Pedra do Dragão parecia a mesma, exceto que as paredes não estavam tão escuras e desgastadas, parecia também mais habitada. Mais viva. Pessoas se moviam pela praia, colinas e escadarias. Talvez ela não estivesse louca, talvez ela realmente estivesse a centenas de anos antes de seu tempo. Por mais ridícula que aquela ideia parece para si, seus olhos já tinham visto coisas demais para duvidar de algo a essa altura.
Ela sobrevoava o local, pensando o que faria. Talvez fosse aprisionada e morta se chegasse de maneira errada, se falasse algo errado. Estava presa em seus pensamentos, sobrevoando em Drogon acima das nuvens, quando um dragão menor passou rasgando o céu abaixo deles. Sua cor era verde, com o inferior das asas avermelhadas. O dragão tinha um montador, mas pela velocidade ela não conseguiu identificar.
A jovem tinha ficado um tanto quanto abismada, nunca havia visto outro dragão que não um de seus filhos. E agora ela presenciava em sua frente um deles sobrevoando pedra do dragão com naturalidade.
Ela seguiu o dragão e seu montador, ainda acima das nuvens, mantendo-se à espreita, tentando não ser vista. O grande dragão verde voou em direção a um monte isolado e desapareceu dentro dele. Daenerys franziu o cenho, surpresa. Durante todo o tempo que passara em Pedra do Dragão, jamais soubera da existência daquele lugar.O dragão pousou dentro da caverna, e logo saiu de sua vista. Da entrada, Daenerys não conseguia ver mais nada. Aquele lugar parecia ter sido mantido em segredo. Seria ali o refúgio dos dragões na era de Aegon, o Conquistador? Ou na época da Dança dos Dragões, quando havia tantos dragões sobrevoando os céus?
Ela pensava conhecer os segredos de sua casa, mas começava a perceber o quanto estava enganada.
Depois de muito pensar, decidiu arriscar e entrar dentro da montanha com Drogon. Ela havia pensado em todas as possibilidades possíveis. Havia pensado em deixá-lo mais afastado e se locomover sozinha até a entrada, mas se de fato estivessem vivendo na era do dragões, ela seria barrada, estava vestida porcamente, iria ser vista como uma bastarda querendo saber da rainha, no máximo os guardas iriam rir de sua cara e talvez se aproveitarem dela. Porém, se chegasse com um dragão, teria local de fala, as chances de ser ouvida seriam maiores. E ela precisava ser ouvida. Então, engoliu em seco o medo que se formava como um nó em sua garganta, respirou fundo e adentrou na abertura da montanha. Drogon odiava lugares fechados, mas obedeceu a mãe mesmo assim.
Lá dentro havia uma grande escadaria talhada na pedra, a jovem assumiu que era ali onde deveria pousar, as escadas provavelmente eram usadas para os montadores descerem de seus dragões.
Alguns homens se aproximaram, com longas estacas de madeira, não pareciam ter tanto medo de Drogon, mas tão pouco pareciam deslumbrados. Eles têm o costume de ver dragões. Pensou consigo.
Quando eles se aproximaram ainda mais, seus rostos ficaram curiosos, e até amedrontados. Eles não a reconheceram. A jovem pode ver uma movimentação exacerbada, alguns saíram correndo. Havia ido buscar reforços, ela tinha certeza.
— Me chamo Daenerys Targaryen, e estou aqui para falar com a rainha — ela disse ainda montada em Drogon, que parecia ainda mais desconfortável que a mãe — vim em paz, não pretendo arranjar conflitos.
— Então por que não desce do dragão? — Um homem de cabelos prateados como os dela e de olhar ácido disse parado a alguns metros de distância com a mão apoiada no pomo da espada, que ainda estava embainhada.
— Irei descer assim que ter certeza que não vão me matar assim que eu o fizer — Daenerys disse e Drogon rosnou — assim que me garantirem que terei um encontro com a rainha, viva é claro, não quero que apenas minha cabeça seja apresentada a ela.
O homem riu, e deu dois passos à frente, Drogon rugiu, fazendo-o recuar um passo.
— De onde é esta fera? — o homem acompanhava com o olhar toda a extensão de Drogon — não me recordo de ter nenhum dragão selvagem com essas características, muito menos em posse da casa Targaryen.
— responderei essas perguntas apenas à rainha.
— pois você está na presença do rei — foi o que ele respondeu com firmeza.
Daenerys o olhou de cima abaixo, vestido em vermelho e preto, a espada em sua bainha, ela tinha quase certeza ser irmã negra. Aquele deveria ser Daemon Targaryen, tio e esposo de Rhaenyra Targaryen, irmão de Viserys Primeiro.
— consorte — Daenerys rebateu — rei consorte.
Daemon trincou o maxilar e um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios finos.
— talvez eu devesse apenas acertar uma flecha em sua cabeça e achar alguém melhor para reivindicar seu dragão, aposto que a outros mil bastardos como você estão a procura da honra de ser um montador.
Drogon rugiu ainda mais alto, seus dentes negros quase do tamanho de espadas surgiram, ele se chacoalhou irritado, e enfurecido soltou uma forte labareda de fogo para o alto, batendo no topo das rochas do interior da montanha. Os homens com suas estacas recuaram, Daemon não se moveu um centímetro, mas Daenerys pode ver o brilho em seus olhos, ela não sabia decifrar se era medo, raiva, ódio, admiração ou até mesmo esperança.
— você pode tentar — ela acariciou Drogon ainda com os olhos fixos nos de Daemon — mas duvido que mesmo que me mate ele vá aceitar de bom grado.
O homem sorriu para ela e para o dragão.
— Muito bem, você tem minha atenção.
Daenerys sorriu, e desceu de Drogon, ela sabia que era arriscado demais, que Daemon não tinha exatamente a fama de confiável pelos livros que ela leu. Porém, ela não tinha mais o que fazer, ela precisava jogar para algum lado. Ela tinha que se arriscar ou então teria voltado apenas para ver sua casa ruir diante dela outra vez.
Drogon rugiu para os homens que tentavam o acorrentar.
— ele não irá aceitar correntes, tente o prender e estarão assinando suas sentenças de morte — ela olhou para os homens e então para seu filho.
— fique bem e tranquilo, voltarei logo, eu prometo — Daemon a encarava enquanto ela dirigia as palavras em alto valiriano para o dragão.
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Chamas do Passado | Herdeiras do fogo
FanficDaenerys Targaryen se vê presa ao passado de sua casa, durante a mais sangrenta e mortal guerra de todos os tempos, a dança dos dragões. Ela não sabe como foi parar ali, a última coisa que se lembra é da adaga que perfurou seu coração. Mas de uma c...