainda soluçando um pouco.- Teu poder venceu....

Lúcia me observa cantando abraçada a Aslam, escutando atenta, sendo seguida por Susana.

- Traz de volta já... o que uma vez, foi meu.. Cura, o que se feriu.... salva, o que se perdeu.... traz de volta já... o que uma vez, foi meu.... uma vez foi... meu.

Olho para o rosto de Aslam, a mão acariciando seu rosto peludo e respiro fundo limpando meu rosto com a outra mão.

- Vai curar. Já vai curar.- sussurro e vejo algo se mover nas cordas que o prendem. Está escuro, mas percebo que são ratos.- Gente...

- Saiam daí! Saiam todos vocês!!- diz Susana, tentando afastá-los.

- Não... olha.- diz Lúcia e vemos os ratos cortarem a corda que prendia Aslam.

Susana começa a fazer o mesmo e logo nós estamos tirando as cordas que prendem Aslam. Lúcia tira a corda que amarraram na boca dele e passa a mão pelo seu focinho.

- Temos que contar aos outros.- diz Susana.

- Eles vão atacar ao amanhecer...- murmuro.

- Mas não podemos deixá-lo.- diz Lúcia.

- Eles precisam saber. Não há tempo.- Informa Susana.

Lúcia olha pro horizonte e nos encaramos. Sei que ela está pensando o mesmo que eu.

- As árvores.- sussurramos juntas nos olhando.

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Adormecemos ao lado de Aslam e quando acordamos, o céu já estava claro.

- Temos que ir.- avisa Susana.

- Está frio.- diz Lúcia e Susana a ajuda a descer.

Pulo da pedra ignorando os degraus e olho para Aslam que ainda tem seus olhos fechados, não mostrando sinal de vida.
Sigo as meninas que param apenas um instante para olharem Aslam, e logo voltam a andar.

Sentimos o chão tremer de repente e caímos. Vejo uma rachadura no meio de minha duas mãos na pedra do chão e olho para atrás de mim levantando como Susana e Lúcia.

Vejo então a mesa de pedra partida ao meio, e o corpo de Aslam subiu, restando apenas as cordas que o amarravam segundos atrás na pedra.

- Cadê Aslam?- questiona Lúcia.

- O que fizeram?- Susana pergunta enquanto nos aproximamos.

O sol que nos iluminava é tampado por algo e quando levanto o olhar, vejo uma sombra entre o arco de pedra.

- ASLAM!!!- dizemos juntas correndo para o leão que voltou a vida. O abraço com força, sentindo sua juba, como se nunca tivesse sido arrancada de seu corpo.