Capítulo 28 - Esperança vazia

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Estações

A dor é uma exímia companheira

Enquanto encaro o teto do meu quarto escuro.

Lá fora a madrugada dança, comemorando a despedida da lua e a chegada do sol.

Entretanto, aqui dentro de mim

Não existe nenhuma luz.

Tateio como um cego em busca da minha alegria,

Mas me perco entre a sensação vazia e o peso do mundo em meus ombros.

Não existe primavera aqui, ou até mesmo o calor energizante do verão.

Dentro do meu coração é sempre inverno, onde a chuva fria fez sua morada permanente.

Não existe um céu cheio de estrelas, ou um arco-íris para colorir o meu dia.

Tudo o que encontro é uma tempestade de lembranças

De como tudo deveria ter sido, de tudo o que deveria ter sido vivido.

O que me resta é este caminho tão longo e cheio de batalhas.

Onde deixo para trás minhas pegadas e todos os sonhos que um dia foram o meu mundo.

(Rosana Mandelli)

Braços fortes ao seu redor, foi isso que Anne registrou em sua mente antes de abrir os olhos. Era uma sensação tão boa acordar e saber que estava em seu porto seguro, onde encontrava sua paz e tranquilidade.

Era a terceira vez naquela semana que dormia na casa de Gilbert e isso estava se tornando um hábito bom demais para deixar de lado. Ela gostava de sentir que o rapaz estava por perto, sentir o aroma amadeirado da colônia diária que ele usava , a respiração cadenciada, tocando de leve seu pescoço e aquele rosto que era lindo demais para ser ignorado.

Olhando-o com atenção, Anne não podia deixar de sorrir, principalmente quando se lembrava que a casa de Gilbert era a sua casa dos sonhos. Amava cada cômodo ali, com todas as suas peculiaridades em sua decoração. Sem saber, ele realizara seu sonho de conhecer a casa por dentro, e todas as suas expectativas tinham sido superadas desde a primeira vez que entrara ali.

Ela nunca contara a Gilbert o quanto sonhara em viver naquele lugar. Todas as vezes em que espiara a casa do lado de fora, imaginava que um dia teria um lugar como aquele, cheio de amor e carinho, enquanto lia um livro embaixo do ipê roxo em flor.

- Bom dia. - A voz sonolenta de Gilbert chegou até ela como uma brisa fresca de sua estação favorita. Ela se esticou e deixou um beijo nos lábios dele, dizendo:

- Um excelente dia, Dr. Blythe.

- Não sei se será um dia tão bom assim. Dormir nesse sofá acabou com as minhas costas. - O rapaz respondeu, fazendo uma careta.

- Foi você quem quis dormir aqui. Eu disse para a gente ir para a cama. - Anne afirmou, olhando-o com certa pena.

Aquele sofá não era um dos meus confortáveis. Ainda assim, Gilbert decidiu dormir ali mesmo, embora Anne tivesse protestado, pois não entendera porque iriam dormir em um lugar tão estreito, se tinham uma cama imensa e confortável no quarto.

- Eu sei, mas me pareceu uma boa escolha ontem depois do jantar. Além do mais, eu adoro ter você tão perto de mim. Sentir seus cabelos macios espalhados pelo meu peito, enquanto seu coração bate de encontro ao meu. - Ele disse poeticamente, sorrindo ao olhar dentro dos olhos azuis de Anne.

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